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Rei Charles 3º não pode usar caneta Bic; entenda por quê

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O rei Charles 3º mal assumiu a posição e já tem dado o que falar em seu reinado. Durante os últimos dias, o rei viralizou e foi criticado por um motivo peculiar: sua briga com as canetas.

Apesar de singelas, elas já têm dado dor de cabeça ao monarca. Primeiro, ele apareceu pedindo para um funcionário limpar sua mesa e tirar do caminho um porta-canetas. Depois, ele se irritou com o tinteiro estourado durante uma cerimônia de assinatura na Irlanda do Norte.

A cena gerou memes com a situação, e, no Twitter, muitos sugeriram o que parecia ser uma solução simples: usar uma caneta Bic.
“Tenho certeza de que uma caneta Bic resolveria o problema do rei Charles”, comentou uma.

“Alguém dá uma caneta Bic para o rei Charles”, disse outra.

“Que rei ranzinza! Se reclama de uma caneta imagina como deve ser chato”, ressaltou uma internauta.

“Deve ser tenso esperar 73 anos para ter toda essa responsabilidade de assinar um livro de presença”, tentou ponderar outra pessoa.

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MAS NÃO É TÃO SIMPLES ASSIM

A origem francesa da caneta Bic pode ser um fator importante para o seu não uso pelo monarca.

A marca começou em 1944, quando Marcel Bich, ex-gerente de produção de uma fábrica de tintas, decidiu comprar uma pequena fábrica na cidade de Clichy, ao norte de Paris.

 

Ao lado do sócio, Edouard Bouffard, eles iniciaram a produção de peças para canetas-tinteiro e lapiseiras -que viriam a se tornar a popular Bic.

Como ingleses e franceses tiveram ao longo da história alguns momentos de rivalidade, evitar usar um objeto francês publicamente pode ser parte do rígido protocolo britânico.

Desde o século 20, franceses e ingleses tornaram-se aliados em momentos históricos cruciais -em ambas as guerras mundiais foram aliados, o que aproximou essas potências.

Mas no período medieval, houve a Guerra dos Cem anos (1337-1422), em que ambas as monarquias se constituíam e buscavam sua consolidação no poder.

 

Também houve um novo período de rivalidade durante o governo de Napoleão Bonaparte (1799-1814) em que impôs um bloqueio comercial aos ingleses com intuito de fragilizar a economia inglesa.

Ainda no século 19, ingleses e franceses rivalizaram-se pelo controle do canal de Suez.

Mas a questão da caneta não termina aí.

A caneta, historicamente e culturalmente, tem uma relevância muito grande. “Ela se torna um objeto histórico, como vemos no [documentário] História das Coisas, de um momento histórico. Ao que se percebe no vídeo, é uma caneta mais representativa para este momento, não é momento para populismos. É um momento de usar uma caneta que a tinta vai se eternizar”, aponta a historiadora Jaqueline Rodrigues Antônio, especialista educação pela Unicamp (Universidade de Campinas).

De fato, o momento de sucessão é um acontecimento histórico, considerando a longevidade da rainha Elizabeth 2ª, e é compreensível o nervosismo do novo rei, diz o historiador Marcelo Bonfim, professor no IFSP (Instituto Federal de São Paulo) Campinas.

“Pelo momento delicado, compreende que seja estressante, que alguma coisa que dê errado seja motivo de mais exaltação. Um sucessor de uma pessoa tão popular, como foi a rainha Elizabeth 2ª, fica mais com a pecha de impopular, longe das pessoas, por qualquer impulso” ressalta.

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