Em entrevista na tarde desta segunda-feira (12) à imprensa, o candidato ao Senado Neri Geller (PP) disse que assim como já obteve duas vitórias na Justiça espera reverter no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a decisão que cassou seu mandato por abuso de poder econômico nas eleições de 2018. Ele afirmou que espera reverter a cassação e concluir o mandato de deputado federal até o fim da atual legislatura e também confia que será eleito para o Senado no dia 2 de outubro.
“Como eu falei aqui categoricamente eu estou cem por cento certo. Já saiu uma decisão ontem [TSE liberou utilização do fundo eleitoral]. Fui cassado lá em cima [no TSE] porque sou agricultor, sou produtor. Houve um equívoco e os ministros foram induzidos ao erro. Não tenha dúvida porque vamos reverter com toda a certeza, por isso que quero a transparência total”, disse Neri Geller.
Na manhã desta segunda-feira, o pleno do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT) deferiu por 4 votos a 3 o registro da candidatura de Neri Geller ao Senado. Ontem, o TSE derrubou a determinação do TRE-MT que impedia que Neri tivesse acesso ao fundo eleitoral e partidário para a disputa eleitoral deste ano. Conforme o ministro Raul Araújo, o TRE usurpou sua competência ao impedir que Neri Geller utilizasse os recursos do fundo eleitoral para a campanha.
Assim como já tinha reiterado após a decisão do TSE em cassar seu mandato, Neri tornou a insistir que foi penalizado unicamente por ser produtor rural. Segundo o TSE, ocorreu uma triangulação financeira entre Neri, empresas e seu filho. Isso porque Neri recebia recursos oriundos de pessoas jurídicas em sua conta, repassava os valores para a conta bancária do filho, que por sua vez devolvia para Neri.
“Em reforço a ocorrência de triangulação financeira, juntou-se o contrato cujo valor é de R$ 1.050.000,00. Todavia, as notas fiscais juntadas pelos investigados apresentam uma série de inconsistências, a saber: elas totalizam mais de R$ 2.600.000,00, a maior parte das notas fiscais foram emitidas ulteriormente ao termo final do contrato e incongruência cronológica com relação a análise dos documentos de série de cada nota fiscal, considerando que não foi apresentado termo aditivo, justificativa, com informação sobre eventual prorrogação contratual”, diz trecho do voto do ministro relator Mauro Campbel Marques, na decisão do dia 23 de agosto que cassou o mandato de Neri.
De acordo com Neri Geller, tais valores eram referentes a venda de milho e soja e a movimentação com seu filho é porque ele é seu sócio.
“Quero só uma coisa: olhem para o meu processo. O que delegou a esse imbróglio é porque sou agricultor e exerço a atividade agrícola. Está na minha declaração de renda, está onde cita que eu teria feito triangulação, está na minha declaração de renda que meu filho é meu sócio, nós produzimos juntos. Então, da mesma forma que saiu o registro [da candidatura], nós vamos reverter lá em cima, para continuar exercendo meu mandato até terminar esta legislatura e iniciar o próximo como senador da República e ajudar o Estado de Mato Grosso”, afirmou o candidato.
De acordo com Neri, o problema ocorreu em decorrência de um depósito que ele recebeu da Bunge Alimentos e Ceará Alimentos. Toda a movimentação financeira, segundo ele, foi declarada em seu imposto de renda.
“Todas as notas fiscais estão lá. Os juízes aqui de de Mato Grosso já me inocentaram no passado, esse processo de cassação foi rejeitado de 5 a 2. Os juízes do Tribunal conhecem o processo e graças a Deus hoje fizeram justiça”, ressaltou, ao comentar a decisão que confirmou seu registro de candidatura.