O Kremlin minimizou nesta sexta-feira, 28, rumores sobre testes de armas nucleares pela Rússia ao dizer que o país cumpre acordos estabelecidos. O comunicado foi feito após a embaixadora dos Estados Unidos em Moscou, Lynne Tracy, alegar ao jornal russo Kommersant que líderes do governo estariam discutindo a retomada de ensaios com esse tipo de equipamento militar.
Ao ser questionado sobre a fala da embaixadora, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, desprezou as acusações e reforçou estar respeitando a moratória e afirmou que “não há mais nada a dizer” sobre esse assunto.
Não é a primeira vez que Peskov critica a postura dos americanos sobre questões bélicas. No início do mês, ele chamou de “histérica” a reação dos Estados Unidos e de seus aliados sobre construção de silos para armas nucleares táticas em Belarus, no que indicou ser uma reação contra ações da Organização do Tratado do Atlântico Norte, principal aliança militar ocidental e liderada pelos EUA, na fronteira russa.
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Em fevereiro deste ano, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, suspendeu a participação do país no tratado Novo START, uma versão atualizada do Tratado de Redução de Armas Estratégicas que foi anteriormente assinado pela União Soviética. O acordo com os Estados Unidos era o último remanescente voltado para a crescente diminuição de ogivas estratégicas por ambos os Estados.
O tratado, vigente desde 2010 e previsto até 2026, indicava que tanto a Rússia quantos os Estados Unidos, que juntos têm 90% do arsenal nuclear do mundo, impusessem um teto de 1.550 ogivas estratégicas implantadas, referindo-se àquelas ogivas montadas em terra ou mísseis lançados no mar.
O líder russo relatou, ainda, que os Estados Unidos consideravam quebrar o acordo, apesar de não apresentar evidências, e destacou que seu país estaria preparado para reagir à altura caso necessário.
“Se os Estados Unidos realizarem testes, nós o faremos. Ninguém deve ter ilusões perigosas de que a paridade estratégica global pode ser destruída”, disse Putin.
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A invasão à Ucrânia, em fevereiro do ano passado, escalou os embates entre autoridades russas e americanas. A consequente entrada da Finlândia, que divide uma larga fronteira com a Rússia, na Otan também aumentou as ameaças da administração de Putin sobre a necessidade de proteger a sua “integridade territorial” da maneira que fosse preciso e acendeu alertas da comunidade internacional sobre um possível uso de armas nucleares.
Apesar das falas contundentes do Kremlin, o chefe de não proliferação nuclear do Ministério das Relações Exteriores, Vladimir Yermakov, disse, no início do mês, que os russos podem abandonar o Tratado de Forças Nucleares Intermediárias, assinado pelos EUA e a União Soviética em 1987, por causa da atuação de Washington na Ucrânia.
Fonte: Veja