Sophia @princesinhamt
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Harry complica reconciliação ao criar novos conflitos: jogando areia no ventilador

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“Eu gostaria que o chão se abrisse agora e levasse este monstro para o mais profundo do inferno”.

Foram estas as palavras que a rainha Caroline disse sobre seu próprio filho, Frederick, que era herdeiro do trono e, como tal, príncipe de Gales, ao avistá-lo numa rua de Londres. Mostram como as relações internas da família real eram, digamos, complicadas. 

A rainha Caroline e o marido, George II, abominavam Frederick por se opor a absolutamente tudo o que os pais, da dinastia alemã Hanover, transplantada para a Inglaterra, faziam (ele morreu antes do pai, em 1751, aos 44 anos, e nunca chegou a ser rei).

No caso das famílias reais, elas são infelizes de maneiras parecidas. Faltando menos de duas semanas para a coroação de Charles III, o príncipe Harry implodiu vez as expectativas de que poderia se reaproximar do pai.

Com o irmão, William, as relações estão cortadas desde que Harry escreveu na autobiografia que foi fisicamente agredido por ele. 

Agora, para piorar, Harry jogou outra bomba: a estrutura comandando pelo pai, ainda como príncipe de Gales, fez um “acordo secreto” com a liderança da holding de mídia de Rupert Murdoch, o News Group Newspaper, que incluiu o de uma grande soma de dinheiro para William encerrar um processo contra a organização.

Depois disso, circulou a informação que o pagamento aconteceu realmente, em 2020, e foi na casa de um milhão de libras — seis vezes mais em reais.

Mais do que arrastar o irmão em outra revelação privada, Harry disse que o objetivo do pai era trocar os processos contra o grupo Murdoch pelo apoio a Camilla como rainha, uma causa à qual Charles continua se dedicando com todos os recursos.

Com as revelações, Harry detonou simultaneamente o pai, a madrasta e o irmão. Isso depois de informações cuidadosamente plantadas de que ele o Charles haviam conversado por telefone de forma civilizada, abrindo caminho para que o príncipe rebelde compareça à cerimônia de coroação, sem Meghan e num lugar de menos destaque do que ocuparia se não tivesse largado tudo e ido morar nos Estados Unidos.

Na autobiografia, Harry já havia dito que a assessoria de imprensa de Camilla trocava informações sobre ele e Meghan para obter uma cobertura favorável à mulher com imagem de vilã, madrasta má e perigosa, nas palavras dele.

A favor do príncipe, registre-se que a cobertura da imprensa britânica tem sido amplamente simpática a Camilla.

As novas revelações constam de um apresentado em juízo e escrito na primeira pessoa. Com outras celebridades, incluindo o ator e a atriz Sienna Miller, Harry está processando o News Group por comportamentos abomináveis e antijornalísticos, incluindo a colocação de grampos em telefones de famosos, entre os quais os dois príncipes.

A prática, criminosa por qualquer ponto de vista, levou ao fechamento de um dos principais tabloides, o News of the World, em 2011. Murdoch continua a ter o outro grande tabloide, britânico o The Sun, além do Times de Londres, apenas uma parte de seu império global.  

Harry diz que, por ocasião dos preparativos para seu , ficou revoltado com a proposta de lugares reservados para a imprensa. Sugeriu ao irmão que usassem o interesse, obviamente enorme, dos tabloides para exigir que o grupo Murdoch pedisse desculpas. William concordou e aconselhou Harry a liberar o plano com a avó. 

A rainha Elizabeth, diz ele, aceitou a proposta. Mas Charles e os dois principais chefes de gabinete da família real, dele e da rainha, vetaram o plano. A proibição, segundo Harry, “fazia parte de uma estratégia de longo prazo para manter a mídia do lado deles, facilitando a aceitação, pela opinião pública, da minha madrasta como rainha consorte (e do rei) quando chegasse a hora”.

A hora chegou e coincidiu com uma fase do processo em que os advogados de Harry tentam provar que há motivos para manter o caso em andamento, sem considerá-lo prescrito, como alega a defesa. Eles também procuram pintar o príncipe como um abnegado defensor do verdadeiro jornalismo, ao expor os que “surrupiaram os privilégios e o poder da imprensa”.

Ironicamente, Harry e Meghan usam exatamente sua posição num lugar muito perto do topo social máximo para obter cobertura favorável, escolhendo amigos a quem passam informações privilegiadas para divulgação — imaginem só — na imprensa.

Um pequeno sinal de que Harry não tem noção de como desfruta de privilégios decorrentes apenas de ter nascido na família onde nasceu: quando apareceu, de surpresa, para prestar depoimento no processo, em março, usou uma camisa com grife Dior de 800 libras — quase cinco mil reais —, identificada pela pequena abelha bordada em dourado na altura da costela.

A sede de vingança dele é de longa data e tem bons motivos, embora alguns pareçam ter nascido de sua imaginação: diz que a mãe, Diana, achava estar sendo espionada por membros da sua segurança e, por isso, dispensou os guarda-costas depois do divórcio com Charles. Na verdade, acredita Harry, eram tabloides que faziam revelações íntimas.  Se a princesa não tivesse ficado desprovida de profissional, não teria morrido no acidente em Paris, cercada por paparazzi, acredita o filho.

Tragicamente, quem armou o trajeto de carro sem nenhum planejamento, com um motorista que havia bebido muito, foi o próprio namorado de Diana, morto com ela no acidente, Dodi Fayed.

Flash back rápido: Frederick, o príncipe citado no começo, quase se casou com uma certa lady Diana Spencer, mas não deu certo — seu pai vetou a união. Mais um motivo para azedar uma das piores relações da história das famílias reais. Com exceção, claro, da loucura recorrente da Rússia, onde Ivã, o Terrível, matou o filho com um golpe na cabeça, num ataque de raiva, depois de espancar a nora. E Pedro, o Grande, mandou executar o herdeiro, Alexei.

De modo geral, a aristocracia russa não conta, por ter seus próprios e insuperáveis padrões de violência. 

Harry pode no máximo ter uma recepção gélida na abadia de Westminster, onde o pai será coroado no próximo dia 6. Já dá para sentir as camadas de gelo se formando.

E não é só nos ambientes da família real. Amado pelo público como o caçula que perdeu a mãe aos doze anos e depois o jovem que enchia a cara e fazia besteira — um tipo com que muitos britânicos se identificam —, Harry caiu catastroficamente na estima popular. Depois do lançamento da autobiografia na qual chega a ridicularizar o pai pelos carinhos um pouco sem jeito que às vezes fazia em seu rosto na hora de dormir, apenas 29% dos britânicos ainda tinham uma imagem positiva dele e 51% o rejeitavam. 

Para quem vive da imagem, este é o mais profundo círculo do inferno.

Fonte: Veja

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