Cacique Raoni chegou na manhã desta quinta-feira (13) ao acampamento, que está montado no canteiro central da Avenida do CPA desde o início da semana para chamar atenção às pautas dos povos originários, em alusão ao mês de abril, quando se comemora o Dia dos Indígenas. Ele falou rapidamente à imprensa, mas ainda deve fazer um pronunciamento e à tarde eles devem marchar para o Palácio Paiaguás.
A diretora do Instituto Yukamaniru de Apoio às Mulheres Indígenas Bakairi, Darlene Yaminalo Taukane, informou que a nova gestão, empossada este ano, da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt) enviou uma carta ao governador, porém, até o momento não houve um retorno por parte do Estado. Nem mesmo para uma agenda ou de retorno sobre as demandas.
“Enviamos uma carta e pedimos uma audiência porque a federação representa 42 povos indígenas de Mato Grosso, mas até agora nada”, comentou a líder que participa do acampamento, que reúne cerca de 200 pessoas, que deverão migrar na próxima semana para Brasília, onde vão se juntar com o acampamento nacional que já acontece anualmente. Em Mato Grosso, é a primeira vez que este movimento é realizado.
Dentre as reivindicações que os povos indígenas de Mato Grosso estão a realização de consultas prévias e o impacto de empreendimentos e hidrelétricos sobre os povos indígenas e a biodiversidade.
De acordo com dados repassados pelas entidades indígenas, somente na bacia do rio Juruena, pelo menos 36 dos empreendimentos planejados são de alto risco, sendo 27 de altíssimo risco, uma vez que estão localizados a menos de cinco quilômetro de terras indígenas ou comunidades tradicionais.
“Ao todo, são pelo menos 167 projetos de empreendimentos hidrelétricos na bacia do Juruena, entre iniciativas na fase de planejamento ou preparação (115) ou em operação ou construção (52) Os dados foram revelados por um estudo encomendado pela Operação Amazônia Nativa (OPAN)”, diz trecho de documento enviado pelos povos originários.
As autorizações de pesquisa minerária em áreas sobrepostas a terras indígenas, a flexibilização o barramento e a vazão de rios para construção de hidrelétricas e irrigação, a demarcação de TIs e o Projeto de Lei Complementar 17/2023, que tramita no parlamento mato-grossense, e que reduz a participação popular – e do movimento indígena – no Conselho Estadual de Educação são outros temas que devem ser abordados.
Sobre a questão da educação indígena, inclusive, muitos participaram de uma audiência que foi realizada na segunda-feira (13).
Fonte: leiagora