A National Public Radio (NPR), uma rede de rádio pública dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira, 12, que não vai mais utilizar as suas 52 contas oficiais do Twitter, tornando-se a primeira grande organização de notícias a deixar a plataforma digital.
Segundo a NPR, a decisão foi tomada depois que o Twitter rotulou sua conta de “mídia afiliada ao estado”, o mesmo termo que usa para meios de propaganda na Rússia, China e outros países autocráticos. A rádio americana acusou a plataforma, de propriedade do bilionário Elon Musk, de minar sua credibilidade e semear dúvidas sobre sua independência editorial.
O CEO da NPR, John Lansing, argumentou que o motim ampliaria sua capacidade de produzir jornalismo sem interferência.
“O lado negativo, seja qual for, não muda esse fato”, disse Lansing. “Eu nunca permitiria que nosso conteúdo fosse a qualquer lugar que colocasse em risco nossa credibilidade.”
De acordo com a organização de notícias, o rótulo é impreciso, já que a NPR é uma empresa privada sem fins lucrativos e com independência editorial. Atualmente, menos de 1% de seu orçamento anual, de US$ 300 milhões, vem da Corporação de Radiodifusão Pública, uma agência financiada pelo governo federal. A maior parte do financiamento da NPR vem de patrocinadores e doações corporativas e individuais.
“Mesmo se fôssemos financiados pelo governo, o que não somos, o ponto é a independência, porque todo jornalismo tem algum tipo de receita”, argumentou Lansing. O conselho da NPR também não tem influência do governo.
Ainda não está claro se a saída do Twitter afetará o alcance de público da NPR. Sua conta principal no Twitter tinha 8,8 milhões de seguidores – mais de um milhão a mais do que os seguidores da emissora de rádio no Facebook, apesar de ter mais engajamento na plataforma da Meta.
Em uma entrevista à emissora britânica BBC nesta quarta-feira, Musk afirmou que poderia mudar o rótulo da conta da NPR para “financiado publicamente”. A alternativa, no entanto, não teve efeito sobre a decisão da rede de rádio. Lansing afirmou que, mesmo que o Twitter abandone totalmente a designação, a NPR não vai retornar imediatamente à plataforma.
Durante anos, os jornalistas consideraram o Twitter como uma peça fundamental para monitorar o desenvolvimento das notícias, conectar-se com pessoas e leitores, encontrar fontes confiáveis e compartilhar sua cobertura. As mudanças políticas sob a gestão de Musk mudaram o cenário, e Lansing afirmou que a degradação na cultura empresarial da plataforma, já inundada por conteúdo abrasivo, contribuiu para a decisão da NPR.
Outros veículos de notícias também receberam o mesmo rótulo no Twitter, como a emissora americana PBS, que também recebe dinheiro do governo, e a BBC, que é financiada por um imposto de licença uniforme no Reino Unido.
Na entrevista à BBC, Musk afirmou que também ajustaria os rótulos da emissora britânica para “financiado publicamente”. O status da BBC já foi alterado, em espécie de reconciliação, diferentemente do rótulo da NPR, que continua o mesmo.
No início do mês, Musk também criticou o jornal americano The New York Times, chamando suas reportagens de “propaganda”. Agora, a comunicação do Twitter responde aos e-mails dos repórteres do Times com emojis de fezes.
Essa é uma matéria fechada para assinantes. Se você já é assinante faça seu login no site para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.
Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.
O Brasil está mudando. O tempo todo.
Acompanhe por VEJA e também tenha acesso aos conteúdos digitais de todos os outros títulos Abril*
Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.
Impressa + Digital
Plano completo de VEJA. Acesso ilimitado aos conteúdos exclusivos em todos formatos: revista impressa, site com notícias 24h e revista digital no app (celular/tablet).
Colunistas que refletem o jornalismo sério e de qualidade do time VEJA.
Receba semanalmente VEJA impressa mais Acesso imediato às edições digitais no App.
*Acesso digital ilimitado aos sites e às edições das revistas digitais nos apps: Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH. * Pagamento anual de R$ 96, equivalente a R$ 2 por semana.
Fonte: Veja