O Rio Grande do Sul avança na colheita da nova safra de soja. Até o momento, cerca de 20% da área dedicada ao grão já foi retirada do solo, segundo a Emater.
Os produtores apostam, cada vez mais, em novas variedades que surgem no mercado, com foco em driblar pragas, doenças, clima e ter mais produtividade.
Na família do agricultor Fábio Eckert, por exemplo, a soja está presente há 40 anos. Nesta safra, são três mil hectares no município gaúcho de Tapes, centro sul do estado.
Em sua propriedade, o trabalho de colheita segue por pelo menos 12 horas por dia. Mesmo em área de várzea, a seca prejudicou a lavoura. No meio da oleaginosa em boa qualidade são encontradas manchas dentro das vagens, o que resulta na ausência de grãos.
“Vamos ter uma perda natural que já era esperada, de 10% mais ou menos, mas os resultados [positivos] estão até ficando um pouco acima do esperado. Quem olhava para as áreas, achava que a perda seria maior. Aqui em nossa região, pegamos umas ‘chuvinhas’ a mais do que no resto do estado, então [a perda] não vai ser tão grande como a gente esperava”, conta.
Mesclando cultivares
Na propriedade de Eckert, existe área com uma cultivar de plataforma tecnológica lançada em 2019 e que é mais resistente a lagartas e herbicidas. A estratégia dele é mesclar com outras variedades.
“Tenho um campo experimental em duas áreas diferentes, com cerca de 30 a 40 materiais diferentes, praticamente todos lançamentos. Desse campo experimental a gente tira sempre quatro ou cinco materiais para plantar um pouco mais. Testamos no segundo ano uma área comercial e, se vem bem, depois a gente vem com uma escala grande dela”, detalha.
Novas cultivares que chegam ao mercado todos os anos podem ajudar o produtor a enfrentar situações adversas, como a estiagem, além de combater pragas e doenças. No entanto, a recomendação é que se teste antes para saber qual melhor se adequa a cada realidade.
Escolha da melhor variedade de soja
Existem, atualmente, mais de duas mil cultivares de soja registradas no Ministério da Agricultura. Para fazer a escolha, indica-se pensar no solo, clima, ciclo e latitude. Isso porque o posicionamento errado da cultivar de soja pode levar ao florescimento precoce ou aumentar o estágio vegetativo e, consequentemente, reduzir a produção.
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O pesquisador da Embrapa Soja, José Ubirajara Moreira, instrui: “Plante uma área pequena, veja como é o comportamento naquele microambiente para ver se vai fornecer uma produção ou um comportamento adequado para o ambiente. Por exemplo: essas plataformas novas, se o produtor não está utilizando, utilize, experimente, avalie a parte do custo de produção também porque isso é importante”.
Quebra de safra no Rio Grande do Sul
Na safra 2022/23, a produção do Rio Grande do Sul caiu novamente. Desta vez, a quebra estimada é de 31%, saindo da projeção inicial de 20 milhões de toneladas para pouco mais de 14 milhões, conforme dados da Emater.
Assim, as primeiras áreas colhidas mostram produtividade desigual entre as regiões, seguindo a distribuição das chuvas, que também foi desproporcional.
O presidente da Aprosoja-RS, Carlos Alberto Fauth, lembra que a desigualdade de rendimento médio de sacas de soja não é apenas a nível estadual, mas também municipal.
“A gente sabe que no estado tem produtor colhendo de cinco a dez sacas e tem outros colhendo cerca de 40, 50, até próximo de 60. Depende se pegou [na lavoura] uma chuva ou duas a mais no período crítico, que já dá essa diferença”.
Mesmo com a estiagem, o produtor Fábio Eckert deve colher uma média de 60 sacas por hectare. Ele mantém uma área onde testa as melhores cultivares para a sua realidade.
“Há cerca de dez anos a gente tinha um ou dois materiais. Hoje, só na minha área, planto mais de 15 materiais diferentes […]. Temos uma gama muito grande para escolher no mercado. O produtor tem que testar em sua área; o que às vezes deu certo lá no meu vizinho, na minha área só troca condição de solo, já muda totalmente”.
Fonte: canalrural