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Novo Templo dos Faraós: Uma Visão Única e Relevante da Antiga Civilização Egípcia

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Nos últimos três milênios, os restos mortais do faraó Tutancâmon repousaram placidamente em uma câmara subterrânea no Vale dos Reis, no Egito. Desde então, o sarcófago de ouro do Rei Tut, como a história o consagrou, foi incomodado apenas duas vezes. A primeira delas em 1922, quando o egiptólogo britânico Howard Carter descobriu a tumba praticamente intacta. A segunda se deu um século depois. A partir de 2021, uma complexa operação realizada por arqueólogos, engenheiros e restauradores transferiu Tutancâmon e outros 5 000 artefatos guardados em seu túmulo para uma nova morada: o Grande Egípcio, um projeto literalmente faraônico que nasceu com a ambição de ser o maior local de exibições do mundo. Depois de superar um levante popular, uma pandemia e a pressão de cientistas de diferentes países, o novo museu começa, enfim, a revelar seus segredos para o .

Conhecido como GEM (Grand Egyp­tian Museum), o museu levou dez anos para ser construído e consumiu 1 bilhão de dólares em investimentos do governo japonês, o principal investidor e entusiasta do projeto. O templo fica nas vizinhanças das pirâmides de Gizé, que podem ser avistadas a partir de seu hall de entrada, e abriga 100 000 artefatos arqueológicos — metade deles para exposição — que contam a história de cinco milênios da civilização egípcia. Em área disponível, trata-se do maior museu do mundo, sendo superado apenas pelo British Museum e pelo Louvre em número de itens expostos. Tudo por lá é grandioso, a começar pela estátua de 14 metros de altura do faraó Ramsés II instalada no átrio central. Embora não tenha sido aberto oficialmente, algumas áreas de exposição já podem ser visitadas, mas apenas por grupos previamente selecionados. A inauguração final, diz o governo, está muita próxima.

RESTAURAÇÃO - Sarcófago de ouro de Tutancâmon: a principal atração do lugar
RESTAURAÇÃO – Sarcófago de ouro de Tutancâmon: a principal atração do (Khaled Elfiqi/EFE)

Projetos ambiciosos desse tipo costumam ter execução complexa, mas é preciso reconhecer que o Grande Museu Egípcio enfrentou problemas inesperados. A bem-vinda Primavera Árabe, como ficou conhecida a popular contra regimes autoritários da região, levou à queda do então presidente Hosni Mubarak e, por consequência, à interrupção de diversos programas governamentais. Um deles era a construção do GEM, que acabou paralisada por três anos. Como se não bastasse, a pandemia de Covid-19 impediu que operários e engenheiros trabalhassem na construção, e outra vez o museu enfrentou a interrupção forçada das obras. Superadas essas etapas, o projeto finalmente andou a todo vapor e agora está pronto para se tornar uma das principais atrações turísticas do planeta.

arte Museus

Além de traduzir a paixão da humanidade pela civilização egípcia, o museu simboliza o esforço dos arqueólogos locais para trazer de volta preciosidades que pertencem ao seu país, mas compradas ou surrupiadas por outras nações ao longo dos tempos. Principalmente durante os anos de colonialismo, peças históricas foram levadas por comerciantes do Ocidente e vendidas para museus nas capitais europeias. No século XXI, um movimento global estimulou a devolução dos itens, e o que se vê agora é um processo de repatriação sem precedentes.

Estima-se que, desde 2014, 27 000 artefatos foram recuperados pelos egípcios. Alguns objetos de inestimável valor, contudo, permanecem em posse dos europeus. O busto de Nefertiti, um dos mais famosos do mundo, está no Neues Museum, em Berlim. A Pedra de Roseta, relíquia que fundou a egiptologia, repousa no British Museum, em Londres. Nesse contexto, Tutancâmon é também um caso único. “Sua tumba real não foi saqueada”, diz Pedro Luiz Von Seehausen, arqueólogo e egiptólogo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. “Por isso, a quantidade de itens encontrados foi absurda.” Muito em breve, os tesouros do “Rei Menino” estarão ao alcance dos olhos de qualquer um.

Publicado em VEJA de 12 de abril de 2023, edição nº 2836

Fonte: Veja

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