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Explorando os resultados das negociações entre Xi e Putin

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A pomposa visita de Estado do presidente chinês, Xi Jinping, a Moscou, que terminou nesta quarta-feira, 22, foi vitrine de luxo do relacionamento próximo entre a China e a Rússia de Vladimir Putin. A declaração central dos líderes, ignorando em grande parte a guerra na Ucrânia, se concentrou em explicar como os dois países “aprofundariam” seus laços.

De acordo com o Kremlin, a reunião culminou em mais de uma dúzia de acordos que reforçam a cooperação em áreas desde comércio e tecnologia até propaganda estatal.

O encontro entre Xi e Putin ocorreu durante o segundo ano da invasão russa à Ucrânia, que isola o presidente russo cada vez mais no cenário global, mas não produziu nenhum avanço nessa área. Segundo um comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da China, ambos os líderes pediram o fim de atos que “aumentam as tensões” e “prolongam” a guerra. Ambos replicam a narrativa de que o conflito foi provocado pela aliança militar ocidental Otan.

A China chegou a divulgar seu plano para uma “solução política” para o conflito, pedindo um cessar-fogo e negociações de paz. Putin disse aprovar a posição é afirmou que a proposta poderia ser colocada em prática “quando o Ocidente e estiverem prontos para isso”.

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Os Estados Unidos e seus aliados consideram a proposta “inviável”, pois não inclui uma cláusula que prevê a retirada dos soldados russos do território invadido. Para Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, um cessar-fogo apenas daria tempo para a Rússia “se preparar e voltar com seu único desejo, o desejo de seu líder – que é ocupar nosso país”.

A China e a Rússia também demonstraram um alinhamento contra os Estados Unidos, com o objetivo de construir uma ordem mais adequada às suas próprias agendas autocráticas. O líder chinês deixou claro enxerga uma era em que o Ocidente mingua e a China está em ascensão.

“Juntos, devemos levar adiante essas mudanças que não acontecem há 100 anos. Tome cuidado”, disse ele durante um aperto de mão de despedida com Putin.

Em declaração conjunta, os dois países prometeram trabalhar juntos para “salvaguardar o sistema internacional” e pediram a criação de um “mundo multipolar”, ou seja, um sistema que não é regido pelos valores e regras ocidentais. Além disso, atacaram Washington por “minar a segurança internacional e regional e a estabilidade estratégica global para manter sua própria superioridade militar unilateral”.

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Os líderes expressaram preocupação com o “contínuo fortalecimento dos laços de segurança militar da Otan com os países da região Ásia-Pacífico”. Para combater a presença americana na região, Pequim e Moscou prometeram “aprofundar ainda mais a militar mútua”. Durante toda a guerra na Ucrânia, os dois países continuaram a fazer exercícios militares conjuntos.

No campo da economia, Putin afirmou que a Rússia está pronta para apoiar os negócios chineses como substitutos para as empresas ocidentais que debandaram de seu país após o início da invasão. Sob inúmeras sanções econômicas, os russos são cada vez mais dependentes de Pequim, tanto como um de importação quanto como exportador de eletrônicos.

Uma colaboração energética também está nos planos de Xi e Putin. Segundo a declaração, os dois países vão construir “uma parceria energética mais próxima, apoiando empresas de ambos os países no avanço de de cooperação em petróleo, gás, carvão, eletricidade e energia nuclear”.

Esse processo acontece depois da Europa reduzir a sua dependência do gás natural russo. Agora, o país deseja criar o gasoduto Power of Siberia 2, que levaria o produto da Rússia até a China através do território da Mongólia, tomando o lugar da agora extinta linha do Nord Stream 2, que transferia o gás para o Ocidente.

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O aceno de Xi a Putin, porém, pode ter um custo para as outras relações da China. Além da Ucrânia, que não tem vínculo direto com os chineses desde o início da guerra, a declaração conjunta com a Rússia afasta aliados para o país na Europa.

A China também enfrenta o contraste gerado pela visita concomitante do primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, a Kiev. Zelensky elogiou Kishida e outros líderes que visitaram o país por “mostrar respeito” não apenas pela Ucrânia, mas “pela preservação e funcionamento das regras civilizadas e da vida civilizada no mundo”.

“Dada a do Japão, sua liderança na Ásia na defesa da paz e da ordem internacional baseada em regras, e a responsabilidade do Japão como presidente (do GG7), nossas conversas podem realmente produzir um resultado global”, disse Zelensky.

Ainda que nada concreto tenha saído da mesa de negociações entre Kiev e Tóquio, o governo ucraniano indicou que seus líderes pretendem formar uma coalizão para tratar a proposta de resolução do conflito com a Rússia.

Fonte: Veja

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