Anunciado neste ano, The Last of Us Part I é um remake do game de 2013, ainda que não assuma este termo e não demorou tanto para chegar ao PlayStation 5. Entretanto, os poucos meses entre o anúncio e o lançamento foram o bastante para gerar debates na comunidade sobre a necessidade de se fazer uma nova versão – afinal, o jogo já tinha sido remasterizado no PlayStation 4.
Bem, após alguns dias com o jogo em mãos, o Game On tem a missão de tentar responder a essa questão. Em termos de narrativa, o jogo segue estritamente o mesmo enredo apresentado em The Last of Us (2013). Não esperem referências à história de The Last of Us Part II, ou easter eggs para a série da HBO que estreia no ano que vem. No game de 2022, nem mesmo as senhas dos cofres ou localização dos colecionáveis mudaram. Logo, iremos acompanhar a jornada de Joel, que tenta levar a adolescente Ellie através da América infectada por um vírus que destruiu a civilização.
The Last of Us versão definitiva?
Existem produtos da mídia que são colocados como clássicos instantâneos. Ainda que a indústria de games não seja tão antiga como a do cinema, para usar com frequência estes termos, The Last of Us foi sim um clássico instantâneo quando chegou ao PS3 em 2013. Não à toa, menos de um ano depois, a Naughty Dog já lançava uma versão remasterizada para o, então novíssimo, PS4.
Porque digo isso? Bem, The Last of Us não se tornou o arrasa quarteirões que foi à toa. Se nove anos podem ser o suficiente para deixar vários games datados, este não é o caso do jogo de terror da Naughty Dog. Não me entendam mal, em termos financeiros e de marketing para a desenvolvedora e publicadora, este título faz total sentido e, provavelmente, será um sucesso de vendas novamente.
Entretanto, enquanto consumidor de games, após gastar um bom número de horas em The Last of Us Part I, continuo com a opinião de que esse é um jogo que não precisava existir… Mas foi feito.
Já que estamos aqui
Queira a comunidade ou não, o jogo está entre nós. E já que estamos aqui, vamos aproveitar a jornada. The Last of Us Part I é um primor técnico. Partindo do começo, grande parte das mudanças fazem parte de uma nova roupagem, de nova geração, para o jogo. Os gráficos de The Last of Us Part I impressionam.
No jogo original, a ambientação de um mundo, que ao mesmo tempo estava destruído, mas tinha ganhado cores graças à ausência da humanidade, ficou ainda melhor. Assim como aconteceu no primeiro, aqui nós nos impressionamos junto com Ellie ao ver as paisagens do “mundo lá fora”.
E por falar em gráficos, as cenas de impacto da história de The Last of Us ficaram ainda mais pesadas. Com uma animação de expressões faciais impecável, este remake consegue fazer com que as cutscenes afetem ainda mais o jogador. E ele mostra isso logo de cara, na sequência envolvendo Sarah.
Gameplay atualizada, mas nem tanto
Para alguns, este remake era necessário exatamente pelo acerto da Naughty Dog na sequência da franquia, em termos de jogabilidade. Contudo, para quem espera ver mecânicas de The Last of Us Part II por aqui, irá se decepcionar. Como dito no início da análise, na prática, este game não entra em nenhum aspecto no termo reimaginação. Ele é um remake no sentido literal da palavra.
Não me entenda mal, a gameplay original foi otimizada sim, uma vez que o jogo conta com um alto nível de performance. Ou seja, as partes de ação e combate são mais fluídas, mas ainda podem parecer pesadas, principalmente para quem se acostumou com a leveza de Ellie no segundo game. Aliás, neste quesito, The Last of Us Part I aproveita a melhoria gráfica pra trazer uma brutalidade que pode sim lembrar a sequência da franquia.
Outros aspectos gerais de imersão também foram otimizados, como por exemplo a inteligência artificial. Ela ainda tropeça, principalmente nas partes de movimentação torta de Ellie, mas os inimigos estão consideravelmente menos “burros” do que no jogo original. Aliás, a interação de Joel e Ellie com o mundo ao seu redor melhorou num geral. Quando em cidades, é possível ver os moradores olhando torto para você caso se aproxime demais.
Por fim, The Last of Us Part I mostra, outra vez, que a Naughty Dog está atenta no quesito acessibilidade. Se o segundo jogo trouxe uma enorme gama de configurações de acessibilidade, este game adiciona mais dois recursos de peso: além de todas as outras vistas no título anterior, é possível configurar o jogo para uma narração descritiva das cutscenes. Além disso, graças à tecnologia do controle DualSense, também está disponível uma opção que faz com que o controle vibre no ritmo das falas dos personagens em momentos de gameplay normal.
No frigir dos ovos
Como pontuei durante a análise, The Last of Us Part I é essencialmente o mesmo jogo de 2013, com gráficos tunados e gameplay otimizada. Dessa forma, não existe muita brecha para não coroar o jogo com uma nota próxima do total possível, uma vez que o original já era considerado uma obra prima dos games.
Exceto por uma: O preço. The Last of Us Part I chega ao PlayStation 5 com “preço cheio”. O que, no Brasil, significa um jogo que sairá por R$ 350. Confesso que fiquei muito feliz com o resultado final deste remake, mas ainda acredito que, por este preço, a versão remasterizada para PS4, inclusa na Coleção PlayStation Plus, continua sendo uma opção muito mais viável para jogar o mesmo game.
Ainda assim, não é possível dizer que este remake não possua um primor técnico invejável. Veja bem, não mexeram no enredo porque nunca foi necessário. Para os fãs da franquia, este The Last of Us com esteróides vai fazer brilhar os olhos.
The Last of Us Part I está disponível para PlayStation 5.
*Esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Sony.