, o jornalista Dagomir Marquezi escreveu sobre o ataque da “esquerda identitária’ às interpretações cinematográficas. O colunista elenca sete filmes que, depois de serem gravados e lançados, foram atacados pela militância “limpinha” por não colocarem para atuar os atores que tinham uma vida muito parecida com as dos personagens de ficção.
É o caso de The Lone Ranger (2013) que foi um fracasso de bilheteria, por ter escalado o branco Johnny Depp para o papel do índio Tonto. “Teria sido uma ótima maneira de um ator nativo norte-americano mostrar suas habilidades”, disseram os críticos.
“É esse o estranho mundo criado por essa chamada ‘esquerda identitária’”, explicou Marquezi. “Nesse mundo mental, um leitor pode ficar terrivelmente traumatizado se ler em algum livro que um personagem chamou o outro de ‘feio’. Para não traumatizar ninguém, apaga a palavra.”
Leia um trecho
“Esses desinfetantes de potenciais ofensas não se importam com quem discorda deles. Estão a serviço de uma causa superior. Eles não têm limites. Hoje estão substituindo “crioulo” por “pessoa negra”. Amanhã vão transformar James Bond num queer de origem latina. Sherlock Holmes e Watson, em um casal. Doutor Jivago, num criminoso. Vão apagar nos livros as “expressões colonialistas” dos discursos de Winston Churchill. Sua famosa frase de “sangue, suor e lágrimas” vai ser banida por representar “discurso de ódio”.
Mudar palavras num livro depende de nossa passividade. Se esses militantes não encontrarem resistência, vão manipular digitalmente filmes e séries, para que se encaixem nessa ideologia ofensiva que trata negros e homossexuais (entre outros) como seres frágeis e incapazes de se defender. Ian Fleming também não está aqui para defender a integridade de sua obra. Nem Bocage, nem Henry Fielding, nem Sófocles, nem William Shakespeare, nem José de Alencar, Miguel de Cervantes, Leon Tolstoy, Eça de Queiroz ou Lima Barreto.
Apagar e distorcer nosso passado vai tirar de nós a experiência da evolução. Vai nos fazer estacionar para sempre na areia movediça de um presente artificial, criado por militantes totalitários e alheios à realidade. Resistir é preciso a esses pequenos tiranos, até em nome das futuras gerações. Temos uma cultura e uma civilização a proteger deles. E podemos lutar com atos mínimos, muito simples.”
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Fonte: revistaoeste