Chefe da Assessoria Especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim defendeu a permanência dos navios iranianos no Porto do Rio de Janeiro. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele disse que a decisão é correta e respaldada em normas de Direito internacional.
“É uma decisão soberana nossa, do Brasil”, declarou Amorim. a permanecerem no Rio de Janeiro até 4 de março. Diversos países se recusaram a permitir a entrada das embarcações iranianas.
Aliás, o Brasil não apenas deu porto aos navios, como em alusão aos 120 anos de relações diplomáticas entre os dois países. A cerimônia foi a bordo da fragata Iris Dena.
Para Amorim, a decisão da Marinha brasileira “é consistente com o Direito marítimo internacional e com a boa prática diplomática”. Ele não respondeu diretamente às críticas dos governos dos Estados Unidos e de Israel. Esses dois países foram enfáticos em dizer que o Brasil adotou uma atitude errada, já que o Irã é considerado uma nação inimiga, que planeja construir armas nucleares, mantém laços com terroristas e, internamente, não respeita os direitos.
“O Brasil é uma nação soberana, mas acreditamos firmemente que esses navios não devem atracar em lugar nenhum”, disse a embaixadora norte-americana, Elizabeth Bagley, no dia 15. Na quarta-feira 1º, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, reiterou a crítica. O governo de Israel emitiu nota na qual chamou de “perigosa e lamentável” a ação brasileira e pediu para o Brasil “seguir os passos” dados por União Europeia, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão e chamar o “regime iraniano pelo que realmente é:.
A fragata Iris Dena escolta o Iris Makran, considerado um “monstro do mar”, com 230 metros e cerca de 120 mil toneladas. Mais que um petroleiro convertido em porta-helicópteros, a embarcação pode lançar drones de grande porte, armados com mísseis ou de espionagem. Segundo o Departamento de Defesa norte-americano, o Iris Makran abriga a bordo um avançado centro eletrônico de coleta de dados, escuta de comunicações e vigilância de área.
Fonte: revistaoeste