Em entrevista recente, André Lara Resende disse que a taxa de juros básica da economia no Brasil, estabelecida pelo Banco Central, está profundamente errada. Membro da Comissão de Assuntos Estratégicos do , o economista disse que não existe um risco fiscal que justifique o valor no patamar atual (13,75% ao ano). Entre os argumentos, o dado segundo o qual a dívida pública do Brasil é proporcionalmente menor que a de países desenvolvidos.
Marina Helena, economista e ex-diretora de Desestatização do Ministério da Economia (2019), discorda de Resende. De acordo com a especialista, o risco fiscal é alto no Brasil. Ela explica ainda que os juros menores em países desenvolvidos estão ligados à credibilidade dessas nações.
“Com isso, eles conseguem que investidores emprestem a eles a um custo menor, cobrando taxas de juros mais baixas”, afirma. “No caso brasileiro, é o oposto. Nosso histórico de gastos altos e crescentes do governo, elevado endividamento e inflação mais alta e mais volátil fazem com que investidores só emprestem ao governo brasileiro se ele pagar mais pelo risco, ou seja, taxas de juros mais altas.”
Governos anteriores e os juros no Brasil
Hugo Garbe, economista-chefe da G11 Finance e professor do curso de economia e finanças da Universidade Presbiteriana Mackenzie, diz que a dívida brasileira chegou aos valores atuais, mais moderados, em razão da política aplicada no governo Bolsonaro. E essa equipe tinha fundamentos diferentes dos da atual.
“Existiu uma gestão econômica séria no governo anterior, que prezou pela responsabilidade fiscal, para conduzir o país com uma dívida pública com números mais favoráveis”, argumenta. Ele lembra que, durante o governo de Dilma Rousseff, houve um estouro do endividamento em dólar e tivemos uma crise econômica, com alto desemprego e retração do Produto Interno Bruto, em razão de uma condução que não se preocupava com o risco fiscal e buscou a redução artificial dos juros no Brasil.
Fonte: revistaoeste