Sophia @princesinhamt
Educação

Sai pra lá, fake news! Por uma infância segura e bem informada

Crianças lendo jornal com um adulto
Grupo do Whatsapp Cuiabá

Fake news é um tema que está na boca do povo e já faz parte do vocabulário de boa parte da população. Apareceu em jornais e revistas, foi discutido em programas de rádio,  tv e podcasts, e teve mesmo aparições em memes na internet.  

No ziriguidum da folia do Carnaval, daria uma ótima marchinha ou samba-enredo. Pega o embalo: 

Fake-fake-fake-fake-news, hey! 

Você não me bota medo

Do seu perigo, não é segredo 

Fake-fake-fake-fake-news, hey! 

Contra você eu tenho escudo

Da notícia eu checo tudo! 

O mote é esse. Como saber se não é fake news? Desconfiar, checar, conferir, ter certeza da veracidade das informações e seguir em frente. Contudo, apesar de essa “regrinha” ser mais ou menos conhecida da galera, muitas coisas ainda precisam ser conversadas e compreendidas sobre as fake news. Inclusive, da relação que as fake news podem exercer nas infâncias. 

Notícias falsas

As fake news, notícias falsas, ganharam popularidade nos últimos anos, principalmente pelo conturbado período político no Brasil. 

Mas fake news não são exclusividade política e nem só da internet, elas podem aparecer em todas as esferas, até mesmo em conversas mais “ingênuas”. E são nessas supostas “ingenuidades” que muitas sementinhas de preconceito e ódio, podem nascer.  

Outra coisa: as fake news não são exclusividade do mundo dos adultos. Elas também operam nas infâncias, e por isso precisamos olhar com mais atenção para o assunto. 

As fake news bombaram e viraram muitas vezes a própria notícia. A popularização das redes sociais, a má fé e a falta de uma vigilância ética fomentaram espaço para notícias falsas ganharem espaço e fazerem as cabeças das pessoas. 

Exatamente por isso começou a ser discutida. A discussão ajudou e orientou o público a ter um pouco mais de cuidado no que fazer com as informações que recebia. Como se um filtro alertasse o cidadão a refletir um minuto, fazer perguntas, antes de acreditar e repassar adiante como na brincadeira do telefone sem fio. 

Perguntas como “Será verdade?”, “Você tem certeza?” e “Alguém mais noticiou isso?” podem ter surgido com mais frequência nas conversas em família e amigos, e com certeza o cuidado ajudou.  

Mas isso não é o suficiente se quisermos assegurar o convívio de uma sociedade saudável. As fake news são um problema muito sério.

Fake news e infâncias 

A preocupação esbarra de diferentes maneiras no que diz respeito às infâncias. 

As crianças podem ter acesso direto às informações falsas, como em um vídeo no YouTube, por exemplo, desde alguém inventando coisas sobre um desenho animado, disseminando encontros com chupa-cabras e mulas sem cabeça, fazendo montagens de imagens e vídeos e tirando as notícias do real contexto ou promovendo desafios nocivos com promessas de recompensas.

Podem surgir de relações cotidianas, com alguém querendo impressionar um amigo novo, escapar de uma bronca de professores ou “punir” um desafeto com quem se desentendeu, inventando mentiras e ofensas que vão prejudicá-lo. Acontece também de uma criança receber a informação equivocada por “tabela”, e repetir falas que ouviram por aí sem ter a menor ideia do que está falando.  

Com uma escuta inocente ou fora de contexto, todas as situações podem gerar nas crianças preconceitos, diferentes tipos de violência e questões sérias e relacionadas a toda diversidade. Racismo, preconceito, intolerância religiosa, cancelamento, inclusão. Tudo está conectado.

Portanto, cuidar das fake news não se trata de cuidar de um indivíduo apenas, e sim de uma sociedade inteira desde o berço.   

Vamos cuidar do assunto

Essa prática é o que muitos profissionais da área interligadas chamam de Educação Midiática. A forma de receber uma informação, perguntar, pensar a respeito e escolher o que fazer, todas essas e outras habilidades podem ser moldadas na infância. 

Frente às falsas informações, elas são um grande diferencial para olhar pelas crianças, permitindo-as crescer mais preparadas em distinguir suas escolhas diante de uma avalanche de informações.  

Educação Midiática 

Antigamente a palavra Educação bastava, não é? Talvez o mundo fosse mais simples, talvez faltasse conhecer de verdade o mundo. Fato é que para dar conta do mundo, precisamos agora de um conhecimentos  mais específico para diferentes áreas. Há algum tempo roda por aí a Educação Ambiental e a Educação Financeira. 

O mundo está em constante evolução, e os saberes precisam evoluir juntos. Cada campo tem apresentado questões que merecem olhares especiais e mais aprofundados. Portanto, pensar na Educação Midiática aparece no momento de maior produção de conteúdo e acesso à informação da história. 

Próximo passo

O primeiro passo é esse. Estamos dando juntos. Refletir. 

Precisamos falar mais e mais sobre Educação Midiática, sobre Fake News e infâncias. Perguntar. Escutar. Divulgar. Denunciar. Conversar com outros pais, com a escola, buscar informações e gerar mais interesse e vozes ao debate. 

Quanto mais informadas, mais protegidas as famílias estão.  

Disso, ações mais concretas tendem cada vez mais a aparecer.

 Nas escolas, o assunto tende a ganhar mais espaço, à medida que o todo compreende a importância do assunto e começam a trazê-lo para o cotidiano das salas de aula. 

Incluir o tema no currículo e desenvolver projetos relacionados é um grande avanço, articulando diferentes temas com diferentes impactos na vida do outro.  

As articulações entre famílias e escola se amparam no cuidado e fortalecimento de crianças, de pequenos cidadãos mais preparados e seguros, que se estende para toda a sociedade.

Com uma base de Educação Midiática, a confiança de cada criança aumenta, desenvolvendo o seu pensamento crítico, aprendendo a duvidar com respeito e sem medo, entendendo os caminhos para pesquisar e checar informações e, além disso, compreender responsabilidade ética e democrática de passar para frente uma notícia. 

Combater as fake news é difícil, merece atenção. Pelo menos, a gente sabe como enfrentar. Com checagem de informação, ética e o apoio coletivo.

Pensamento positivo. Se  a gente organizar geral, certeza que a gente dá conta. 

Ô Fake News, você não me engana

Sai pra lá porque eu sou bacana 

  Ô Fake News, larga de maldade

A gente vai lidar com os fatos de verdade!

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Autor, jornalista e doutorando em literatura. Participa de projetos especiais da Leiturinha e publicou o Original Leiturinha “Alguém viu o meu chapéu?”.
Nesta coluna, escreve sobre cultura, infâncias e sociedade, sempre no intuito de provocar curiosidade, reflexões (quem sabe algumas risadas) e novas histórias.

    Fonte: leiturinha

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    Redação

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