Os três anos de rígidos controles de pandemia na China e as consequências da crise imobiliária aprofundaram o sofrimento da população em algumas regiões do país.
Governos locais estão com os cofres vazios e ainda lutam contra dívidas gigantescas contraídas durante os lockdowns determinados pelo Partido Comunista da China (PCC). O problema tornou-se tão extremo que algumas cidades já não conseguem fornecer serviços básicos, com o risco de inadimplência aumentando.
Analistas estimam que as dívidas governamentais pendentes da China ultrapassaram US$ 18 trilhões (quase R$ 100 trilhões) no ano passado — a maior parte foi contraída ao financiar a política covid zero do PCC.
Os governos locais esgotaram seus orçamentos depois de gastar enormes quantias na aplicação de bloqueios frequentes da covid, testes em massa e criação de centros de quarentena.
“Pequim está enfrentando um campo minado econômico criado por ela mesma”, disse Craig Singleton, da Fundação para a Defesa das Democracias em Washington, à CNN. “No total, a atual crise da dívida da China representa uma tempestade perfeita.”
Serviços básicos interrompidos
Segundo relatos da mídia chinesa, os governos regionais teriam cortado salários, serviços de transporte e reduzido os subsídios aos combustíveis.
Em Hebei, no norte do país, milhares de pessoas tiveram problemas para aquecer suas casas, por causa da escassez de gás natural.
Na Província de Heilongjiang, no extremo norte, as casas ficaram sem aquecimento depois que as empresas locais restringiram severamente o fornecimento de gás. As companhias culparam a falta de subsídios do governo.
As reclamações foram parar na rede social chinesa. Em resposta, o PCC ordenou que as cidades fornecessem aquecimento adequado, mas sem especificar quem pagaria a conta.
No ano passado, várias cidades suspenderam os serviços de ônibus devido a restrições orçamentárias, incluindo Leiyang e Yangjiang, de acordo com anúncios das operadoras.
O município de Hegang foi forçado a fazer uma reestruturação fiscal devido ao endividamento. Com isso, suspendeu gastos com projetos de infraestrutura, subsídios às indústrias e entre outros serviços.
Gastos
Ainda não está claro quanto o país gastou no total no combate à pandemia. Mas a Província de Guangdong revelou ter torrado US$ 22 bilhões (R$ 110 bilhões) desde 2020. Ao mesmo tempo, a receita das cidades reduziu acentuadamente no período.
O PCC já sinalizou que não vai socorrer esses municípios. “Se é o seu bebê, deve segurá-lo você mesma”, alertou o Ministério das Finanças em comunicado no início deste mês dirigido às autoridades locais. “O governo central não vai socorrer.”
Fonte: revistaoeste