Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio fazem o filme que Christopher Nolan sempre quis fazer: um retrato frenético da obsessão

Há algo em Howard Hughes que fascina muitos cineastas. O magnata do cinema parece ter essa mesma condição de objeto de desejo para servir de história sobre a paixão de fazer cinema, tanto que a possibilidade de uma cinebiografia sobre ele despertou o interesse de alguns diretores renomados como Warren Beatty, Michael Mann e Christopher Nolan.

Nolan queria fazer uma cinebiografia de Howard Hughes, que segundo o próprio é um dos melhores roteiros que ele já leu, e o melhor que escreveu em sua carreira. O diretor queria fazer essa produção após Insônia (2002) e teria Jim Carrey como protagonista, mas Martin Scorsese o antecipou com O Aviador (2004) com Leonardo DiCaprio. “Howard Hughes é um personagem fascinante. Muito do que coloquei no roteiro, que pretendo fazer um dia, coloquei em Bruce Wayne. Houve muitos filmes que abordaram diferentes aspectos de sua vida, mas não a coisa toda”, disse Nolan anteriormente sobre seu interesse na história.

Christopher Nolan nunca descartou completamente a possibilidade de fazer a cinebiografia, então será que ainda veremos essa ideia nos cinemas? Warren Beatty mostrou sua versão de Hugues em Regras Não se Aplicam (2016), um fracasso de crítica.

Colaboração de Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio em O Aviador

Miramax

Howard Hughes (Leonardo DiCaprio) ficou milionário já aos 18 anos, devido à herança que seu pai, um inventor texano, deixou para ele. Após ser mudar para Los Angeles, ele passa a investir na indústria do cinema. Hughes ajudou a carreira de vários astros, como Jean Harlow (Gwen Stefani), e ainda trabalhou em filmes de sucesso, como “Hell’s Angels”, que dirigiu. Paralelamente se dedicou a uma de suas maiores paixões, a aviação, e se envolveu com as atrizes Katharine Hepburn (Cate Blanchett) e Ava Gardner (Kate Beckinsale).

Lançado em 2004, O Aviador mergulha na vida complicada de Howard Hughes, bem como Hollywood nas décadas de 1920 e 1930. Um retrato fascinante que poderia ser um simples história de amor pelo processo de fazer cinema, mas se torna uma história sobre obsessão que enfatiza o caráter inquieto e quebrado de Hughes, manifestado em um perfeccionismo perigoso tanto no cinema quanto em aviões voadores (também presentes no set), mas também manifestado em seu distúrbio compulsivo com limpeza.

Para esse estudo intrigante do personagem, Leonardo DiCaprio ficou encarregado de encarnar essa figura turbulenta, envolvendo-se no projeto em 1999, antes da chegada de Martin Scorsese e quando ainda era Michael Mann quem iria desenvolvê-lo – mas foi substituído após algumas decepções comerciais. O filme levaria mais alguns anos para ser filmado, mas eles foram fundamentais, permitindo que DiCaprio envelhecesse apenas o suficiente para permanecer jovem, mas capaz de atingir o ponto como adulto. Essa é uma das colaborações mais importantes de Scorsese e DiCaprio, que também fizeram Gangues de Nova York, Os Infiltrados e O Lobo de Wall Street. Eles vão retomar a parceria em Killers of the Flower Moon, filme do Apple TV+ que está previsto para estrear em 2023.

O Aviador recebeu 5 Oscars (de 11 indicações), como Melhor Atriz Coadjuvante para Cate Blanchett, Melhor Edição, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia e Melhor Figurino.