Ludmilla teve problemas técnicos em seu show no Farraial neste fim de semana e deixou o palco após cantar apenas três músicas.
Procurada por Splash, a organização do festival que aconteceu no Anhembi, em São Paulo, deu sua versão sobre o que rolou com a artista que estava escalada para abrir o evento, às 13h.
Luis Restiffe, sócio-diretor da agência InHaus, responsável pelo Farraial, falou sobre o comportamento da artista contratada.
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Para ele, Ludmilla foi irresponsável ao colocar toda a culpa dos problemas técnicos no festival e reclamar em cima do palco, desrespeitando público e fãs presentes. Restiffe ainda revelou que a atitude da cantora respingou em outros contratantes.
“Recebi dezenas de mensagens de empresários do ramo falando ‘Meu deus, que bomba-relógio’. ela acaba se prejudicando muito com isso”, avalia o empresário, que afirma que a funkeira foi a última artista escalada pelo festival, quando cerca de 90% dos ingressos já estavam vendidos.
“Quando a gente soltou a Ludmilla no line up algumas pessoas questionaram porque ela seria a primeira artista a se apresentar. Todos os nossos ingressos praticamente já estavam vendidos quando anunciamos. As pessoas não necessariamente compraram o ingresso para ver o show dela”, pondera Restiffe.
“Imaginamos que o público ia gostar porque é um show bom, mas foi por isso que colocamos como primeiro show. Os outros artistas eram mais esperados porque o público comprou ingresso sabendo daqueles artistas, e não dela.”
Ludmilla chegou ao Anhembi com 40 minutos de atraso e foi direto para o palco. Quando começou o show, percebeu diversos problemas técnicos que deixaram seu som muito baixo. Pessoas que estavam no festival relataram que de algumas áreas era praticamente impossível ouvir a artista. Foi isso que motivou a cantora a deixar o palco.
“Queria fazer um show f* para vocês, mas infelizmente não foi culpa minha. Não consegui. Mas a gente se encontra Brasil afora, espero ver vocês em um show meu de verdade. Com toda a estrutura que eu mereço”, desabafou Ludmilla antes de fazer a “saideira”, encerrando a apresentação com três músicas.O organizador do Farraial alega que os problemas técnicos aconteceram porque a equipe de Ludmilla não fez a passagem de som. Segundo o empresário, eles tinham sido avisados com bastante antecedência da limitação do som nos arredores do Anhembi e deveriam ter se preparado para isso, como foi com os outros artistas que se apresentaram no sábado.
“O técnico que está ali na mesa precisa saber administrar. Se eles tivessem vindo antes para o festival —e foi pedido isso para eles— para passar o som, nada disso teria acontecido. A equipe ainda chegou antes dela, mas eles só fizeram o line-check. Que consiste em ver se aquela linha tá chegando o som na mesa.”
Restiffe explica que o festival também conta com uma equipe técnica de apoio, mas a partir do momento em que o artista está no palco quem cuida de tudo são os técnicos do próprio artista.
“O técnico que está ali na mesa precisa saber administrar. Teve uma negligência nesse sentido de não ter optado por passar som. É uma coisa comum não passar som para vários artistas, mas dado o contexto era necessário.”
O empresário ainda lamenta que Ludmilla não tenha feito um mea culpa, dado o atraso de 40 minutos e as falhas da equipe dela. “Prejudica a imagem do festival. Ela foi muito irresponsável de não ter feito um mea culpa por ter chegado atrasada, não ter passado o som, o técnico dela naquela administração em algum momento ter falhado.
“Segundo Restiffe, as redes sociais do Farraial chegaram a enfrentar instabilidade dada a quantidade de ataques que receberam de fãs da cantora que nem estavam no festival. “É uma artista que tem um alcance muito grande. As pessoas são leigas, não sabem das questões técnicas, é muito injusto você trazer esse peso todo para um festival porque ela pode acabar com uma empresa, com uma marca, com um festival.”
Empresário já tinha tido problemas com a artista
Essa não era a primeira vez que a agência InHaus contratava Ludmilla para um trabalho. E também não foi a primeira vez que enfrentaram problemas com o comportamento da artista.
“Nós contratamos a Ludmilla outras duas vezes e tivemos os mesmos problemas. Um evento foi na Arena Carnaval, em São Paulo. É um evento de trio elétrico com vários artistas. Lembro que naquela época havia um rodízio dos artistas. Em trio elétrico tem que ser muito rápido o giro, a troca de banda, não pode ter nenhum tipo de atraso. E os artistas geralmente respeitam muito bem isso”, conta Restiffe.
“Naquele momento a Claudinha Leitte estava no trio finalizando. Ludmilla ia entrar. A Claudinha tinha um compromisso na Globo com o faustão e tinha que voar para o Rio de Janeiro. E a Ludmilla não entrava no outro trio. A Claudinha ficou segurando e ficamos em uma saia justa porque a Ludmilla não saia do camarim. Ela queria o tempo dela, estava com os amigos e os familiares”, relembra.
O outro problema teria acontecido no camarote de uma marca no Carnaval da Sapucaí, no Rio. “Fizemos a contratação dela e da Bruna para presença vip e ela também não cumpriu. O combinado era tocar 40 minutos, 5 músicas, fazer a presença vip e atender a imprensa. Ela subiu no palco, não chegou a fazer as 5 músicas, no período que ela tinha que fazer a presença vip ela ficou no camarim. Quando na verdade ela deveria ficar dentro do camarote produzindo conteúdo. E não falou com a imprensa. Saiu batida do camarote para ir para outro.”
Luiz Restiffe explica que só contratou Ludmilla pela terceira vez para um evento dele porque a cantora trocou de empresário durante a pandemia. A promessa era reestruturar a artista, mudar a imagem dela e inserí-la no mercado de grandes festivais. “Ele colocou o nome dele em jogo para isso. Falou que ela estava em um novo momento.”
Como fica o cachê?
Luiz Restiffe diz que já acionou sua equipe jurídica para avaliar o contrato e definir como ficará a situação com Ludmilla após o festival. “A gente repudia esse tipo de atitude. A postura da artista não foi ética nem profissional. Ela não respeitou os próprios fãs nem as pessoas que ali estavam curtindo o festival.”
O empresário citou outros artistas que já enfrentaram problemas em eventos diversos organizados pela agência, mas souberam contornar. “Já tivemos uma série de episódios em outros festivais com artistas que tiveram problemas técnicos e conseguiram se sair muito bem no palco conduzindo com os fãs e tendo empatia ao evento.”
Para Restiffe, é necessário um tempo maior para avaliar as consequências do que aconteceu no fim de semana. “Tudo aconteceu muito rápido. A forma como ela conduziu também provavelmente foi sem pensar, no calor da emoção. Expor para todo mundo, falar como ela falou.”
Ludmilla não publicou vídeos nem fotos do Farraial, mas ontem foi às redes sociais lamentar o que aconteceu em seus shows. “Muita gente me taxando de raivosa. Normal, esse foi o perfil que sempre foi creditado a mim.” A cantora ainda falou sobre como tentou resolver os problemas de som e compartilhou vídeos da apresentação.
“Tentei resolver de várias maneiras. Saí do palco, fui pro backstage, fiquei igual barata tonta lá atrás, falando com a produção do evento. Achei uma falta de respeito com o público que saiu de suas casas para assistir aos shows e se divertir.”
Restiffe diz que nem a artista e nem sua equipe procuraram a organização para entender o que aconteceu. Os organizadores ainda aguardam um posicionamento para resolver a situação com Ludmilla.
“Ela sabe o poder da voz dela, das redes sociais, ela é uma artista que cresceu com as redes sociais. O simples fato de ela ter falado daquela forma no palco, ela sabia que ia atingir o Brasil inteiro. Isso pode levar a consequências.”
O que diz a equipe de Ludmilla?
Segundo a equipe de Lud, não houve atraso por parte da artista, uma vez que o contrato previa o início do show para 13h30, e não às 13h como o festival havia a escalado. A nota ainda aponta que houve, sim, a realização do procedimento técnico e que assessoria está à disposição para sanar qualquer dúvida dos organizadores, mas nunca “passamos por situação semelhante”.
Leia abaixo a nota completa da equipe de Ludmilla:
Em respeito a todo o público presente no evento Farraial, realizado neste sábado (20), na Arena Anhembi, em São Paulo, comunicamos que todo o procedimento técnico foi realizado, inclusive o de passagem de som, que foi concluído antes de 12h30. A equipe da cantora não abriu mão de nenhum procedimento e os efetuou em sua totalidade antes da apresentação da mesma. Até mesmo de limitações tão severas de volume do som que foram impostas.
Quanto ao atraso citado, importante que o contratante atente para o contrato, assinado antes da realização do show, no qual consta o horário de início da apresentação às 13h30. Certos que nunca passamos por situação semelhante, encontramo-nos ao inteiro dispor e responderemos diretamente aos responsáveis do Farraial, caso entendam com prudente nos procurar, pois estamos ao inteiro dispor.