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‘Forjei um novo conceito de paz’, diz Netanyahu sobre conflito com árabes

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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta quarta-feira, 1, que a disputa com a Palestina só pode ser resolvido depois de abordar o conflito árabe-israelense de forma mais ampla, e que as pessoas podem ficar “presas” nas negociações de paz com os palestinos.

“Quando o conflito árabe-israelense chegar efetivamente ao fim, acho que voltaremos aos palestinos e obteremos uma paz viável”, afirmou em entrevista à rede americana CNN.

Netanyahu, defensor de assentamentos israelenses na Cisjordânia, alegou que tinha uma abordagem diferente, que envolve os Acordos de Abraão. Mediados pelo então presidente americano Donald Trump, os acordos normalizaram as relações entre Israel e vários países árabes.

“Eu contornei [os palestinos], fui diretamente aos estados árabes e forjei um novo conceito de paz. Forjei quatro acordos de paz históricos, que é o dobro do que todos os meus predecessores fizeram em 70 anos”, disse à CNN.

As tensões entre Palestina e Israel estão mais elevadas do que em muito tempo. Na semana passada, um confronto entre soldados israelenses e militantes palestinos deixou nove mortos em um campo de refugiados na Cisjordânia, o mais mortal em quase dois anos. Depois, houve um tiroteio perto de uma sinagoga de Jerusalém, que Israel considerou um de seus piores ataques terroristas dos últimos tempos. A solução de dois estados para o conflito israelense-palestino está travada, com poucos esforços ativos em direção a esse objetivo por parte de Netanyahu ou da Autoridade Palestina.

“Estou disposto a que [os palestinos] tenham todos os poderes de que precisam para se governar. Mas nenhum desses poderes poderiam nos ameaçar, e isso significa que Israel deve ter a responsabilidade primordial de segurança”, declarou o premiê israelense.

As tensões parecem ter aumentado depois que o novo governo de Israel assumiu. Para vencer as eleições, Netanyahu se aliou a três partidos de extrema direita que formam a plataforma Sionismo Religioso, com posicionamento abertamente anti-árabe, fundamentalista, nacionalista e homofóbico. Criou-se, assim, o governo mais direitista da história do país.

O premiê, no entanto, descartou as preocupações sobre a retórica e as ações inflamatórias desses membros. “Tenho minhas duas mãos no volante”, alegou.

Os Estados Unidos esperam que a viagem do secretário de Estado, Antony Blinken, a Israel e à Cisjordânia esta semana ajude a esfriar as tensões crescentes. Mas Netanyahu prometeu nesta semana que Israel “fortaleceria” os assentamentos em resposta aos ataques a tiros em Jerusalém, posição contra a qual Blinken advertiu na terça-feira 31.

Na entrevista à CNN, o líder de Israel disse que “discorda totalmente” de que a expansão dos assentamentos israelenses em terras palestinas poderia prejudicar as perspectivas de paz.

O presidente americano, Joe Biden, e Netanyahu têm um relacionamento complicado, especialmente sobre o Irã. A República Islâmica foi acusada de enriquecer urânio para criar armas nucleares e, para Biden, seria necessário readmitir o país em um acordo nuclear como medida de controle. Para o israelense, contudo, a resposta correta seriam mais sanções econômicas incapacitantes de uma ameaça militar confiável.

Outro ponto de discórdia é a posição ambivalente de Israel em relação à Ucrânia. Desde a invasão russa, Israel tem conduzido um malabarismo diplomático nas relações com Moscou. Embora tenha condenado oficialmente a invasão e regularmente envie ajuda à Ucrânia, Israel ainda não enviou armas aos ucranianos e foi criticado por não ser mais contundente em suas críticas à Rússia.

Para Netanyahu, não interessante criticar o Kremlin enquanto a força aérea israelense está tentando atingir alvos na fronteira com a Síria, onde o exército russo apoia o regime de Bashar Al-Assad. Seu objetivo é interromper o fornecimento do Irã de tecnologia de mísseis guiados de precisão ao Hezbollah, grupo paramilitar xiita.

“Eu nunca falo sobre operações específicas. Toda vez que alguma explosão ocorre no Oriente Médio, Israel é culpado ou responsabilizado – às vezes somos nós, às vezes não somos”, disse Netanyahu à CNN.

Fonte: Veja

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