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Música

Música que ultrapassa fronteiras: conheça Akane, a cantora japonesa que encanta Cuiabá

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A música ultrapassa fronteiras aéreas, marítimas, territoriais, linguísticas, culturais. A música já foi capaz de parar guerras, unir povos de diversas nações e criar uma ponte cultural entre nações completamente diferentes. Desde 2014, a música brasileira e as culturas mato-grossenses fisgaram uma grande artista que veio lá da “Terra do Sol Nascente”, a cantora Akane.
 
Com 47 anos e nascida na milenar cidade de Osaka, popularmente conhecida como segunda capital do Japão, Akane Lizuka teve contato com a música brasileira ainda jovem, aos 21 anos de idade, quando saiu do Japão e passou dois meses visitando uma amiga que morava no Rio de Janeiro. Na capital carioca, ela se apaixonou de vez pela bossa nova.
 
“Eu ia nos quiosques e comprava jornais para ver quais shows iriam ter. Os shows eram muito baratos à época e eu pude assistir a Baden Powell, Paulinho da Viola, Quarteto em Cy, MPB 4. Eu queria conhecer onde nasceu a bossa nova, queria conhecer aquele clima, respirar aquela energia”, relembra Akane.
 
Ainda jovem, ela sempre trabalhou com música no Japão, participando de uma banda de música Pop dos anos 1970 e 1980, fazendo gravações de jingles para rádio e televisão, mas, quando voltou do Brasil ela resolveu focar no jazz e em versões famosas da bossa nova cantadas em inglês, como “The Girl From Ipanema”, “Wave” e “Desafinado”, porém, ela sempre quis tentar cantar as músicas em português do seu próprio jeito.

A partir daí, ela passou a comprar diversos discos de vinil e CDs, além de pesquisar sobre os artistas que ela admirava, aproveitando também todas as vezes que artistas brasileiros iam ao Japão fazer shows, tais como Milton Nascimento, Gal Gosta, Tony Horta, Simoni e Ivan Lins.
 

 
Um tempo depois de se apaixonar pela música brasileira e pela cultura nacional, Akane se casou com um brasileiro e teve um filho ainda no Japão. Acontece que uma crise econômica iniciada em 2008 no país fez com que a família começasse a pensar em se mudar para o Brasil, fato que se concretizou no final de 2013 quando ela, o atual marido e o filho pequeno foram morar na capital de São Paulo.
 
2024 word3Em 2014, o Brasil sediava a Copa do Mundo e Cuiabá recebeu alguns jogos do Japão. Coincidentemente, Akane conheceu no Japão a família do dono do bar Mundaréo, localizado próximo à Arena Pantanal. O dono do bar entrou em contato e pediu que ela viesse ajudar no atendimento, trabalhando como tradutora durante uma semana.
 
“Vim como tradutora, nem pensei em morar aqui, só visitar por uma semana. Mas nessa semana teve muita mudança no meu coração. Como não estava dano muito certo morar em São Paulo, pedi ao meu ex-marido para que mudássemos para Cuiabá, porque eu gostei muito daqui. O dono do Mundaréo ajudou a arrumar um emprego para nós dois e em um mês estávamos morando aqui”, conta Akane.
 
Ela já não cantava há um ano e não tinha expectativas de voltar a subir em um palco, porém o amigo dono de bar sabia que ela tinha uma carreira de cantora no Japão e pediu que ela desse uma canja no bar cantando “Garota de Ipanema”. Akane confessa que teve muito medo na hora, mas logo que soltou os primeiros acordes em um português ainda arrastado, a emoção falou mais alto.
 
“Eu cantei e, nossa! A inspiração para a música veio junto da emoção: ‘estou cantando em outra terra!’. Sabe quando você pega aquele sapato que não usa há muito tempo e coloca ele de novo e sente aquela sensação de: ‘nossa, eu gostava disso, vou usar de novo?’, foi assim com a música”.
 
Após um tempo, Akane tem um baque. Ela termina o casamento que havia começado no Japão e tem que cuidar do filho pequeno. Mas, motivada pelo amigo músico Clau Simpatia, passou a frequentar as rodas de samba e de bossa nova em Cuiabá, o que aumentou ainda mais sua paixão pela música. Incentivando a carreira da amiga, Clau insistia nos bares para que os estabelecimentos dessem uma chance para Akane. Assim, ela subia ao palco e cantava umas duas ou três músicas.
 
O público, então, começou a se admirar por aquela estrangeira que cantava MPB com um português tão bem falado e até mesmo ensaiava músicas internacionais como “Stand By Me” de Ben E. King e músicas de Whitney Houston em versões de samba. Quem também ficou admirado com ela foi o amigo Clau Simpatia, que de parceiro musical acabou virando namorado da cantora.
 
Juntos há sete anos, ela e Clau agora fazem sucesso nos bares e shows em Cuiabá levando a bossa nova ao apaixonado público cuiabano. Akane aprimorou o português com a ajuda dos amigos que, segundo ela, têm muita paciência para ensinar.
 
Atualmente, Akane vive e respira música. Ela canta toda semana em diversos restaurantes da Capital, faz apresentações em casamentos, aniversários e festas particulares, é cantora fixa da Lírica Produções Musicais e da Orquestra do Sesi, além de fazer participações nas apresentações de chorinho e samba com a Orquestra da Universidade Federal de Mato Grosso.
 
O maior sonho é gravar um álbum com músicas brasileiras e sucessos do jazz internacional, projeto que está sendo construído aos poucos. Para 2023, ela promete muitas novidades e gravações inéditas na carreira, mas isso ela vai deixar para revelar aos fãs daqui a um tempo.
 
Quanto a voltar para o Japão, no momento, só para visitar a família. “Gosto muito do Brasil e de Mato Grosso. Amo os ritmos daqui, o rasqueado, o povo. Ainda não danço, tenho que comer mais cabeça de pacu”, brinca a cantora cheia de sorrisos e com orgulho de dizer que já se sente parte desta terra.
 
Para acompanhar a cantora, acesse a página oficial da Akane no Instangram, no Facebook e no Youtube.


 

 

Fonte: leiagora

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