O candidato à Presidência da República do PDT, Ciro Gomes, contestou a tese de que a máquina pública brasileira está inchada e que reduzi-la aliviará o peso dos impostos sobre a sociedade. Defensor da proposta de que cabe ao Estado induzir os setores estratégicos nacionais, investindo em setores como ciência e tecnologia, Gomes disse querer um Estado objetivamente encarregado de promover as tarefas que a iniciativa privada não é capaz de promover.
O candidato indagou os empresários sobre onde cortar gastos públicos, em participação de um bate-papo promovido pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) hoje (22), em São Paulo.
“Vamos cortar investimentos [públicos]? [É preciso dizer que] são [gastos] R$ 25 bilhões dos cerca de R$ 4,8 trilhões [do PIB brasileiro] neste setor. Então, não deve ser aí”, exemplificou Gomes, para sustentar que, ao contrário do que muitos pregam, o Estado ocupa um espaço aquém do necessário ao atendimento das necessidades da população brasileira.
“Nossos gastos per capita [por pessoa] em Saúde estão deprimidos, assim como em Educação. Em Segurança, são uma piada. Em Infraestrutura, precisaríamos aplicar 3.3% do PIB só para manter o que já existe. Aplicamos cerca de 1.2% do PIB. Ou seja, estamos depreciando a infraestrutura nacional”, continuou o candidato trabalhista.
“Então, como dizer que o Estado é grande? O Brasil tem mais ou menos médicos do que precisa? Tem muito menos, segundo padrões da OMS. Tem mais ou menos policiais? Há 11,6 mil policiais federais [para todo o país]. Tenham paciência. Tem mais ou menos professores?”, acrescentou Gomes, enfatizando que nenhuma nação atingiu um nível de desenvolvimento satisfatório sem uma importante contribuição estatal.
Gomes ressaltou que quem criou o celular foi uma agência estatal norte-americana e que a internet foi criada pelo Exército norte-americano. “Toda a biotecnologia, toda a robótica é [fruto do] complexo industrial militar norte-americano. Porque a pesquisa básica é muito cara”, ponderou Gomes, dizendo já estar maduro para defender Estado máximo ou mínimo. “O que eu quero é que o Estado, no Brasil, faça a etapa que lhe cabe fazer e difunda [os resultados] para a iniciativa privada”. De acordo com o candidato, as assimetrias competitivas não permitem que um país como o Brasil dispense o Estado da tarefa de coordenação.
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Edição: Aline Leal