A tragédia dos ianomâmis não é novidade, afirmou, nesta sexta-feira, 27, o ex-ministro Aldo Rebelo. A declaração foi proferida durante uma palestra no Centro Empresarial de Altamira, no Pará. A fala de Rebelo se deu em meio à mais recente crise vivenciada por essa população.
Rebelo disse ter testemunhado a miséria dos ianomâmis em 2000, quando visitou a área indígena de Surucucu, em Roraima. Na época, o ex-ministro era presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional.
“Você entra nas ocas e vê a fuligem, a fumaça, os índios com as costelas de fora, subnutridos, com tuberculose”, contou Rebelo. “Quando voltei de Surucucu, os médicos disseram que seria necessário fazer exames em mim, porque tinha muita gente contaminada com tuberculose naquela área.”
Rebelo lembrou ainda que não há água, luz nem infraestrutura na região. “Você não pode obrigar essas pessoas a viverem no estágio do neolítico”, criticou o ex-ministro, referindo-se às organizações não governamentais que estariam impedindo o desenvolvimento tecnológico dos indígenas. “Você não pode dominar essas pessoas, quando há outros meios de sobrevivência. É desumano.”
O ex-ministro disse que Roraima é um Estado rico em minérios raros. Mesmo assim, a população indígena vive na pobreza. “Não há proteína, porque os indígenas não caçam mais”, observou. “Eles não querem mais caçar, não querem arco e flecha.”
General descreve situação dos ianomâmis
Em artigo publicado na da Revista Oeste, o general Eduardo Villas Bôas, um dos principais especialistas em Amazônia, descreve em detalhes o caos vivido pelos ianomâmis. Leia um trecho:
“Moram em maloca circular, fechada lateralmente por madeira e coberta com palha, em cujo interior as famílias delimitam seu espaço com redes em torno de um fogo”, conta Villas Bôas, referindo-se aos ianomâmis de Surucucu. “Nesse ambiente, respiram um ar carregado de fumaça, que, associado à inexistência de hábitos de higiene elementares, e submetidos ao clima relativamente frio e úmido peculiar da altitude da Serra de Surucucu, resulta num alto índice de doenças respiratórias, mormente entre as crianças. A expectativa de vida entre aquela população pouco ultrapassa os 30 anos.”
PF abre inquérito
Nesta semana, a para apurar suspeitas de crimes de genocídio, omissão de socorro e danos ambientais, além de outros crimes conexos, em terras indígenas ianomâmis. Quem ficará com o caso — que está em sigilo — é a Superintendência Regional da PF em Roraima.
Leia também: , artigo do general Villas Bôas publicado na Edição 149 da Revista Oeste
Fonte: revistaoeste