Depois de a quebrar o tabu de enviar ajudas militares à Ucrânia, os afirmaram, nesta quarta-feira 25, que vão fornecer 31 dos seus tanques de guerra mais avançados. O movimento dos dois países derrubou definitivamente um dos maiores receios no apoio ocidental à Ucrânia contra a invasão russa: fornecer armamentos com propósito ofensivo e não defensivo.
Para Kiev, as medidas anunciadas fazem parte de um possível ponto de virada nos confrontos que ocorrem desde 24 de fevereiro para repelir o ataque da Rússia. Durante quase um ano, os países ocidentais têm relutado em enviar ajudas militares ofensivas pesadas para a Ucrânia por medo da Rússia utilizar armas nucleares.
A Rússia reagiu com fúria à decisão da Alemanha e afirmou que Berlim abandonava sua “responsabilidade histórica”. Para o país, a Alemanha tem que se reparar pelos seus crimes nazistas na Segunda Guerra Mundial, quando Hitler invadiu a União Soviética.
“Esta decisão extremamente perigosa leva o conflito a um novo nível de confronto”, disse o embaixador de Moscou na Alemanha, Sergei Nechayev.
A decisão dos EUA de entregar tanques M1 Abrams ajudou a quebrar o impasse diplomático que se instaurava com a Alemanha sobre a melhor forma de ajudar a Ucrânia. Horas antes, o país norte-americano havia condenado a decisão do líder da nação germânica, Olaf Scholz, de enviar tanques Leopard 2, algo que poderia ser considerado como uma provocação perigosa.
A medida também se tornou em um grande debate dentro da Alemanha. Alguns políticos alemães e líderes europeus argumentaram que “Berlim não estava apenas perdendo uma chance de liderança na Europa, mas também atrapalhando seus próprios aliados”. Apesar dos questionamentos, Scholz informou que vai enviar mais ajuda militar a Kiev, como defesa aérea, artilharia pesada e vários lançadores de foguete.
O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou a decisão dos EUA em uma declaração feita na Casa Branca, afirmando que os tanques eram necessários para ajudar os ucranianos a “melhorar sua capacidade de manobra em terreno aberto”.
A Casa Branca informou que Biden também conversou com o presidente francês, Emmanuel Macron, com o chanceler alemão e os primeiros-ministros da Itália, Giorgia Meloni, e do Reino Unido, Rishi Sunak sobre a cooperação de seus países com Kiev.
Segundo um funcionário do governo dos EUA, anúncios de aliados sobre a capacidade dos veículos armados são esperados. Além disso,outros países que comercializam Leopards, como a Finlândia e a Noruega, sinalizaram que iriam contribuir com as entregas dos tanques, que é um dos principais veículos de batalha do mundo.
A Polônia também buscou aprovação de Berlim para enviar os tanques. A Espanha e a Holanda afirmaram que ainda consideram a entrega dos veículos armados. Além disso, a Grã Bretanha ofereceu 14 de seus tanques Challengers, enquanto a França ainda pensa em mandar seus Leclercs.
A utilização destes artefatos representa, para a Ucrânia, um grande avanço, já que o país tem usado veículos da era soviética. Porém, Moscou argumentou que o fornecimento de armamentos ofensivos só vai adiar sua “vitória inevitável”
De início, Washington estava desconfiado da ideia de mandar os tanques Abrams, que são de difícil manutenção. No entanto, teve que mudar de tática para persuadir a Alemanha mandar os Leopards, que são mais fáceis de operar. Eles foram introduzidos pela primeira vez em 1979, e atualmente são usados por 13 exércitos europeus, informou o Conselho Europeu de Relações Exteriores.
A entrega dos Abrams, de acordo com altos funcionários do país norte-americano, poderia levar alguns meses. No entanto, para eles, a mudança seria uma garantia para uma defesa de longo prazo na Ucrânia.
Há meses a Ucrânia pede tanques de batalha para o ocidente. Para Kiev, a ajuda militar daria maior poder de fogo, proteção e mobilidade para romper as longas linhas de frentes estáticas, além de auxiliar a recuperar territórios ocupados no leste e no sul.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, saudou a decisão de Washington sobre enviar os tanques Abrams. Para ele, a atitude é considerada como um “passo importante no caminho para a vitória”, ao mesmo tempo que agradeceu a Scholz pelos Leopards.
“Hoje o mundo livre está unido como nunca antes por um objetivo comum”, twittou Zelensky, que descreveu a ajuda militar como a libertação da Ucrânia.
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Fonte: Veja