Ter um portfólio é um passo importante no nosso desenvolvimento como profissional freelancer ou autônomo. É através de um site ou um documento demonstrando nossas experiências passadas que nos vendemos para conquistar novos trabalhos.
No entanto, há uma série de templates e padrões por aí que não necessariamente são interessantes e também não é tudo que imaginamos ser interessante que devemos colocar em nossos portfólios.
Recentemente, li um artigo do Matt Olpinski, um designer, sobre o que não colocar em nossos portfólios que me chamou a atenção e resolvi criar a minha própria versão aqui.
Nesse artigo espero te trazer alguns questionamentos sobre algumas coisas que até parecem interessantes e legais, mas que na prática acabam mais nos desvalorizando.
Recomendação de leitura:
O propósito do portfólio
Antes de entrar nos pontos, quero só explicar um pouco o propósito de um portfólio para freelancers e profissionais autônomos.
Nossos clientes chegam até nós por uma variedade de canais. Pode ser porque viu nosso trabalho em algum lugar, porque fomos recomendados por um ex cliente, porque nos acharam online, etc.
Independente da fonte, um novo cliente não nos conhece ainda e provavelmente vai querer saber mais sobre nossos trabalhos passados. Talvez uma exceção seja quando o cliente chega até nós por uma recomendação muito forte e já quer fechar direto o trabalho sem muita conversa.
Portanto, para mostrar nossos trabalhos passados e nossa experiência enviamos um link ou um documento com nosso portfólio. Tudo aquilo que acreditamos que vai nos legitimar profissionalmente e passar confiança.
Ao mesmo tempo, o portfólio serve como um filtro para você atingir o tipo de cliente que deseja. Há muitos curiosos e que talvez nem sejam bons clientes. À partir do momento que envia seu portfólio, você já tem a chance de mostrar qual é o tipo de cliente que costuma trabalhar, qual o tom que gosta de levar as conversas e também qual o tipo de resultado que gera para seus clientes.
Quando um portfólio fica muito engraçadinho, pessoal, informal e extenso, diluímos o foco daquilo que é realmente importante para nossos clientes.
O templates de portfólios
Quando não temos muita noção do que , buscamos online referências do que fazer. Frequentemente, damos de cara com templates já mais ou meno prontos para preenchermos com nossas informações.
E aí está um probleminha.
Nem sempre as informações desses templates são as melhores. Inclusive, procurei rapidamente no ThemeForest por um template de site portfólio e vou te mostrar o tanto de coisa que não é bacana.
O tema que vou usar como exemplo é o Glint.
1 – Frases soltas sem propósito
OK, quem não gosta de uma frase de efeito que atire a primeira pedra. É algo que fácil e que ‘popula’ um espaço de destaque no nosso portfólio demonstrando que tipo de pessoa somos.
Ou pelo menos é o que pensamos inicialmente.
Na imagem acima, a temos a frase (traduzida):
“Imaginação é mais importante que conhecimento”
…
Frequentemente vemos esse tipo de frase ou headline em templates, o que nos faz também querer ter um em nossos sites. No entanto, o que estamos fazendo é basicamente aproveitando o melhor espaço do seu portfólio – o início – para inserir algo que provavelmente seu cliente ou não vai ligar, ou não vai entender ou quem sabe até achar estranho.
Solução:
Você pode usar esse espaço inicial e de destaque para:
2 – Pessoal demais
Dependendo do tipo de pessoa que você é, pode querer criar seu portfólio de maneira mais descontraída e pessoal.
Digo isso pois acho que os 2 ou 3 primeiros que criei seguiram mais ou menos esse padrão já que eu sou esse tipo de pessoa.
Coloquei coisas divertidas, um pouco sobre meus hobbies e minhas mídias sociais.
Não coloco mais.
O portfólio não é um local para ‘encher linguiça’ e, ao colocar esse tipo de coisa, estamos passando a ideia para o cliente de que não temos coisas mais importantes para mostrar ou falar.
Em reuniões e outras conversas esse tipo de informação pode ser legal de se compartilhar e . No entanto, o portfólio é uma ferramenta objetiva para nos legitimar profissionalmente.
Solução:
3 – Cargos e funções fictícios
“Sou um guru de UX”
“Gestor de experiências de otimização”
“Fotógrafo de emoções”
Às vezes gostamos de pensar sobre nosso propósito como profissionais e elaborar uma designação para nossos cargos que reflita essa imagem que buscamos para nós.
No entanto, um potencial cliente não vai entender isso. Ele vai provavelmente ler:
“Não faço ideia do que estou fazendo e nem você”
Solução:
4 – Lotar o portfólio
Algo que não funciona muito bem é encher seu potencial cliente de informações.
Em especial, encher de informações não muito úteis só para ter volume.
Existe uma maneria de lidar com o portfólio que é mostrar que tem uma extensa experiência ao colocar dezenas ou centenas de trabalhos passados e casos de estudo. Se bem organizados, pode dar realmente a impressão de que temos uma indiscutível capacidade de gerar resultados.
No entanto, mesmo assim é importante ter destaques e fácil navegação para mostrar aquilo que é realmente importante primeiro.
O que não vale a pena inserir no portfólio são informações sobre trabalhos antigos, projetos escolares e outros.
Se você é recém formado, pode sim utilizar esse tipo de coisa, mas assim que já tiver trabalhos ‘reais’ vai substituindo.
Solução:
5 – Erros e baixa qualidade
Tanto erros de escrita quanto erros no site vão prejudicar sua busca por legitimidade profissional. Também, se as imagens e/ou vídeos estiverem com baixa qualidade, não vai ser legal.
Um portfólio deve servir ao propósito de te colocar como uma boa escolha profissional, então se ele conter esses tipos de problemas é bem capaz de não conseguir atingir esse objetivo.
Imagina se você está na pele do seu potencial cliente. Entra no site da pessoa que quer contratar para ser o designer do seu projeto e no primeiro parágrafo já lê algo assim:
“Faso design UX e UI para empresas do ramo da belesa”
Aí você desce um pouco e tem uma imagem pixelada de baixa qualidade para demonstrar um projeto antigo.
Não vai ser legal.
Solução:
Bônus: Não use barras de progresso
Talvez você já deva ter entrado em um site de portfólio ou template contendo algo do tipo:
Barras ou outros gráficos de ‘progresso’ mostrando a porcentagem de seu desenvolvimento em alguma área.
Eu mesmo já usei uma dessas lá no início.
São super bonitas e estilosas e, por isso, esses templates todos tendem a adicionar como opção.
No entanto, o que isso somente mostra é que você não é bom naquilo que faz ou é arrogante.
Se você colocar tudo em 100%, vai mostrar que é arrogante.
Se colocar qualquer coisa mais baixo, vai mostrar que não sabe muito mexer com aquilo.
Então, por gerar mais confusão do que ajudar, não vale a pena utilizar em nossos portfólios.
Conclusão
Esses 5 pontos são alguns dos mais importantes para manter nossos portfólios objetivos e interessantes profissionalmente para nossos potenciais clientes.
Lembrar do objetivo do portfólio é sempre importante, pois tendemos a querer misturar as coisas.
Às vezes queremos unir tudo em um só lugar, por exemplo adicionando blog e elementos pessoais nos nossos portfólios como se fossem um site pessoal. Ou mesmo adicionando o portfólio dentro de nossos sites pessoais.
Esse tipo de coisa não é muito bacana, pois, novamente, vai tirar a atenção dos clientes para aquilo que é realmente importante.
Há algo mais que considera interessante não ter em um portfólio? Me conta nos comentários abaixo.
Divirta-se!
Fonte: andrelug