Sophia @princesinhamt
Turismo

Estação de esqui de Zermatt, na Suíça, é a mais cênica da Europa

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Logo na chegada Zermatt é especial: os visitantes motorizados precisam deixar o veículo em um estacionamento de Täsch e viajar os 12 minutos finais de trem, já que apenas carrinhos elétricos convertidos em táxis podem circular na vila.

Como desembarquei no escuro da noite, tomei um susto ao abrir a janela do quarto pela manhã. Em contraste com o silêncio absoluto, a vista da estação cercada de perto por montanhas bem verticais e altíssimas, no miolo do vale de Matter, era escandalosa.

Instalado no Cervo, um hotel-butique que flerta com o design e o luxo, eu precisava desse cenário para saltar da cama e colocar a roupaiada – camiseta e calça térmica, duas meias de lã (só nos States eu compraria uma apropriada), calça de neve e jaqueta com forro polar, além de um longo checklist: luvas, gorro, óculos de sol, protetor solar, lipstick, máquina fotográfica, ski pass, cartões, dinheiro.

Baseando-me no jantar da noite anterior, no próprio Cervo – entrecôte de black angus seguido de trufa de chocolate do tamanho de uma bola de bilhar –, o café não me decepcionaria, então era hora de lavar o rosto com as amenities Molton Brown e sair.

Segredinho murado

Em Zermatt, a vila desconhecida de muitos brasileiros, do metro quadrado a € 13 000, dos cães são-bernardo que posam para fotos, fala-se o suíço-alemão (que nem os germânicos entendem), o sorriso nos hotéis é pré-requisito, a eficiência e a pontualidade têm padrão Fifa.

Pelas ruazinhas da vila de 5 600 habitantes, as fachadas de madeira, as lojas de equipamentos e o vai-e-vem de esquiadores não diferem muito dos de vilarejos alpinos clássicos, mas a muralha de montanhas, a ausência de carros e o relativo anonimato do resort dão a sensação de estar em uma estação exclusiva, murada pelos Alpes.

Mesmo sem ostentar as grifes de St. Moritz, as vitrines são caras, e eu e minha polar passamos vergonha nos jantares dominados pelos casacos de pele.

Depois de pegar o trenzinho para Rotenboden, a 2 819 metros de altitude, usei o ski pass para descer uma pista de sledge com um trenó de madeira (ali chamado de tobogganing). De volta ao trem, subi ao restaurante 3100, onde comi uma autêntica fondue suíça, precedida de uma seleção de embutidos, calórica como é próprio da dieta na montanha.

À noite, fui ao famoso hotel Mont Cervin para jantar no Capri, um dos únicos estrelados Michelin de Zermatt. Aquém do dress code, eu me abstraí das cashmeres: o lugar era interessante demais para não aproveitá-lo.

Estação de esqui de Zermatt, na Suíça
As Luzes Do Portentoso Hotel Mont Cervin, O Copacabana Palace De Zermatt Mont Cervin/Divulgação

Após um pot-pourri de peixes crus, saboreei uma trilogia de cordeiro e continuei: pre-cheese, queijos, pre-dessert, sobremesa… Na hora dos petits-fours, o garçom trouxe um carrinho com macarons e nougats tanto para acompanhar o café quanto para levar para o hotel, embalados na hora em celofane. Quanta classe!

Encontrei poucos conterrâneos em Zermatt, e um deles surtou ao saber do meu trabalho. “Não vai espalhar”, ele disse, defendendo o seu secret. A falta de conhecimento sobre o resort distancia os brasileiros de uma das mais privilegiadas experiências nos Alpes e de um dos grandes postais do mundo.

Altivo no skyline da vila, o monte Matterhorn (4 478 metros), o maior símbolo da Suíça, é a montanha piramidal com cume torto que você vê na embalagem do chocolate Toblerone. Isolado das elevações vizinhas, o pico sobressai em sua forma única de qualquer ângulo do resort, principalmente nas pistas.

Estação de esqui de Zermatt, na Suíça
A Matterhorn Também É Famosa Por Inspirar O Logo Do Chocolate Toblerone

Então, era hora de esqui, bebê, e lá fomos eu e o instrutor austríaco Stephan para o Matterhorn Glacier Paradise, com vista para a majestosa montanha.

Paciente e motivador, ele retomou o aprendizado do snowplow e, esquiando de costas para a pista, começou a jogar sua luva para eu apanhá-la em movimento. Conforme eu inclinava o corpo à direita ou à esquerda para pegá- la, o esqui se movia para o lado oposto, fazendo curvas. Eu saía do estágio sem noção para um legítimo beginner.

Bons instrutores são importantes fidelizadores de turistas nos resorts. Em Courchevel, muitas famílias reservam o mesmo professor para a temporada seguinte. A longa convivência faz deles um componente importante da viagem, e não é para menos, já que o serviço por cinco dias pode custar US$ 3 500 – 20% para eles, 80% para a escola.

Após duas produtivas horas, peguei o teleférico para Rotthorn (3 103 metros), de onde fotografei o Matterhorn e a vila microscópica no fundo do vale. De volta a Zermatt, parei no lotado Papperla Pub. Esquis e pranchas de snow do lado de fora, o bar formigava de esquiadores a caráter, com bota e tudo, como é da natureza do après ski. Entornei uma gelada e encerrei meu expediente na buena.

A montanha Matterhorn é a mais alta da Suíça
A Montanha Matterhorn É A Mais Alta Da Suíça Claudia Beyli/Pixabay

Ficha técnica — Zermatt, na Suíça

• Localização

Vale de Matter, cantão de Valais, Alpes, sudoeste da Suíça. Site oficial

• Temporada

Final de novembro a meados de abril (cerca de 140 dias)

• Neve acumulada (média em cm)

Estação de esqui de Zermatt, na Suíça

• Montanha

Na fronteira com a Itália (onde é chamado de Cervinio), o Matterhorn, o monte-ícone da Suíça, está na linha da cordilheira que separa as montanhas de Zermatt das elevações italianas de Breuil-Cervinia e Valtournenche, no Valle d’Aosta. Lifts conectam todas as montanhas, mas é necessário um ski pass internacional para combinar Zermatt com os resorts italianos.

• Pistas, extensão e lifts: 150 pistas, 360 km, 54 lifts

Os números acima referem-se ao chamado Matterhorn Ski Paradise, que inclui as montanhas italianas do Valle d’Aosta. Em Zermatt, a extensão esquiável é de 200 quilômetros.

• Ski Pass

Só para Zermatt, o ski pass de seis dias custa a partir de CHF 340, a depender do período escolhido. Com Cervinia, sobe para (a partir de) CHF 380 e, para os três resorts, CHF 463. Fora do inverno, a cidade funciona normalmente – há 21 quilômetros de pista com neve no verão! Confira os preços e compre seu passe aqui.

• Aluguel de equipamentos

Desde CHF 324 o kit de esquis com botas e capacete, por seis dias, e desde CHF 271 o de snowboard, na Intersport, que tem quatro lojas na vila.

• Aulas

CHF 490 (cinco horas, individual, mais CHF 40 por pessoa para um grupo de até três praticantes), CHF 355 (três aulas coletivas de 4h30 cada uma), na Schweizer Ski.

Guia VT

O filé
Autêntico hotel-butique de montanha, o Cervo tem quartos com papel de parede xadrez, cafeteira de expresso, banheira e amenities Molton Brown, parte de uma experiência que também é gastronômica e etílica – não perca o animado après ski. Erguido em 1862, o Mont Cervin é o Copacabana Palace de Zermatt, um hotel de luxo com três restaurantes (o Capri, estrelado pelo Michelin), fumoir lounge, spa e atendimento cativante, com ótima monitoria para as crianças.

Anexo ao cinema da cidade e dentro do pitoresco Backstage Hotel, o restaurante After Seven exibe despojamento, pendões artísticos e duas estrelas Michelin. O local oferece menus de quatro, cinco e sete passos.

No 1818 Eat & Drink, o outro estrelado da vila, a aposta em pratos minimalistas com ingredientes da estação é óbvia e eficiente.

Barganhas
Para se hospedar com economia em Zermatt, o melhor esquema é alugar um lodge ou apartamento. O site Interhome traz opções interessantes, algumas por pouco mais de CHF 100 para quatro pessoas. Para comer, o DuPont tem pratos principais por CHF 15, pouco menos do que os CHF 19,50 cobrados por um hambúrguer gourmet do Snowboat.

Se você for à italiana Cervinia, guarde o almoço para as massas caseiras a preços amigos do Chalet Etoile. Se quiser economizar os CHF 42 do trenzinho de Gornergrat, use o ski pass e suba de cable car até Rothorn (3 103 metros), de onde a vista do Matterhorn também é excepcional.

Crianças & off ski/après ski
Sorte da criançada que se hospeda no Mont Cervin, o Nicos Kids Club é um must infantil. Na montanha, a personagem Wolli’s (uma ovelhona amiga) é a anfitriã dos pequenos na pista para aprendizado de esqui em Sunnegga. Para famílias, o trenzinho vermelho do Gornergrat é um combo de atrações, embora não seja barato. Por CHF 74 (CH 37 para menores de 17 anos, grátis para menores de 9), você pega o trem na vila, desce em Rotenboden, a 2 819 metros, aluga um trenó e desce 2 quilômetros de tobogganing (u-hu!) à vontade, a tarde inteira, até os 2 582 metros de Rifelberg.

No trajeto direto desse trem de Zermatt para Gornergrat (CHF 76, mesmos descontos para menores), a vista dos Alpes a 3 089 metros é espetacular, com um horizonte de 29 picos acima dos 4 000 metros, Matterhorn incluído. Para ver o monte lá de cima sem pagar a mais por isso, use o ski pass e suba até Rothorn.

Na vila, o Matterhorn Museum surpreende pela riqueza da reconstrução do estilo de vida local no século 19 e pelas relíquias da primeira escalada à famosa montanha. Para o après, o Papperla Pub, no centrinho, está sempre lotado. Considere também o après do Cervo, estiloso e cheio de gente bonita.

Como circular
A pé, da vila, você vai tanto para o funicular Sunnegga (que leva a Rothorn e às pistas a leste) quanto para a gôndola Mattherhorn Express I (conexão para os lifts a sudoeste do resort, na direção das montanhas italianas). Se a caminhada com botas e esquis parecer longa, peça ao hotel para chamar um táxi.

Como chegar
Zermatt fica três horas ao sul de Zurique. Quem vai de carro precisa deixar o veículo em uma garagem de Täsch e seguir os 12 minutos finais de trem, já que somente carrinhos elétricos circulam no resort. Aliás, é possível fazer a viagem Zurique-Zermatt inteira pela ótima rede ferroviária da SBB. Pegue o trem em Zurique para Visp (de hora em hora) e, de lá, para Zermatt (a cada 30 minutos).

As 10 melhores estações de esqui do mundo

Europa:

 Courchevel

 Chamonix

 Zermatt

 St. Moritz

 Innsbruck

 Cortina D’Ampezzo

Estados Unidos:

 Aspen

 Vail

 Jackson Hole

 Park City

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Fonte: viagemeturismo

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