Ex-funcionárias da filial norte-americana da Nintendo denunciaram a empresa por serem submetidas a assédio sexual e condições desiguais no ambiente de trabalho. Os relatos foram colhidos por uma reportagem do Kotaku, que ouviu 10 diferentes fontes anônimas que trabalharam na Nintendo of America (NoA) em algum momento da última década.
O caso coloca a Nintendo no grupo de empresas com Activision Blizzard e Ubisoft, como desenvolvedoras denunciadas por ambientes tóxicos de trabalho.
O foco dos problemas estaria na relação da NoA com funcionários terceirizados contratados pela Aerotek. Entre funcionários terceirizados, responsáveis por realizar testes de produtos da Nintendo, mulheres recebiam substancialmente menos do que os homens e não tinham oportunidades de avançar ou serem efetivadas pela empresa do Mario.
Após nove anos trabalhando com a Nintendo, uma testadora descobriu que recebia cerca de 3 dólares (cerca de R$ 15) a menos por hora trabalhada do que um testador homem iniciante.
Apesar de os projetos da NoA com a Aerotek reunirem centenas de pessoas, o grupo era formado majoritariamente por homens. Cinco fontes que trabalharam na Nintendo estimam que a porcentagem de mulheres contratadas no setor de testes girava em torno de 10%, dificilmente passando de uma dezena de contratadas.
“Qual a cor da sua calcinha?”
A diferença no tratamento entre homens contratados e mulheres terceirizadas no setor de testes também contribuía para um clima hostil dentro da Nintendo of America.
Em novembro de 2010, em um evento de gala da Nintendo, Eric Bush pediu que um terceirizado perguntasse a uma colega qual era a cor de sua calcinha. Eric Bush ocupa um alto cargo na Nintendo e seu nome pode ser encontrado nos créditos de jogos como The Legend of Zelda: Breath of the Wild.
De acordo com a reportagem, o braço da empresa nos Estados Unidos estaria impregnado pela “cultura de fraternidade”, em que homens desrespeitam mulheres com piadas que envolvem assédio moral e sexual. Em um dos casos, um tradutor teria exibido materiais inapropriados relacionados a Pokémon e Genshin Impact em uma sala de bate-papo da empresa no Microsoft Teams.
Uma testadora terceirizada relatou o incidente, mas foi orientada a não falar sobre o assunto, enquanto o funcionário teve, como penalidade, um treinamento sobre assédio sexual.
“Tá fazendo charminho?”
Outro caso relatado envolvia uma funcionária que estava em um relacionamento lésbico aberto durante seu período na Nintendo of America. O coordenador de apoio da funcionária, significativamente mais velho, chegou a dizer que a sexualidade da mulher era “meio triste”.
A mesma funcionária também teve que lidar com avanços indesejados de colegas de trabalho heterossexuais, que disseram que ela estava fazendo “charminho” ao deixar claro que não se relacionava com homens.
Dentro da empresa, era comum que funcionários em tempo integral da Nintendo namorassem contratados precariamente empregados. Muitos dos “crachás vermelhos” da NoA, como eram conhecidos os funcionários em tempo integral, tinham a reputação de usar o grupo de testadoras terceirizadas como uma espécie de “grupo de pretendentes”.
Os tons de conversas entre homens de crachás vermelhos com terceirizadas foram descritos como um flerte constante.
Problemas na Nintendo of America
As novas informações expõem ainda mais a Nintendo of America como uma desenvolvedora com ambientes tóxicos para trabalho. A filial norte-americana foi acusada, neste ano, de desarticular sindicatos e perseguir funcionários que tentavam lutar por melhores condições dentro da empresa.
Embora o comportamento tóxico pareça ser o padrão dentro da empresa, o presidente da NoA, Doug Bowser, assinou uma declaração condenando os relatos de assédio sexual na Activision Blizzard
Na época em que o escândalo da publicadora de Call of Duty estourou, a Nintendo atualizou a política de Governança Corporativa com o compromisso de “aumentar a proporção de mulheres em cargos gerenciais”
O Kotaku entrou em contato com a Nintendo sobre quais medidas concretas a empresa estava tomando para melhorar sua diversidade de gênero, mas não recebeu um comentário até o momento da publicação.
Fonte: Kotaku
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