O vereador tenente coronel Marcos Paccola (Republicanos), que matou o agente socioeducativo Alexandre Miyagawa durante uma abordagem na região Central de Cuiabá, criticou os comentários feitos pela colega parlamentar, Edna Sampaio (PT), que disse se sentir ameaçada de estar em um ambiente com colegas armados. Segundo ele, a fala é “desprezível”. O bolsonarista ainda pontuou que ela não se sente desta maneira quando visita locais “controlados por facções criminosas”.
“É até desprezível fazer qualquer tipo de comentário de alguém se sentir amedrontado perto de um policial”, disparou o vereador.
Segundo Paccola, a vereadora não se sente assim em locais que visita, onde os índices de criminalidade são altos. “Quando vai a locais controlados por facções criminosas não se sente assim, mas diz se sentir insegura do meu lado. É um discurso deturpado, para dizer para as pessoas que sou alguém perigoso. Tenho 20 anos de polícia é só ver a minha trajetória, nunca peguei minha arma para ameaçar qualquer pessoa”.
Recentemente, Edna disse que “todo mundo se sente ameaçado quando você está num lugar onde você sabe que as pessoas usam armas e você diverge delas, e que em determinado momento a pessoa pode ficar tensa e acontecer… porque já aconteceu isso em vários lugares, parlamentos, inclusive no Congresso Nacional”.
Segundo Edna, ela soube que alguns colegas andam armados durante a reunião realizada na segunda-feira (4) para discutir o ‘caso Paccola’. Além de Paccola, também circulam armados os vereadores Sargento Joelson e Sargento Vidal.
“Não sei se mais alguém tem porte de arma aqui. Mas acho que não podemos aceitar que entrem aqui armados, aqui é uma casa da democracia, do debate político, do enfrentamento político também, das divergências, tem tensão, isso é normal, a democracia é isso, então não se pode colocar dentro dessa casa a possibilidade de um disparo, de uma fatalidade aqui, porque isso já aconteceu em outros parlamentos, inclusive no Congresso Nacional”, argumentou Edna.
O Congresso Nacional já foi palco de dois assassinatos. O primeiro foi em 1929, quando a Câmara Federal ainda era no Rio de Janeiro. Simões Lopes e Sousa Filho entraram em confronto físico, Sousa foi baleado e morreu no local. Em 1963, o senador Anon de Mello, pai do atual senador Fernando Collor, atirou contra o também senador Silvestre Péricles, que desviou. Um dos tiros, no entanto, atingiu o senador José Kairala, que morreu horas depois. Em 1967, quando os deputados Nelson Carneiro e Estácio Souto Maior (pai do piloto Nelson Piquet) sacaram suas armas e atiraram um no outro, mas os dois sobreviveram.