A polícia de Paris, na França, usou gás lacrimogêneo em confrontos com manifestantes nesta sexta-feira, 23, que se reuniram do lado de fora de um centro comunitário curdo no centro de Paris, onde um atirador matou três pessoas e feriu outras quatro.
O confronto com dezenas de manifestantes, a maioria da diáspora curda, começaram quando o ministro do Interior francês, Gerald Darmanin, visitou o local do tiroteio, no Centro Cultural Curdo Ahmet-Kaya, na Rue d’Enghien.
O suspeito do ataque foi preso. Todas as três pessoas mortas durante o tiroteio dentro e perto do centro eram curdas, confirmou o advogado do centro à emissora americana CNN.
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O suspeito, um francês de 69 anos, não fazia parte de nenhum grupo de extrema direita monitorado pela polícia, disse Darmanin a jornalistas no local.
“[O suspeito] claramente queria descontar em estrangeiros”, disse Darmanin. “Por enquanto, nenhum elemento pode nos permitir saber se o ataque visa especificamente o povo curdo”, acrescentou.
A promotora de Paris, Laure Beccuau, disse na sexta-feira que os investigadores não estão descartando possíveis “motivações racistas” por trás do tiroteio.
“Quando se trata de motivações racistas, é claro que esses elementos fazem parte da investigação que acaba de ser lançada”, disse Beccuau.
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A polícia em Paris e em toda a França recebeu ordens de proteger locais curdos e instituições diplomáticas turcas após o ataque, de acordo com Darmanin. Ele também pediu ao presidente e ao primeiro-ministro francês permitir que os curdos realizassem manifestações.
O tiroteio de sexta-feira no 10º distrito de Paris não foi classificado como um incidente terrorista, embora todas as vias estejam sendo investigadas. O promotor antiterrorismo de Paris está “avaliando” os fatos, mas a investigação ainda está sendo conduzida pelas autoridades judiciais da cidade, disse seu escritório.
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“Estamos avaliando os fatos para saber se o fato deve ser qualificado como ato de terrorismo”, disse o Ministério Público.
Após o incidente, multidões se reuniram perto do centro, onde pessoas da diáspora começaram a gritar, em coro, a frase “Şehid Namirin”, que significa “aqueles que estão perdidos nunca estão realmente perdidos, mas conosco”, em curdo.
Algumas pessoas também foram ouvidas cantando “Assassino Erdogan”, em referência à postura dura do presidente turco Recep Tayyip Erdogan contra o nacionalismo curdo e suas políticas repressivas em relação a militantes curdos de extrema esquerda.
Fonte: Veja