O Senhor dos Anéis foi uma revolução no mundo do cinema. A trilogia de filmes de Peter Jackson foi aclamada pelo mundo inteiro em questão de fidelidade ao seu material original e pelos avanços tecnológicos da época – principalmente o CG – e ainda gerou videogames, edições especiais, prequela e até a nova série da Prime Video Brasil, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder.
Mas as gravações da trilogia nem sempre foram as mil maravilhas para Peter Jackson, que teve que fazer vários ajustes em maquiagem, calendário e locação para agradar alguns atores do elenco – e mesmo aqueles que estavam estreando no cinema na época.
Não é desconhecido que muitos atores da trilogia de J.R.R. Tolkien ficavam horas se maquiando para gravar por apenas algumas horas do dia. Mas para John Rhys-Davies, que interpretou Gimli (e a voz de Barba-árvore), o processo de maquiagem era excruciante. Além de ficar horas se maquiando, sua pele teve uma péssima reação alérgica e o obrigou a ficar o mínimo de tempo possível com as próteses do anão. Por isso, seu dublê Brett Beatie entrava em cena para ajudar o intérprete de Gimli.
O processo para Rhy-Davies foi tão desagradável que quando o diretor o chamou para reinterpretar o anão na prequela de O Senhor dos Anéis, O Hobbit, o ator teve que recusar.
Isso sim é um pedido digno de um rei. O intérprete de Aragorn pediu para que ao longo das filmagens, ele cavalgasse somente com garanhões, ou seja, aqueles cavalos que não foram castrados. O pedido bem inusitado tinha o propósito de que ao final das gravações o ator pudesse comprar os cavalos que foram usados por seu personagem a fim de, eventualmente, eles serem cruzados com éguas em sua fazenda.
O fato veio à tona em 2006, quando a intérprete de Éowyn, Miranda Otto, explicou que o cavalo castrado que ela montou nos filmes foi originalmente comprado para Mortensen, mas que ele queria montar um garanhão, então foi dado a ela. No final, o ator montou dois cavalos diferentes durante seu tempo de filmagem dos filmes e, finalmente, comprou os dois quando a filmagem foi concluída.
Ainda para completar, o ator também comprou o cavalo branco que Arwen montou em A Sociedade do Anel como presente para a dublê envolvida na cena.
A trilogia de Peter Jackson mostrou para o mundo que filmes podem ser bons usando a ajuda de computação gráfica. Mas, para o ator de Gandalf, nem sempre o uso de tela verde significa que o produto final será bom. Ao reprisar o papel do mago, Ian McKellen achou que o diretor estava mais dependente do uso da tela verde do que na época em que gravaram o último filme da trilogia, O Retorno do Rei. Por isso o ator foi forçado a trabalhar isolado na frente de telas verdes, em vez de com seus colegas artistas – algo que lhe causou muita angústia e até o levou a considerar parar de atuar.
No final, o diretor conseguiu encontrar soluções alternativas que envolviam técnicas menos focadas em tecnologia para tornar o processo mais agradável e natural para o ator e o filme.
Quando um ator é o escolhido, tudo é feito para que ele atue bem. Martin Freeman foi escalado para interpretar a versão mais jovem – no sentido Tolkien onde todos viviam mais de duzentos anos – de Bilbo Bolseiro. Mas, o ator ainda estava envolvido com a produção de Sherlock, série protagonizada por ele (como John Watson) e Benedict Cumberbatch (Sherlock Holmes). Isso significou que, para que pudesse fazer ambos trabalhos ao mesmo tempo, Freeman teve que viajar a Nova Zelândia por um tempo, gravar algumas cenas, voltar para a Inglaterra para a série e, quando terminado de gravar, ele voltaria para o país dos kiwis para terminar de interpretar o hobbit.
Um dos personagens mais memoráveis da cultura pop é aquele do Gollum. Uma excelência de CGI e captura de movimentos quase não se tornou realidade para Serkis ou para os fãs de Senhor dos Anéis. Isso porque o personagem seria somente feito pelo computador e Serkis apenas dublaria o personagem. Então, o ator pediu para que usasse a tecnologia de captura de movimentos – um efeito que Serkis é muito bem reconhecido – e Gollum se tornou o que ele é hoje: lendário.
Com um mundo fictício vasto, já podíamos imaginar que os atores tivessem que viajar para vários locais diferentes. Mas isso se tornou especialmente complicado quando Sean Bean foi escalado como Boromir, já que o ator tem pavor de voar. Então, a produção teve que achar outros meios de fazer com que o ator chegasse aos locais desejados.
Esses outros meios geralmente significavam que Bean teria que caminhar vários quilômetros para chegar ao local. O ator até usava um teleférico quando estava disponível para subir parcialmente a montanha, mas foi forçado a caminhar o resto do caminho em seu traje completo de Boromir.
Christopher Lee já era grande fã da obra de Tolkien, tanto que o ator foi o único do elenco que o conheceu ainda vivo. Mas, apesar de seu esforço, o ator não conseguiu o papel que queria a princípi: Gandalf. Isso fez com que a relação entre o ator e diretor azedasse, mas no final o ator reconsiderou e ganhou outra posição dentro da produção. Peter Jackson não poupou de usar o ator como uma das fontes para a melhora do roteiro e cenas, mas, o barato veio caro, já que o intérprete de Saruman não parava de falar com o diretor para mudar muitas cenas. O jornal The Guardian também relatou que o ator não ficou nada feliz quando o diretor teve que fazer cortes significativos em O Retorno do Rei para o cinema.
Um dos fatos mais chocantes, no entanto, foi enquanto gravavam a cena da morte de seu personagem e, como o ator foi oficial de inteligência da RAF no início de sua vida e foi anexado a unidades de forças especiais como o SAS durante a Segunda Guerra Mundial, Lee descreveu exatamente o som de um homem quando apunhalado pelas costas.