O quebramento de plantas e apodrecimento de grãos da soja nas lavouras em Mato Grosso segue causando prejuízo e tirando o sono dos agricultores. Pesquisadores de 17 instituições no estado e uma em Rondônia esperam obter respostas para o caso da anomalia ainda no fim desta safra 2022/23.
A anomalia da soja e a apreensão que ela vem causando aos produtores é o tema desta semana do episódio 65 do Patrulheiro Agro.
Em Mato Grosso, uma rede de ensaios com diferentes cultivares e fungicidas está sendo avaliada minuciosamente, com a coordenação da Embrapa.
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A questão, afirma a pesquisadora da Embrapa Agrossilvipastoril Dulândula Silva Miguel Wruck, é tratada como “anomalia” visto que é algo ainda desconhecido entre as patologias do campo.
“Há umas três safras nós começamos a observar essa ocorrência de apodrecimento das vagens. Naquele primeiro momento ficou anomalia. Só que agora, na safra passada, começou-se a observar também o quebramento”, pontua a pesquisadora.
Conforme Wruck, a partir do estádio R5 da soja, que é o de desenvolvimento dos grãos, tem-se verificado que um simples esforço ou tensão na planta já a quebra. Por sua vez, a questão do apodrecimento das vagens ocorre no final do ciclo.
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“No momento nós estamos tratando de coisas distintas. Pode até ser o mesmo agente ou causa. Mas, por enquanto, a gente não sabe”, diz.
Produtores de soja intensificam monitoramento
O monitoramento das lavouras foi intensificado pelos produtores mato-grossenses.
Produtor em Ipiranga do Norte, Leonir Gatto afirma que o patógeno está presente novamente nesta safra e em maior quantidade do que em anos anteriores.
“Possivelmente, estamos encontrando mais porque estamos fazendo um monitoramento diferenciado. Se está procurando mais. Nós fizemos algumas adaptações, [usamos] algumas variedades que a gente observou que eram mais resistentes, época de plantio demos uma remanejada e os fungicidas também”, comenta o produtor, que chegou a colher em uma área com pivô 47 sacas por hectare, devido à anomalia, quando a expectativa era de 80 sacas/ha.
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Peças que precisam ser encaixadas
“A gente está com as peças, e está precisando ordená-las corretamente para tentarmos chegar a uma conclusão”, diz a pesquisadora da Embrapa.
De acordo com Wruck, determinados fungos foram localizados em plantas com a anomalia. Entretanto, ao inocular em plantas sadias os sintomas não se reproduzem.
“Aí fica a questão. O fungo está presente como causa ou consequência? Então, é prematuro a gente chegar e falar que é o fungo X a causa, porque não conseguimos depois reproduzir em condições artificiais os mesmos sintomas. A gente espera agora no fim da safra, assim que começarmos analisar os dados, pelo menos eliminar o que não seja a causa”.
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Fonte: canalrural