O automóvel Volkswagen SP 2, lançado no mercado brasileiro no início dos anos de 1970, acabou representando uma ação de curta duração que a criatividade brasileira denominou de voo de galinha, conta o jornalista e especialista no mercado automotivo, Luiz Carlos Secco.
O curto voo dos modelos SP da Volkswagen no mercado brasileiro *
Em economia, voo de galinha ocorre quando uma empresa ou o próprio país e qualquer entidade inicia um processo de crescimento, mas que, por falta de condições estruturais ou de mercado não se mantém com a força necessária e, em pouco tempo, morre, acabe ou volte a aterrissar com as mesmas deficiências.
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Interessante esse comentário porque o SP2 me surpreendeu no dia em que fui fazer registros fotográficos para a reportagem que fiz para Jornal da Tarde.
Para essas fotos, procurei um lugar que tivesse uma pequena elevação para tentar um registro em que pelo menos as rodas levantassem do chão para transmitir uma imagem de ação.
“Levei o carro a uma distância de aproximadamente 100 metros e acelerei para atingir, com segurança, a velocidade de 60 quilômetros por hora. O SP2 me deu a impressão de querer voar e subiu à altura de aproximadamente um metro e aterrissou no chão com uma forte bancada que me fez bater a cabeça no teto”, relata Secco.
Salto, além do esperado
Esse salto, além do esperado, entusiasmou o Oswaldo Luiz Palermo que me disse não precisar de outra tentativa porque aquela tinha ficado muito atraente.
O Volkswagen SP2 surgiu há 50 na indústria automobilística brasileira quando uma equipe liderada pelo engenheiro Wilhelm Schmiemann apresentou, na Feira da Indústria Alemã em março de 1971, um projeto de veículo esportivo desenvolvido por um grupo de engenheiros brasileiros formado por Márcio Lima Piancastelli, José Vicente Novita Martins e Jorge Yamashita.
“Nessa época o mercado brasileiro estava fechado a importações e os únicos carros esportes produzidos no Brasil eram o Karmann-Ghia e seu sucessor, Karmann-Ghia TC, e pelos fabricantes independentes que obtiveram sucesso, especialmente o Puma e o Miura”, relembra o especialista.
No dia 1º. de março de 1968, Rudolf Leiding assumiu a presidência da Volkswagen do Brasil e dois anos depois aprovou o projeto do automóvel que, se estivesse ainda em produção, comemoraria meio século de mercado.
Os modelos VW SP1 e SP2 foram apresentados no mercado brasileiro sobre plataforma da perua Variant e com a tradicional e robusta mecânica Volkswagen.
O SP 1 era equipado com motor de 1.600 cm3 de cilindrada e potência de 54 cv. O SP 2 recebeu motor de 1.700 cm3 com potência de 75 cv.
A engenharia da Volkswagen anunciou, no lançamento dos automóveis, que o SP 2 fazia 0-100 km/h em 14,2 segundos e tinha velocidade máxima declarada de 161 km/h, embora as revistas especializadas registraram a velocidade entre 153 e 156 km/h. Em 0 a 100 km/h de aceleração, a fábrica anunciou a marca de 14,2 segundos, mas as revistas conseguiam apenas entre 17 e 21 segundos.
A atenção da mídia especializada
Quando o carro foi apresentado, rapidamente atraiu a atenção da mídia especializada, por seu estilo realmente esportivo, interior requintado, bancos com revestimento de couro, acabamento de alto nível e outras melhorias em relação à linha VW da época, superior inclusive ao outro modelo esportivo da época, o Karman-Ghia, que fascinava o público feminino.
“Após quatro anos em produção, a Volkswagen optou por tirar o SP 2 de linha. Os modelos SP tiveram a produção de 10.205 unidades, das quais 670 foram exportadas para diversos países. Atualmente, é um veículo muito procurado e valorizado por colecionadores”, ressalta Luiz Carlos Secco.
Hoje existem duas unidades expostas em museus da VW na Alemanha, uma branca e uma amarela.
Quando trabalhei no Jornal da Tarde, recebi um SP 2 da Volkswagen para uma avaliação, ocasião em que o fotógrafo Oswaldo Luiz Palermo registrou as cenas que ficaram marcadas e representam bem esse famoso “voo de galinha” do modelo. Saltei com o veículo em um obstáculo e aterrissei logo em seguida, como a frente na terra, conta Secco.
As imagens foram feitas às margens da represa de Guarapiranga, no bairro de Santo Amaro, na época um local bucólico em que os habitantes da cidade realizavam entusiasmantes piqueniques, banhavam-se e passeavam em canoas a remo.
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*Por Luiz Carlos Secco
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