A cada novo encontro, combate ou reviravolta, Xenoblade Chronicles 3 me surpreendia por usar tão bem estereótipos de JRPGs e ainda apresentar tudo de forma orgânica. O mais curioso é que eu não colocava o game como prioridade nesse ano, já que o backlog não para de crescer. Porém, após investir uma boa quantidade de horas na jornada de Noah e seus improváveis amigos, acabei percebendo que isso era exatamente o que eu estava precisando em 2022.
Hello Darkness, my old friend
Sem entrar muito na narrativa, já que seu início lento não faz jus aos acontecimentos insanos que ocorrem durante a campanha, o jogo desenvolvido pela Monolith Soft coloca um grupo de heróis em uma longa aventura. Nada fora do padrão de JRPGs, correto? Mas Xenoblade Chronicles 3 não tem a intenção de reinventar o gênero. Em vez disso, a obra pega muito do que já foi estabelecido e usa de forma inteligente e interessante.
É aquele “mais do mesmo” feito de maneira soberba.
Tem o personagem anti-social com cara de nerd? Sim.
Tem o protagonista com bom coração que vai todos os dias ao bosque colher lenha? Sem dúvida.
Tem a garota que é forte pra caramba, mas se preocupa com os amigos mais do que consigo mesma? Claro.
Tem um grupo de vilões que não são realmente o que aparentam? Opa!
Porém, é na hora de lidar com esses estereótipos que o game de Switch se destaca.
Por exemplo, logo no começo você já está lidando com a temática da morte. A dupla Noah e Mio são dois “off-seers”, guerreiros que usam instrumentos musicais para ajudar colegas mortos a deixarem o mundo. Além disso, os soldados vivem cerca de 10 anos. Lutando em uma guerra que parece nunca acabar.
Ou seja, há uma melancolia constante nas primeiras horas de jogo, algo que dá uma sensação diferenciada, ainda mais para quem jogou os três títulos anteriores da franquia Xenoblade Chronicles.
Take my hand, We’re off to Never-Neverland
Assim como os games anteriores, o mundo de Xenoblade Chronicles 3 é vasto e cheio de perigos. Por causa disso, uma das características que mais gosto na série é a exploração. Adoro passear por cada canto, conhecendo inimigos e descobrindo segredos. É sempre bacaninha ver ao longe um monstro gigantesco de um nível muito acima do seu time, mas que eventualmente você poderá enfrentá-lo de igual para igual.
Esse fator de desenvolvimento é algo presente a todo momento nessa aventura, tanto em relação aos níveis dos personagens como suas interações.
Sendo assim, não é errado apontar que o mundo (chamado Aionios) pode ser considerado um personagem a parte. Um tipo de Terra-do-Nunca com fauna e flora própria, além de caminhos secretos que pedem pela devida atenção do jogador.
Por fim, preciso destacar as partes técnicas que são um verdadeiro show. A jogabilidade funciona com maestria, exigindo o apertar de botões nos momentos certos durante o excelente sistema de batalha. O visual é outro ponto de aplausos, já que consegue usar muito bem o hardware do Nintendo Switch com paisagens lindas e quase nada de problemas na performance.
Agora, se eu não realçar a trilha sonora incrível, estaria sendo negligente com o trabalho de Yasunori Mitsuda, Manami Kiyota, ACE, Kenji Hiramatsu e Mariam Abounnasr. É aquele tipo de composição que se vira muito bem na coleção de discos de qualquer pessoa. Cada faixa é uma delícia de ouvir e vale a sua audição.
Back In Black
Retornar ao mundo de Xenoblade Chronicles é sempre algo gostoso. Gastar dezenas de horas explorando, entrando em lutas, me surpreendendo com a história e curtindo o cenário e as músicas é uma sensação muito satisfatória.
Conviver com os personagens e aprender mais sobre suas motivações também traz uma emoção semelhante a voltar pra casa, já que tudo é familiar, mas sempre pode rolar uma surpresa aqui e ali. Não estou dizendo que você precisa jogar essa jornada, pois ela tem camadas que podem não agradar a todos, no entanto, se nunca jogou alguma obra da franquia, essa é uma opção muito interessante.
Xenoblade Chronicles 3 foi lançado no dia 29 de julho de 2022 exclusivamente para Nintendo Switch.
Xenoblade Chronicles 3 é o RPG que eu não sabia que estava precisando