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Agronegócio

Mulheres driblam o preconceito e conquistam seu espaço no agro e no futebol

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Com apenas 7 anos de idade, Taty Amaro já tinha uma bola nas mãos e um sonho na cabeça: ser jogadora de futebol profissional. E ela conseguiu. Hoje é a goleira do Cruzeiro

A menina cresceu no interior de Goiás com duas paixões: o futebol e a fazenda, onde o pai até hoje trabalha como caseiro. Ela conta que desde novinha acordava cedo, ia para o curral. Com apenas 5 anos, o pai a ensinou a tirar leite e a dirigir trator. Com 8 anos, já ia de trator para a roça de cana para fazer ração para o gado e buscar silagem. 

Ali mesmo na fazenda ganhou a sua primeira bola e começou a trilhar o caminho da sua outra paixão. Jogava contra os meninos e percebia olhares masculinos um tanto surpresos a sua volta.

“Sempre quando ia aqueles caminhoneiros carregar gado, o pessoal ia chegando para trabalhar e tinha uma menina jogando bola sozinha, batendo bola na parede e eles ficavam assim meio que observando, ficavam meio assim: ‘Será que é menina ou será que é menino?”, conta Taty.

Mulheres no agro e no futebol: histórias parecidas

Pior não é a reação de surpresa, mas o preconceito. Nesse aspecto, as mulheres no futebol e no agro têm histórias parecidas. A jornalista Alessandra Bergmann criou um canal no YouTube chamado Campo e Batom, que fala sobre a inserção da mão de obra feminina no agro e os desafios para ainda quebrar barreiras e paradigmas. 

Para ela, a mulher nunca foi encorajada a mostrar o seu espaço. Ela sempre esteve no agronegócio, ela está ali, a pequena produtora rural. Não existe agricultura familiar sem a mulher. Não existe propriedade rural sem uma mulher e ela nunca foi encorajada para mostrar o que ela fazia na propriedade. E ela fazia muito, inclusive muitas vezes encorajava os homens a serem os dirigentes das propriedades e isso está mudando agora.

Segundo a jornalista, a mulher está fazendo uma nova transformação nesse setor que vai trazer com naturalidade a próxima geração de mulheres que virá para o agro. Tudo vai ser tratado de uma forma muito natural. Ninguém vai mais questionar se tem uma mulher mandando num grupo de homens numa propriedade. 

Posições de liderança

Não vai ter questionamento. As empresas do agro hoje já estão colocando mulheres em posição de liderança. Um exemplo é Tereza Vendramini, que se tornou a primeira mulher a assumir a presidência da tradicional Sociedade Rural Brasileira (SRB) em mais de 100 anos de entidade. 

Teka, como é mais conhecida, diz que não se sente uma pioneira, mas alguém com a obrigação de cumprir a missão muito bem.

“Ser essa mulher, com essa responsabilidade e trabalhar muito. E de novo, vou ser repetitiva: falar para as mulheres que é possível, com muito empenho, determinação e uma palavrinha que eu falo. Coragem, porque sem coragem, cara, a gente não vai a lugar nenhum”, diz ela.

Segundo o IBGE, mais de 30% das lideranças das propriedades rurais hoje são compostas por mulheres. Muitas delas acabaram se tornando donas da propriedade, porque ficaram viúvas e tiveram que assumir o papel que o marido fazia. Mas muitas já estão assumindo a propriedade porque os pais já estão fazendo a sucessão para essas mulheres. Ou algumas saíram das propriedades, estudaram e estão voltando para as propriedades. 

O campo só tem a ganhar com isso. O futebol feminino também vem ganhando cada vez mais destaque no cenário nacional.

Taty conhece bem esses dois campos e sabe que como ninguém as semelhanças entre eles. “A mulher do agro e a mulher do futebol. Ambas têm que ter força, ambas têm que ir à luta. Tem que passar por cima de tudo porque é um meio governado por homens. E muitos deles machistas, que não querem ver uma mulher, uma menina crescendo naquilo que era antigamente só para homem. Mas hoje está mudado, hoje tem mulher que é chefe. Tem mulher no agro que é chefe do próprio marido. Ganha mais do que o cara. O cara cuida da casa e ela cuida de questões lá da fazenda. Enfim, tudo já está bem melhor”, diz.

 

Fonte: canalrural

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