Você chama pra escovar os dentes… silêncio. Pede pra colocar o casaco… e nada. Mas basta cochichar algo do outro lado da casa e ele escuta na hora.
Se você é mãe (ou avó), provavelmente já viveu esse tipo de cena. E a vontade de levantar a voz, a gente sabe, vem rapidinho.
Mas e se existissem formas mais eficazes — e carinhosas — de ser ouvida?
Especialistas garantem: tem jeito sim. E o segredo está nos pequenos ajustes da forma como a gente se comunica.

Sabe quando você diz tudo de uma vez só?
“Desliga a TV, sobe, troca de roupa, escova os dentes e guarda os brinquedos!”
Pois é. O cérebro da criança ainda está aprendendo a organizar informações. Ao ouvir tudo de uma vez, ela simplesmente desliga.
O ideal é dividir em etapas.
Diga, por exemplo:
“Quando o desenho acabar, você vai colocar o pijama. Depois, a gente se encontra no banheiro pra escovar os dentes.”
Simples. Claro. E mais fácil de ser seguido.
A criança não precisa de discursos longos. Quanto mais enrolamos, mais ela se perde.
Em vez de:
“Vamos encontrar o primo no parque e você pode querer correr, então melhor colocar o tênis…”
Diga:
“Coloca o tênis. Vamos ao parque.”
Sem floreios. E com muito mais chance de ela cooperar.
Só falar pode não ser suficiente. Criança precisa de atenção plena e conexão visual.
Aproxime-se, fique na altura dela, toque levemente os ombros e diga o que precisa com calma, olhando nos olhos.
E depois, pergunte:
“Você entendeu? Me conta o que eu falei.”
Transforma a instrução em jogo — e ajuda na compreensão.
Repetir cinco vezes a mesma coisa ensina que ela pode esperar até a quinta.
O ideal? Fale uma ou duas vezes no máximo. Se não funcionar, mostre com atitudes calmas e consistentes.
Por exemplo:
“Se você não guardar o brinquedo agora, ele vai ficar guardado até amanhã.”
Se guardar, elogie:
“Você escutou na hora! Obrigada por colaborar!”
Reforço positivo funciona muito mais do que bronca.
Ouvir pode — e deve — ser divertido!
Durante uma caminhada, brinque:
“Consegue ouvir o que tem por aqui? Um passarinho? O barulho do vento?”
Cantar juntos e falar sobre a letra também ajuda:
“O que será que essa música quer dizer?”
Esses jogos sensoriais treinam o ouvido da criança, de forma lúdica e leve.

Se queremos que eles nos escutem com atenção, precisamos escutá-los primeiro.
Sabe quando você responde de costas, mexendo no celular ou picando legumes? Eles percebem. E absorvem esse modelo.
Pare por alguns minutos. Olhe nos olhos. Ouça mesmo o que parecem bobagens. Esse tempo de qualidade faz milagres na escuta mútua.
Gritar com a criança ajuda?
Não. Pode assustar e até piorar a escuta a longo prazo. O ideal é usar firmeza com calma.
Como ensinar a criança a obedecer sem briga?
Com instruções claras, rotina, consequências coerentes e reforço positivo.
Meu filho só me ouve quando grito. O que fazer?
Mude o padrão: fale uma ou duas vezes no máximo e aja em seguida. Com o tempo, ele entende que os pedidos valem de verdade.
É normal a criança “ignorar” os pais?
Sim, até certo ponto. O cérebro infantil está em desenvolvimento. Mas com estratégia e paciência, isso melhora.
Fazer as crianças ouvirem sem gritar não é sobre ter pulso firme demais, nem ser permissiva demais. É sobre equilíbrio.
E acima de tudo, é sobre presença, clareza e consistência. Quando a conexão está forte, o ouvido (e o coração) se abrem com mais facilidade.
Fonte: curapelanatureza