Repleto de filmes de grandes franquias sendo lançadas, o ano de 2022 foi um importante e surpreendente ponto de retomada para os cinemas após os anos de Crise Global que tivemos.
Neste ano, pudemos finalmente ver filmes fora dos novos circuitos tracionais sendo bem-sucedidos dentro e fora de seus contextos, como Top Gun: Maverick e Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo.
Obviamente, em um ano tão especial para o cinema, não poderíamos ter deixado de fazer uma lista dos melhores filmes de 2022.
Mas antes que possamos seguir para a lista de fato, é importante ressaltar que ela contém apenas obras que foram lançadas oficialmente no Brasil em 2022. Os Fabelmans, que só estreia no país em 12 de janeiro, acabou tendo que ficar de fora, por exemplo. Confira o ranking:
10 – Avatar: O Caminho da Água
Com problemas narrativos claros, Avatar: O Caminho da Água pode ser definido de diversas formas, menos como um filme comum, dado todo seu teor revolucionário.
Isso pois, o retorno de James Cameron aos cinemas veio ditando tendência para o futuro, ao apresentar uma proposta de imersão que o público sequer vislumbrava.
Mesmo estando mais próximo do conceito de uma grande experiência do que de uma obra cinematográfica, a sequência de Avatar não poderia ser ignorada na lista dos 10 melhores filmes de 2022.
No filme, passaram-se pouco mais de 10 anos após os momentos de tensão vividos em Pandora por conta da desenfreada e desumana exploração. Agora, a alma de Jake Sully (Sam Worthington) vive em seu novo corpo Na’vi.
Com a nova família formada com Neytiri (Zoe Saldana), eles vivem no espetacular universo do planeta, onde fazem alianças para manter a paz. Tudo muda radicalmente quando a corporação RDA retorna para terminar o que havia começado. Chegou a hora de formar um exército para proteger o seu futuro da nova ameaça humana.
9 – Noites Brutais
O cinema de terror se reinventou muito nos últimos anos, e Noites Brutais é um exemplo muito claro disso.
Sendo a grande surpresa do ano, o filme é daqueles que é melhor você nem buscar tantas informações sobre, pois é só apertar o play no Star+ e ficar e queixo caído.
Assim como Avatar: O Caminho da Água, Noites Brutais entrega uma experiência cinematográfica ímpar, à sua maneira, é claro. Mas faz isso tendo uma narrativa bem coesa e amarrada.
No filme, uma jovem descobre que a casa que alugou já está ocupada por um estranho. Contra seu melhor julgamento, ela decide passar a noite por lá, mas logo percebe que há muito mais a temer do que apenas um hóspede inesperado.
8 – Batman
Aqui está um caso de filme que dificilmente é julgado sem tanta emoção, pois é subestimado demais por quem não gostou de seu ritmo, e superestimado demais por quem amou seu conceito.
Em tempos em que empresários que discordam de algo são presos por tentativa de atentado e posse de armas, Batman se faz necessário como um filme que trabalha a separação do herói do conceito de vigilantismo, que vem sendo confundido com fascismo por algumas pessoas com más intenções.
Não era uma missão fácil, afinal, ele teve que ressignificar o Batman após a DC mostrar ele marcando criminosos a ferro quente, e até mesmo os metralhando sem nenhum peso na consciência,
O filme de Matt Reeves faz questão de colocar o herói em pé de igualdade com o vilão por isso. Batman e Charada são os mesmos e vieram do mesmo lugar, a diferença, além das oportunidades que um teve e o outro não, está no símbolo que o herói carrega, aliás, que ele entendeu no final que precisava carregar, o símbolo da esperança.
Nem revolucionário, nem um filme qualquer, o novo longa do Homem-Morcego merece bastante a 8ª colocação nesta lista.
Dois anos perseguindo as ruas como Batman, causando medo nos corações dos criminosos, levaram Bruce Wayne para as sombras de Gotham City. Com apenas alguns aliados de confiança – Alfred Pennyworth e o tenente James Gordon – entre a rede corrupta de oficiais e figuras importantes da cidade, o vigilante solitário se estabeleceu como a única personificação da vingança entre os seus caros cidadãos.
7 – Aftersun
Aqui estamos falando de um filme mais íntimo, que com atuações incríveis, conduz o público a uma viagem sobre as memórias que nos fazem pensar quem são as pessoas importantes em nossas vidas.
Aliás, memória em Aftersun é uma palavra-chave, que ao mesmo tempo que provoca reflexão, emociona bastante.
Aftersun é um filme lindo narrado de uma forma linda.
No filme, Sophie reflete sobre a alegria e a melancolia das férias que ela tirou com seu pai 20 anos antes. Memórias reais e imaginárias preenchem as lacunas enquanto ela tenta reconciliar o pai que conheceu com o homem que desconhecia.
6 – Não! Não Olhe!
É verdade que Não! Não Olhe! é bem menos aterrorizante e filosófico do que os filmes anteriores de Jordan Peele, se encaixando bem mais no conceito de ficção cientifica do que de terror.
Aliás, estamos falando aqui de uma ótima ficção imersiva, que tem toda uma complexidade por trás dos muitos temas que sua trama se propõe a debater.
De forma mais didática, Peele reforça que dá sim para abordar temas delicados em boas obras de entretenimento.
É um filme com narrativa simples, é verdade, porém, que não acaba quando rolam os créditos, pois fica na cabeça do público por dias depois de assistido.
Na trama, James Haywood e Jill Haywood (Kaluuya e Palmer) tentam chegar a um acordo com uma entidade estranha que reside acima do rancho de cavalos que eles cuidam. Depois que um ser aparentemente extraterrestre mata seu pai, os dois começam a investigar a atividade alienígena na área.
5 – Glass Onion: Um Mistério Knives Out
Errar em uma sequência de Entre Facas e Segredos seria muito mais fácil do que acertar, a não ser que estejamos falando de Rian Johnson, que sendo um dos cineastas mais talentosos de sua geração, quase foi aposentado por alguns dos fãs mais mimados de Star Wars.
Em Glass Onion: Um Mistério Knives Out, o diretor inverte um pouco o formato do filme anterior, ao mostrar como nos tempos atuais o óbvio é negado por muitas pessoas, mesmo estando muito aparente.
O conceito do filme, sobre a cebola de vidro parecer ter muitas camadas mas na verdade ser muito transparente é muito bem trabalhado, e ajuda a manter o brilho do filme de 2019.
Ele pode não ter o mesmo impacto do primeiro, até porque é quase impossível repetir isso em qualquer sequência que venha a existir, mas é uma excelente continuação.
No filme, após resolver a morte misteriosa do famoso escritor de histórias policiais Harlan Thrombey, encontrado morto dentro de sua propriedade no primeiro filme, Blanc retorna à ativa, agora para desvendar outro caso, tão peculiar quanto.
4 – Argentina, 1985
Aqui estamos falando de uma baita produção sul-americana, que viu a luz do dia graças ao finaciamento do Prime Video.
O potencial concorrente ao Oscar de Melhor Filme Internacional, Argentina, 1985 narra uma das histórias mais duras de nosso continente, que é o do julgamento civil que colocou os homens que comandaram a ditadura militar da Argentina no banco dos réus.
A poderosa atuação de Ricardo Darín e o preciso roteiro do filme, superam o já batido formato de histórias de tribunal, evidenciando os horrores de uma ditadura, para um contexto atual onde uma minoria de pessoas esqueceram do que se trata e até pedem por ela.
A América do Sul já sofreu muito nas mãos de generais tiranos, e que bom que um filme desse tamanho exista para lembrar às pessoas disso.
3 – Top Gun: Maverick
Ninguém estava esperando muita coisa de Top Gun: Maverick desde o anúncio do filme, que pouco depois da páscoa ressuscitou a indústria do cinema com seu formato imersivo.
Um filme básico, porém, que beira a perfeição ao focar em contar uma boa e empolgante história que o estabelece como uma das melhores sequências já feitas na história do cinema.
Aliás, estamos falando aqui de mais um caso de uma sequência que supera com folgas o filme original.
Top Gun: Maverick é a prova de que Hollywood ainda sabe fazer excelentes blockbusters, que não soam artificiais como lanches de famosas franquias de fast food.
No filme, enfrentando um futuro incerto e fantasmas de seu passado, Maverick é atraído para um confronto com seus próprios medos mais profundos, culminando em uma missão que exige o sacrifício final daqueles que serão escolhidos.
2 – Pinóquio por Guillermo del Toro
A história de Pinóquio talvez seja uma das mais batidas de Hollywood, o que se fez questionar o motivo pelo qual Guillermo Del Toro se sentiu tão atraída por ela a ponto de contá-la novamente.
Acaba que o filme da Netflix é uma lição de que nunca deve-se duvidar do diretor, que tem uma das mentes mais brilhantes da indústria do cinema.
Aqui, Del Toro acerta ao dar uma nova roupagem ao mito do Pinóquio, de uma forma muito mais filosófica e emocionante, ao adicionar nele temas como fascismo e religião.
Até a pessoa mais brucutu do mundo não vai conseguir terminar esse filme sem ter derramado uma lágrima sequer.
Na trama, Geppetto vê uma estrela cadente e deseja que o boneco que acabou de criar, Pinóquio, torne-se um menino de verdade. A Fada Azul concede o seu desejo e pede a Jiminy Cricket para servir como a consciência do menino de madeira.
1 – Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
O melhor filme do ano é louco e fala sobre multiverso, mas ironicamente não se chama No Multiverso da Loucura, tampouco é produzido por um grande estúdio bilionário.
Produzido pela competente e modesta A24, Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo é a grande marca de 2022 muito por sua autenticidade, pelas suas atuações, e por sua história incrível.
O filme, que custou apenas US$25 milhões para ser feito, tem lutas extremamente bem coreografadas, e entrega um nível de roteiro e efeitos especiais muito superior ao da grande maioria dos blockbusters de mais de US$ 200 milhões lançados neste ano, que tiveram acesso às tecnologias mais avançadas do mercado.
Acima de tudo, é um filme que tem alma e implora para ser assistido múltiplas vezes.
No filme, acompanhamos uma sobrecarregada imigrante chinesa, Evelyn Wang (Michelle Yeoh) que com sua lavanderia à beira do fracasso e seu casamento com um marido covarde em ruínas, luta para lidar com tudo, incluindo um relacionamento ruim com seu pai crítico e sua filha (Stephanie Hsu).
Fonte: terra gameon
