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Política

Governo Lula nomeou petistas em ‘filiais’ do Ministério da Cultura, revela reportagem.

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O governo do presidente estabeleceu uma rede de escritórios do Ministério da Cultura em todos os Estados brasileiros, empregando 80 servidores. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.

Esses escritórios, amplamente preenchidos por membros do PT, têm como função principal influenciar a seleção de ONGs para formar comitês culturais estaduais, parte de uma política nacional que visa a investir R$ 58,8 milhões na “difusão cultural” nos próximos dois anos.

O alega que a escolha dos comissionados é baseada em sua experiência no setor cultural, não sendo a filiação partidária um requisito. No entanto, o texto também afirma que o opera com uma ampla base partidária para “promover a coalizão política e fortalecer a democracia”.

O Estadão revelou que algumas ONGs selecionadas para receber fundos públicos têm ligações com petistas e membros do próprio ministério, incluindo uma organização associada a um empresário acusado de desviar recursos culturais e outra administrada por um candidato a vereador que utilizou o espaço para atividades eleitorais.

Dos 26 escritórios estaduais, 19 são liderados por membros do PT, um por um filiado ao PSB e outro por um integrante do Psol. Os outros cinco coordenadores, embora não tenham filiação formal, possuem ligações políticas significativas.

Um exemplo é o chefe do escritório na Bahia, que não está na lista oficial de filiados ao PT, mas trabalhou durante três mandatos no gabinete do federal Jorge Solla (PT-BA), antes de ser nomeado para o cargo no ministério em setembro do ano passado.

No Paraná, Loana Campos, chefe do escritório, não é filiada ao PT, mas possui fortes laços com João Paulo Mehl, articulador do comitê estadual e membro do PT. Campos foi nomeada em outubro de 2023.

Dois meses depois da nomeação, a ONG Soylocoporti, ligada a Mehl, assinou um convênio com o ministério para liderar o comitê cultural do Paraná. Campos diz que sua escolha foi baseada em um rigoroso processo de seleção por edital, sem considerar a filiação partidária como critério.

No Amazonas, a ONG escolhida para coordenar o comitê de cultura tinha como diretor Ruan Octávio da Silva Rodrigues, filiado ao PT desde 2012. Depois de o Instituto de Articulação de Juventude da Amazônia (Iaja) firmar o convênio com o ministério, Rodrigues foi nomeado coordenador do escritório em Manaus.

Durante a campanha eleitoral, ele trabalhou pela eleição de Anne Moura, secretária nacional de do PT, a vereadora de Manaus, sem sucesso. Rodrigues substituiu Michelle Andrews, que deixou o cargo para disputar uma na Câmara pelo , também sem sucesso.

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Lula E Janja Com Artistas, Durante A Campanha De 2022 | Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert

Os comitês de cultura foram uma promessa de campanha de Lula em 2022, com o objetivo de “democratizar o acesso à cultura e aumentar a participação social”. Em março deste ano, durante a abertura da quarta Conferência Nacional de Cultura, Lula disse que os comitês são importantes para “enraizar valores democráticos” e criticou o governo anterior por reduzir o status do ministério.

“Me explique como estão os meus comitês culturais, eu quero saber, porque a única possibilidade de a gente evitar que um dia volte alguém para destruir é enraizar aquilo que a gente acredita no meio do povo, no seio do povo, nas entranhas da sociedade”, disse o presidente.

A missão dos escritórios é vista pelo governo como estratégica na “defesa da democracia e no direito à cultura”. A coordenadora da filial do ministério no Rio Grande do Sul, filiada ao PT desde 2008, afirmou que, depois de o ano de 2023 focado em “união e reconstrução”, as políticas públicas já estão enraizadas na maioria dos municípios do Sul.

Tanto os escritórios quanto os comitês são vinculados à Secretaria de Comitês de Cultura, uma estrutura recriada depois de a pasta ser rebaixada a secretaria no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Roberta Martins é a titular dessa secretaria.

As funções dos escritórios regionais estão definidas em um decreto de janeiro de 2023. Eles são responsáveis por selecionar representantes da para os comitês culturais, agendar e secretariar reuniões e representar o ministério nos Estados.

Em resposta ao Estadão, o ministério reiterou que a seleção dos servidores é feita com base em suas experiências no setor cultural e que a filiação partidária não é um critério.

Depois de denúncias de seleção de ONGs alinhadas ao PT, membros da oposição no Congresso Nacional pediram investigação.

O senador (PL-RN) e o deputado Luciano Zucco (PL-RS) solicitaram ao Tribunal de Contas da União (TCU) uma apuração para verificar se os princípios de moralidade, , impessoalidade e eficiência no uso de recursos públicos estão sendo respeitados, conforme o artigo 37 da Constituição Federal.

O senador argumentou que a reportagem levanta preocupações sobre a possível instrumentalização da máquina pública para favorecer interesses partidários e privados.

Fonte: revistaoeste

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