O presidente Lula enfrenta dificuldades para conseguir apoio a projetos que interessam ao seu governo. O impasse envolve principalmente o União Brasil e o MDB, que indicaram, juntos, seis ministros para a gestão petista.
Apesar de os dois integrarem a equipe ministerial, há resistências internas nas legendas para a aprovação de 11 medidas provisórias (MP) editadas pelo petista. Dessas, quatro são mais polêmicas. Nesta semana, o MDB aprovou um documento que descartava o apoio automático ao governo.
Juntos, os partidos somam mais de 101 deputados e 19 senadores. Uma força suficiente para aprovar ou rejeitar qualquer medida do governo. Conforme interlocutores, a MP que extingue a Fundação Nacional de Saúde é uma das mais delicadas para o governo.
Na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, o órgão era comandado pelo centrão da Câmara — grupo que sustenta o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, nega a possibilidade de Lula recriar a fundação.
Outra questão importante é o texto que passou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) do Ministério da Agricultura para a pasta do Desenvolvimento Agrário. A Conab foi entregue ao ex-deputado Edegar Pretto (PT-RS), ligado ao MST. Ou seja, a companhia passou das mãos dos produtores rurais para o MST.
A instabilidade do governo ainda gerou um alarde com o presidente da Câmara dos Deputados. Durante um evento com empresários, Lira afirmou que o Planalto ainda não possui uma “base consistente”. Na quinta-feira 9, durante um jantar com Lula, o deputado alagoano teria se oferecido para ajudar na construção da base do governo.
A MP dos combustíveis também deve enfrentar resistência da base governista. A medida retomou parcialmente a cobrança de tributos federais sobre os combustíveis, que passou por uma desoneração durante o governo Bolsonaro.
Nesse caso, o impasse é com o União Brasil, pois o líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento (BA), é crítico da medida adotada pelo Ministério da Fazenda. Essa votação vai ser uma espécie de “teste” para medir a consistência da base do governo no Congresso.
Segundo o vice-líder do governo na Câmara, o deputado Rogério Correia (MG), a MP do Conselho de Administração de Recursos Fiscais também é “polêmica”, mas está sob os cuidados do ministro Fernando Haddad, da Fazenda.
Fonte: revistaoeste