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Política

Diretor de escola é afastado por ler artigo de J.R. Guzzo

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O professor Flávio Luiz Gabardo, diretor da Escola Estadual de Educação Básica Érico Veríssimo, em Jacutinga (RS), foi afastado de suas funções depois de ler um artigo do jornalista J.R. Guzzo. Ele reproduziu parte do texto, intitulado “À sombra da corrupção sem limites”, durante participação em um programa de rádio local. .

Depois de tomar conhecimento do comentário de Gabardo, o Partido dos Trabalhadores (PT) o denunciou à Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul. A legenda afirma que o docente se utilizou de “argumentos racistas” em suas declarações. O processo avançou, e a 15ª Coordenadoria Regional de Educação sacramentou a decisão de afastar o diretor de suas atividades. Ele está proibido de frequentar a instituição de ensino.

De lá para cá, Gabardo teve suas senhas nas redes sociais bloqueadas. A 15ª Coordenadoria Regional de Educação também excluiu o docente dos grupos com os quais mantinha contato com os alunos. O professor alega que não recebeu explicações da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul.

Inconformados, moradores de Jacutinga elaboraram um abaixo-assinado favorável ao docente. Mais de 1,4 mil pessoas, quase a metade da população local, manifestaram apoio a Gabardo. No sábado 18, moradores da região protestaram em frente à escola e pediram o retorno do diretor ao cargo.

“Hoje, meu objetivo é esclarecer o que aconteceu”, disse Gabardo, em entrevista ao programa Oeste Sem Filtro. “Tiraram-me da função que mais gosto de fazer, do meu dia a dia. Trabalhava de manhã, à tarde e à noite.”

O diretor ainda explicou como ocorreu seu afastamento, comentou a repercussão do caso na imprensa e relatou os problemas de saúde que desenvolveu depois de sofrer perseguição do PT.

O que a Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul alegou, já que o senhor leu um artigo de J.R. Guzzo fora do ambiente de trabalho?

Fazia dois comentários semanais numa rádio local. Nunca estive na rádio presencialmente, gravava os comentários pelo celular e os enviava pelo WhatsApp. Isso tudo fora do horário de trabalho na escola, visto que minha carga horária é de 40 horas semanais. E a escola funciona 60 horas por semana. Infelizmente, o PT selecionou parte do artigo de J.R. Guzzo que li em meu comentário e me denunciou à Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul. Acusaram-se de cometer crime racial. Instaurou-se uma sindicância contra mim. Estou afastado das funções de diretor. Ainda me proibiram de entrar na escola. Tenho um filho que estuda lá, e não posso entrar na escola para conversar com ele. Fui removido de todos os grupos de WhatsApp. Como diretor, fazia parte de todos os grupos das turmas da escola. Conversava com os pais, com os alunos. Infelizmente, nunca pensei que essa liberdade que tinha como professor fosse tolhida desta forma. Hoje, estou sendo acusado de um crime que não cometi. Apenas li parte de um artigo.

Como está a repercussão do caso entre os pais?

Sou diretor há 20 anos, sempre fui eleito pela maioria dos votos. Para uma cidade de 3,6 mil habitantes, é importante obter o apoio de 1,4 mil pessoas. No sábado 18, ocorreu uma mobilização em frente à escola. Os manifestantes pediram o meu retorno. Jamais imaginei que tanta gente desconhecida me apoiaria dessa maneira. Mas fico preocupado com meus colegas professores. O que acontecerá se não tivermos a liberdade de ler um artigo de alguém que estava expressando sua opinião sobre o resultado das eleições? Aquele parágrafo [o leitor poderá acessá-lo no fim desta reportagem] traduzia o resultado das eleições. Me sinto preocupado, porque minhas liberdades foram tolhidas. Será que os professores terão de escolher trechos específicos de livros para ler? É difícil estar passando por isso.

O senhor recebeu apoio de políticos locais?

A repercussão começou em Erechim, uma cidade próxima de Jacutinga. Políticos entraram em contato comigo, querendo saber o que ocorreu. Hoje, meu objetivo é esclarecer o que houve. Tiraram-me da função que mais gosto de fazer, do meu dia a dia. Trabalhava de manhã, à tarde e à noite.

Quem é o responsável por bloquear suas senhas nas redes sociais?

O comentário foi feito em 6 de outubro. Logo depois, instaurou-se uma sindicância. Testemunhas foram chamadas para depor. No início de janeiro, fui chamado pela 15ª Coordenadoria-Geral de Educação, em Erechim, e me comunicaram que havia uma portaria arbitrando a suspensão das minhas atividades. Eu não deveria mais desempenhar a função de diretor preventivamente, segundo a decisão. A partir daí, todas minhas senhas foram bloqueadas. Meus contatos com turmas de alunos foram cortados. O dano moral que me foi causado e os problemas de saúde que estou enfrentando são muito grandes. Estou respondendo por algo que não cometi. A Secretaria de Educação nunca entrou em contato comigo. Não tive nenhuma informação. Não sei nada do meu futuro.

Leia o trecho do artigo que despertou a ira do Partido dos Trabalhadores e que culminou no afastamento de Gabardo

“Lula tem a seu favor a escrita das eleições anteriores — desde que o Brasil voltou a ter eleições diretas para presidente, nunca o candidato que teve maioria no primeiro turno deixou de levar também no segundo. Pode contar ainda com o resultado de Minas Gerais; quem ganha em Minas, diz o retrospecto, ganha no Brasil. Não é garantido: escrita só vale até ser quebrada, como invencibilidade de time de futebol. Além disso, também Bolsonaro pode esperar pelo passado, já que nunca um presidente no exercício do cargo deixou de ser reeleito. Mas o fato é que a maioria, tal como foi registrada pelo sistema de apuração do ‘tribunal’ eleitoral, tomou a sua decisão. É perda de tempo julgar a qualidade desta decisão; o resultado é o resultado. O Brasil do progresso, entre Mato Grosso e Rio Grande do Sul, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, preferiu Bolsonaro. O Brasil da senzala, entre a Bahia e o Maranhão, ficou com Lula. Minas se dividiu e o Norte não tem votos suficientes para fazer diferença. Mas o fato é que a maioria está do lado do atraso. Ela achou que é uma boa ideia colocar de novo na Presidência da República um cidadão que foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pela justiça do seu país. Fazer o quê?”

O artigo completo está disponível neste .

Fonte: revistaoeste

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