A associação indígena ianomâmi Urihi pediu ao Supremo Tribunal Federal que o senador Chico Rodrigues (PSB-RR) seja impedido de entrar sozinho nas terras ianomâmi, em Roraima (RR). Rodrigues é presidente de uma comissão externa do Senado que vai acompanhar a crise humanitária no local.
O parlamentar foi até o território na segunda-feira 20 depois que algumas instituições indígenas se posicionaram contra a participação dele nos trabalhos da comissão. Rodrigues pousou na pista de Surucucu, onde existe um pelotão do Exército, e foi ao posto de saúde onde os indígenas doentes são atendidos por uma força-tarefa emergencial. O senador ainda sobrevoou as áreas que possuem a presença de garimpeiros ilegais.
“Observa-se que a sua atuação isolada, tendenciosa na apropriação do discurso, fere flagrantemente o princípio da colegialidade e da proporcionalidade de composição, eis que a criação da comissão, é justamente para proporcionar que os verdadeiros atingidos sejam ouvidos por todos os seus integrantes, sobretudo que tenham afinidade com a verdadeira crise humanitária e possam, ao fim, externar conclusões imparciais à questão”, argumentou a associação.
Na semana passada, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) pediu a revisão dos integrantes da comissão instalada pelo Senado. Segundo o Cimi, três dos cinco senadores de Roraima que compõem o colegiado possuem “envolvimento explícito na defesa do garimpo”.
Na sexta-feira, enviaram um ofício a Rodrigues cobrando explicações sobre a visita dele à terra ianomâmi.
Os senadores cobram as seguintes explicações de Rodrigues:
- Quais foram seus objetivos e as atividades da comissão na defesa dos ianomâmi;
- Se a visita atendeu aos critérios estabelecidos pela Funai;
- Se ele comunicou formalmente a Funai ou ao Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública sobre a visita;
- A apresentação de um relatório detalhando a visita, com custos e ônus da missão.
No documento enviado ao senador, Eliziane e Costa ainda se posicionaram contrariamente ao modo como o parlamentar vem conduzindo os trabalhos da comissão. Segundo eles, a comissão não possui um plano de trabalho aprovado e os outros membros foram impedidos de participar da visita.
Fonte: revistaoeste