Em 2020, em meio à pandemia, Ana Claudia da Costa, com 51 anos, recebeu o diagnóstico de câncer de mama. Hoje, com 54, ela comemora a vitória e afirma que a saúde emocional, grupos de apoio, e um bom relacionamento com seu médico foram fundamentais para vencer o câncer.
Ana Claudia é um exemplo vivo e de quem venceu o câncer, de que a conscientização sobre a saúde mental na jornada de tratamento do câncer é peça chave. E, em meio à última semana de setembro, dedicada ao movimento “Setembro Amarelo” é importante reforçar que receber um diagnóstico de câncer é uma experiência que, para a maioria das pessoas, muda suas vidas de maneira radical. As incertezas, o medo do tratamento, as preocupações com o futuro e a possibilidade de efeitos colaterais significativos tornam essa jornada extremamente desafiadora.
“Foi um momento assustador, mas o apoio emocional que recebi de novos amigos que fiz nos grupos de apoio, do meu médico e da minha vontade de viver foram fundamentais. Inclusive hoje, mesmo depois de curada continuo participando dos grupos, não podemos parar. Eles me deram esperança, e o relacionamento de confiança que construí com a equipe médica me deu forças para seguir em frente. Hoje, estou celebrando minha vitória, e quero encorajar todos os pacientes a cuidarem de sua saúde mental durante essa jornada desafiadora”, relata Ana Claudia.
De acordo com o médico mastologista e especialista em oncologia ginecológica, Dr. Wilson Garcia, receber o diagnóstico de câncer muitas vezes desencadeia uma série de reações emocionais. Garcia descreve as fases comuns que os pacientes atravessam após o diagnóstico, desde a negação inicial até a aceitação.
“A primeira fase é a negação da doença, onde os pacientes tendem a questionar o diagnóstico. A segunda fase é marcada por raiva e revolta. A terceira fase envolve barganhas, promessas em troca da cura. A quarta fase é a depressão, onde o paciente enfrenta tristeza, apatia e desânimo”, pontua.
Ansiedade e estresse também são desafios significativos durante a jornada de tratamento. A ansiedade pode levar à insônia, erros alimentares e sintomas psicossomáticos, enquanto o estresse resulta em irritabilidade, nervosismo e sintomas físicos desagradáveis.
“Podemos ver que a saúde mental não é apenas um aspecto complementar do cuidado do paciente com câncer; ela está intrinsecamente ligada à capacidade de enfrentar o tratamento de forma eficaz, à adesão às recomendações médicas e à qualidade de vida durante e após o tratamento”, pontua.
Wilson Garcia destaca a importância de reconhecer os sinais de problemas de saúde mental após o diagnóstico, incluindo mudanças de humor, isolamento social e pensamentos suicidas, e enfatiza que qualquer manifestação de pensamentos suicidas deve ser comunicada ao médico imediatamente.
Para pacientes com câncer, o apoio emocional e psicológico, são essenciais, e a família e amigos desempenham um papel fundamental. O médico alerta contra o contato com pessoas que podem ser negativas ou fuxiqueiras, enfatizando que o apoio deve vir de pessoas verdadeiramente comprometidas com o bem-estar do paciente.
Uma das mensagens-chave do Dr. Garcia é a importância da comunicação aberta entre pacientes e equipe médica. “Uma riqueza muito grande do oncologista é saber ouvir os seus pacientes. Só o fato de o paciente expressar seu sofrimento, medo e preocupações pode melhorar muito sua qualidade de vida,” afirma ele.
Além disso, o acompanhamento psicológico não é apenas recomendado para pacientes, mas também para suas famílias, especialmente os cuidadores. Garcia ressalta que o cuidador, que muitas vezes dedica mais tempo e esforço ao paciente, merece atenção especial para evitar o esgotamento.
O câncer pode deixar sequelas emocionais, e a preocupação com a possibilidade de recidiva é comum mesmo após a cura. No entanto, é importante incentivar os pacientes a ressignificarem suas vidas após o tratamento e a valorizarem o que realmente importa, como a família, sonhos e valores. “O câncer pode proporcionar uma reflexão profunda e transformar vidas para melhor. Muitos pacientes se tornam pessoas melhores após o tratamento,” diz ele.
O diagnóstico de câncer pode envolver situações desafiadoras, como a perda de uma mama ou a impossibilidade de ter filhos. O Dr. Garcia enfatiza que os pacientes devem ser estimulados a enfrentar essas limitações e aprender a conviver com as sequelas. “É importante estimular os pacientes a superar essas limitações e a ter uma vida plena, mesmo com desafios físicos ou emocionais,” conclui o médico.
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Fonte: unicanews