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Plantas medicinais: o poder da fé na cura

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Em julho deste ano, tive a oportunidade de entrevistar dona Aldelaide Arruda que, no auge dos seus 97 anos, me contou o segredo da longevidade: tomar chá da flor do Ipê Roxo. Ela distribuía tanto essa receita que os vizinhos, em Cuiabá, pegavam onde achavam e levavam para ela.

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Ipê Roxo, árvore comum no Cerrado. (Foto: reprodução)

Na época mais crítica da pandemia, a população descobriu o “poder” da planta conhecida como de São Caetano. A receita chegou a virar meme na internet, com Neymar agradecendo ao povo que recomendou o uso da planta para a recuperação das lesões durante a Copa do Mundo de 2022.

A servidora pública aposenta, Esmeralda Ferreira, moradora de Poxoréu, a 259 km de Cuiabá, tem fé na mistura de álcool, cânfora e pétalas de rosa branca para o alívio da congestão nasal e dores de cabeça. Neste caso, o remédio é consumido por meio de inspiração nasal.

O trabalhador Luís Klídzio toma chá de quina quase todos os dias, e também acredita no poder do Melão de São Caetano, tanto, que cultiva a planta no quintal dele. Aliás, plantas medicinais é o que não faltam no quintal da casa onde mora, em Chapada dos Guimarães.

Luís, não deixa de lado os cuidados recomendados por médicos quando está doente, entretanto, também não abre mão dos conhecimentos repassados por gerações sobre a cura proporcionada pelas plantas.

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Cânfora, pétalas de rosa branca e álcool. (Foto: arquivo pessoal)

Respostas do especialista

O professor pesquisador e coordenador do curso de farmácia em uma faculdade de Rondonópolis, Alan Ricardo de Souza, desmitifica essas questões. Ele explica que, no caso do Ipê Roxo, o recomendado é fazer chá da casca e este sim, tem propriedades medicinais importantes.

“Existem ensaios biológicos que comprovaram atividade farmacológica desses chás como: antineoplásica, antimicrobiana, anti-inflamatória, anticoagulante, antiparasitária e antivirais, e tem se mostrado efetivo como fungicida no tratamento de infestações por candida albicans e micoses”, destaca o professor.

No entanto, alguns efeitos colaterais podem surgir se o uso for em excesso, tais como; náuseas, vômitos e diarreia. Além disso, também pode aumentar o risco de hemorragias, devido ao seu efeito anticoagulante.

No caso do composto de álcool, cânfora e pétalas de rosas brancas, ele diz que, inicialmente é importante entender qual é a indicação de cada um dos componentes da fórmula.

A arnica possui ação estimulante, anti-inflamatória, descongestionante e analgésica. A cânfora possui ação descongestionante e calmante. Já as pétalas da rosa branca são utilizadas para promover fortalecimento do sistema imune protegendo contra gripes, resfriados entre outros problemas.

“A forma de uso mais segura para a administração do produto é a inspiração (nasal ou oral) de vapores pelo trato respiratório. Visto que, o uso excessivo de modo popular de uma com álcool pode trazer riscos como irritação das vias respiratórias, tosse, dispneia, edema pulmonar, convulsões entre outros”, explica o especialista.

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Melão de São Caetano muito com comum em várias áreas do Brasil. (Foto: reprodução)

O Melão de São Caetano, segundo o professor, é uma terapia que tem sido usado para baixar os níveis de glicose no sangue em pacientes com diabetes mellitus do tipo II, possivelmente através da redução dos danos oxidativos, inibição de enzimas do metabolismo de carboidratos, preservação das beta-pancreáticas e aumento na resistência à insulina, bem como a absorção de glicose pelas células do fígado e tecidos adiposos e periféricos.

“Sobre o uso do Melão de São Caetano para a covid-19, um estudo de Santosh K. S et al. (2021), revela que os fito constituintes da planta são agentes potenciais para tratar infecções virais por covid-19 devido à sua ligação às proteínas específicas do vírus, mas ainda se faz necessário maiores estudos para essa confirmação”.

Neste caso, muitas estratégias estão sendo desenvolvidas por pesquisadores para buscar compostos antivirais ativos, incluindo aqueles derivados de compostos naturais de plantas. A rica biodiversidade das plantas brasileiras fornece uma variedade de compostos naturais, fornecendo capital importante no esforço para identificar potenciais medicamentos para combater doenças, incluindo a covid-19.

Cuidado com o remédio caseiro

Ainda segundo o professor, o termo “remédio caseiro” abrange de uma forma bastante ampla a utilização de ervas, partes de animais ou minerais, para fins terapêuticos preparados em ambiente caseiro.

“Geralmente o conhecimento de plantas com fins terapêuticos é praticado sem acompanhamento médico, representando um perigo potencial para a população, pois existe a possibilidade de interação entre esses produtos “naturais” e os medicamentos, além da interferência dos mesmos em resultados de exames laboratoriais”.

Neste sentido, a orientação vinda do profissional da saúde é fundamental para que o paciente possa ser alertado sobre os riscos da toxicidade, interações medicamentosas e melhores de utilização das terapias alternativas.

E você, qual sua receita caseira de “remédio”?

Fonte: primeirapagina

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