Uma mulher que serve café ao marido, seu amor e companheiro de vida. Um homem que passa por momento difícil, mas tem ao lado seus melhores amigos: um cachorro e um gato. Situações simples, mas cheias de significados e que inspiram o artista Elpídio Neto, de 71 anos.
Morador de Porto dos Gaúchos, a 650 km de Cuiabá, Elpídio começou a fazer esculturas em madeiras há, mais ou menos, três anos. Cada obra leva em média 40 dias para ser concluída e tem detalhes que emocionam.
“Procuro dar voz aqueles heróis anônimos, que fizeram esse mundo que a gente tem hoje. Minha inspiração é o passado. Como não tive oportunidade no passado, então, olho aqueles que também não tiveram”.
Elpídio lembra que teve uma vida difícil e para sobreviver não poderia praticar sua arte.
“Não é fácil viver de arte. Então, a gente tem que encarar a vida. Agora, já de idade, não tinha mais nada a perder, puxei da gaveta aquilo que estava guardado, essa minha paixão, mas que não exercia porque não encontrei portas e o caminho”.
As obras são feitas com jaqueiras, sem qualquer conflito ambiental. Elpídio lembra que no começo pensava que não conseguiria dar forma a madeira, mas, persistente, conseguiu.
“Foi difícil, mas como o desafio permanecia, falei, ‘vou voltar lá, vou fazer, porque eu não posso perder para aquele pedaço de madeira’. Tenho aquela força, que ninguém derruba”.
Com um pedaço de madeira, Elpídio consegue contar uma história, que já fez pessoas chorarem.
O gestor estadual de Economia Criativa do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Felipo Abreu, conta que na FIT 2023 uma amiga participou da feira e ao ver as obras do artesão não conseguiu segurar as lágrimas.
“Quando ela se deparou com a peça dele, começou a chorar. Emocionada pela qualidade da peça, pela história que a peça traz e ele generosamente a presenteou com uma das peças”.
O artesão diz que não poderia ser diferente, pois não há dinheiro que pague a emoção que sentiu ao ver que sua arte despertar algo assim. “Aquela emoção foi muito mais valiosa do que vender tudo que tinha. Foi lindo”.
Elpídio revela que no começo não via a atividade como uma profissão, mas é feliz ao vivenciar o reconhecimento do seu trabalho.
“Moro no sítio e tem diversas atividades para fazer lá. Daí o resto do tempo faço as peças, que não eram levadas para o lado profissional. Mas, faço porque gosto, se der certo, está bom. Mas, se não der, vou continuar fazendo arte”.
Apoio do Sebrae
Elpídio é um dos artesãos que vai receber apoio do Sebrae neste ano, em Mato Grosso. Em 2023, foram 140 artesãos atendidos com soluções em precificações, branding e gestão, segundo Felipo Abreu.
“Em 2024 estamos com cerca de 120 atendidos, até o momento. A tendência é ampliarmos esses atendimentos, pois estão sendo preparadas novas soluções para o setor”, reforçou o gestor estadual de Economia Criativa do Sebrae.
Economia criativa
Conforme dados compilados pelo Sebrae, entre janeiro e março, a quantidade de registros de empreendimentos da atividade criativa em Cuiabá saiu de 121 em 2023, para 164 neste ano.
O setor da economia criativa é formado por 43 CNAEs (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) e, em 2024, já representa 2% dos pequenos negócios da capital, que é reflexo da atuação do Sebrae para fortalecer o setor na baixada cuiabana, com a nova agência Cuiabá, inaugurada em 2024.
Segundo o gerente regional do Sebrae em Mato Grosso, Charles Padilha, a instituição acredita no setor e busca fortalecer o segmento, que representa, em torno, de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) no estado e em Cuiabá.
Sara de Paula, gestora de Economia Criativa na Agência Cuiabá, ressalta que as soluções disponíveis no Sebrae são para todos os donos de negócios criativos.
Seja para ajudar na formalização do negócio, para precificar uma atividade, gestão de negócio, marketing, redes sociais ou outros meios de comunicação.
Fonte: primeirapagina
