No dia 31 de julho é celebrado o Dia Mundial do Orgasmo e, de acordo com pesquisas, 60% das brasileiras fingem na hora H. No entanto, trabalhar a autoestima, conhecer o próprio corpo e se sentir confiante em suas habilidades na cama são fatores que ajudam a atingir o clímax.
Logo depois, a terapeuta Camila Custódio, colunista do Fashion Bubbles, fala mais sobre a data comemorativa e explica como o amor-próprio tem um impacto importante na qualidade da sua vida sexual.
Quando foi criado o Dia do Orgasmo?
O Dia do Orgasmo surgiu na Inglaterra, em 1999, por iniciativa de proprietários de sex shops. O objetivo era alavancar as vendas e fomentar o debate sobre o prazer feminino. Naquela época, os estudos apontavam que 80% das mulheres não conseguiam atingir o clímax durante o sexo.
De lá pra cá, ampliamos a discussão sobre o tema e fortalecemos nosso processo de empoderamento feminino. Só que a realidade sobre os números ainda não é tão diferente assim e, para muitos, até mesmo a anatomia feminina ainda é um mistério.
Como é o prazer de uma mulher?
Vários fatores interferem no desejo e na libido. Desde a má alimentação, as noites mal dormidas, o sedentarismo e problemas hormonais, até o desconhecimento sobre o próprio corpo, os tabus e crenças perpetuados sobre o próprio sexo.
Além disso, dor na relação sexual, medo de não satisfazer o parceiro, inseguranças físicas, vontade de terminar logo a relação, ausência de preliminares e baixa conexão com seu parceiro também podem influenciar.
Todos os fatores citados anteriormente se cruzam com uma autoestima baixa ou fragilizada, que irá impactar e refletir na sua qualidade de vida e na sua saúde física e emocional.
Autoestima e orgasmo
Uma vez, li que autoestima é como uma lingerie sensual para o intelecto, que nos torna mais sexy aos olhos de quem nos vê. Afinal, ela aumenta nossa confiança e segurança para nosso posicionamento na hora do sexo.
E, como terapeuta, posso afirmar que muitos dos conflitos que enfrentamos na cama podem ser desvendados e resolvidos na terapia. Isso porque a falta de autoconhecimento e de amor-próprio favorece o surgimento de disfunções sexuais.
Um estudo realizado pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Jonhs Hopkins, nos Estados Unidos chegou à conclusão de que há três atributos da personalidade que estão muito ligados ao nível de satisfação sexual. Sendo assim, interferem na frequência e nos níveis do orgasmo.
São eles: a autonomia, a autoestima e a empatia, consideradas as qualidades psicológicas mais eróticas de um indivíduo. Surpresa com o resultado? Mas essas características fazem muito sentido quando percebemos que nossos maiores esforços são empreendidos para agradar o outro.
E esse outro pode ser próprio parceiro, a sociedade, os amigos, melhorar nossa performance e ter um perfil mais atraente nas redes sociais.
Dessa forma, acabamos deixando de lado a capacidade de erotizarmos a nós mesmas, justamente porque estamos com nosso olhar voltado para atender o outro e suas expectativas sobre nós. Por consequência, nos colocamos em segundo ou terceiro lugar na lista de conquistas.
Qual a importância da autoestima?
A autoestima é a espinha dorsal da personalidade humana e ela é construída, fortalecida ou fragilizada ao longo da vida. Ela é o eixo da nossa personalidade, a maneira como nos concebemos, como nos relacionamos, como nos sentimos. É quem somos.
Ainda erramos ao conceber a autoestima como um padrão estético, pois ela vai muito além dessa questão.
É a forma como percebemos nossas habilidades, capacidades, nosso potencial, como lidamos com nossos erros, limitações, como absorvemos e lidamos com as críticas do outro e como nos deixamos ou não nos impactar com tudo isso.
De acordo com os especialistas, entre os ingredientes do sex appeal, apenas 10% estão na aparência, 30% estão na mente e os 60% restantes na personalidade e no carisma.
Ou seja, a atitude é o que torna as pessoas mais atraentes. A confiança em si mesmas, uma postura relaxada diante do que acontece a sua volta. E isso só conseguimos com uma autoestima fortalecida.
Como ter autoestima sexual?
Sexualmente falando, uma pessoa com a autoestima saudável e fortalecida irá cuidar da sua saúde física, irá vencer o medo e a insegurança de se comunicar com seu parceiro para falar aquilo que realmente gosta e conduzi-lo quando necessário.
Do mesmo modo, não fará sexo só para agradar o outro ou impressioná-lo, não cederá aos desejos e fetiches de um parceiro abusivo, não permanecerá em uma relação tóxica por vulnerabilidade ou dependência, dirá não quando estiver cansada para evitar o sexo por protocolo.
Uma pessoa com a autoestima fortalecida irá impor limites saudáveis para o seu bem estar, de uma maneira que isso não afete seu amor-próprio. E esse é o primeiro passo para atingir o orgasmo.
Quando falamos de orgasmo, estamos falando de permissão. Se você nunca teve um, precisa se permitir aprender a atingir o clímax, e sua autoestima é o fator crucial para essa entrega durante a interação sexual.
A autoestima nos ajuda a encontrar equilíbrio entre nossas necessidades emocionais e nosso olhar sobre o outro.
Sexo é vida, é saúde, alegria, conexão, carinho, gozo, satisfação e autoestima. Devemos nos presentear com o sexo e não nos punirmos com ele. E esse presente só irá acontecer se você estiver com a sua saúde mental e emocional em dia.
Portanto, se precisar de ajuda, busque um profissional, faça terapia e goze dos prazeres da vida todos os dias!
Sobre a colunista
Camila Custódio é idealizadora do Consultório Emocional – @consultorioemocional nas redes sociais. Camila é Assistente Social, Terapeuta de Família e Casal, Terapeuta Relacional Sistêmica, Psicanalista e Coach. Além disso, é Especialista em Gestão da Emoção e Consultora em Desenvolvimento Humano.
Escreve sobre saúde emocional, relacionamento e empoderamento feminino para sites, revistas e blogs. Atende pacientes online de todo o Brasil e do exterior.
Fonte: fashionbubbles