Os estragos causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul deixaram 200 mil carros danificados. Para ajudar no resgate dos veículos, a multinacional norte-americana Copart entrou em cena. A empresa recuperou, em 2005, 60 mil veículos afetados pelo furacão Katrina.
As inundações também deixaram aproximadamente 2,3 milhões de pessoas impactadas, o que resultou em 172 mortes e cerca de 76 mil desabrigados.
Protocolo Catástrofe da Copart
O Protocolo Catástrofe da Copart inclui guinchos, empilhadeiras, caminhões e geradores para remover veículos em condições extremas. Depois de resgatar pessoas e animais, a equipe é autorizada a salvar os ativos.
“Trazemos o veículo de onde estiver, seja na casa dos segurados, nos rios, nos diques ou nas garagens inundadas”, descreveu o processo de resgate Adiel Avelar, CEO da Copart no Brasil, à revista Exame. “Avaliamos, classificamos, higienizamos e recuperamos o carro. A depender da classificação, vendemos o carro reparado em leilões.”
A estrutura da Copart inclui trailers para acomodação, caminhonetes 4×4, caminhões com empilhadeiras, geradores e internet via Starlink, o que permite autossuficiência em áreas sem infraestrutura.
O investimento para conter os estragos do Katrina
Para que os veículos sejam encontrados, motoristas de guincho utilizam um aplicativo para localizar os carros. “Temos a localização da maioria, mas conforme os motoristas entram nas águas e passam pelos carros, eles podem digitar a placa e ver se ‘bate’ com as informações no nosso sistema,” explica Avelar.
Os veículos são levados a pátios emergenciais. No Rio Grande do Sul, há 20 pátios em 15 cidades não afetadas pelas enchentes. A Copart utiliza cinco desses espaços para cerca de 4 mil chamados de resgate até o momento.
Nos Estados Unidos, em eventos como os furacões Katrina, Harvey e Ian, a Copart investiu US$ 25 milhões adicionais em infraestrutura, pessoal extra e apoio às comunidades.
Segurança dos veículos leiloados
A companhia foca em leilões pós-resgate e reparo. A Copart ganha 1% do valor vendido, enquanto seguradoras recuperam parte dos valores gastos. “Se não houvesse este processo, as seguradoras ficariam 100% com esse custo, o que reflete nas apólices de seguro,” diz Avelar.
A Copart processa e vende mais de 4 milhões de carros por ano. Veículos leiloados são classificados por tipo de dano (pequeno, médio ou grande) e reparados conforme a legislação brasileira.
Depois do reparo, os veículos passam por inspeção do para garantir que podem circular. Carros com danos graves vão para centros de desmontagem regulamentados. Para os leiloados, todas as informações sobre danos e reparos são detalhadas nos anúncios.
“Quando a gente vende esse carro, é uma responsabilidade nossa não só da parte de compliance, mas cível e criminalmente”, informa Avelar. “Deixamos tudo transparente, informando que é um veículo de seguradora vindo de enchente. Também incentivamos a visitação nos pátios.”
Os valores são cerca de 50% inferiores à tabela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (fipe).
Fonte: revistaoeste