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Economia

Americanas propõe participação de auditores e instituições financeiras em caso de fraude empresarial.

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As empresas PriceWaterhouseCoopers (PwC) e KPMG, que tinham a função de auditar a regularidade da situação contábil da Americanas, podem ter contribuído para as fraudes que geraram um rombo de mais de R$ 20 bilhões, responsável pela derrocada da varejista, que está em recuperação judicial desde janeiro. Pelo menos dois bancos – Santander e Itaú – também teriam participado, emitindo cartas nas quais amenizavam a situação da Americanas.

As afirmações são do presidente da companhia, Leonardo Coelho Pereira, que participou de audiência pública na terça-feira 13 à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga o rombo na varejista. Pereira também entregou o relatório por assessores jurídicos da companhia que admite fraude contábil e atribui a responsabilidade à diretoria anterior e outros documentos, como e-mails emitidos e recebidos pela diretoria anterior.

A entrega de documentos à Câmara ocorreu no mesmo dia em que a varejista admitiu pela primeira vez, num comunicado de fato relevante, que houve fraudes e que a diretoria anterior seria a responsável.

Para exemplificar a participação da PwC, Pereira citou trocas de e-mails entre os auditores da KPMG e a diretoria da Americanas nos quais a auditoria informa como amenizar um texto e “escapar” do crivo do Conselho de Administração. Originalmente o texto continha a expressão “deficiências significativas”, mas, após o direcionamento, foi entregue com o termo “recomendações que merecem a da administração”. Com isso, o envio da informação ao conselho era dispensável.

Ainda de acordo com Pereira, outros e-mails indicam mudanças no texto dos bancos em suas cartas de circularização, a pedido da empresa, para suavizar registros das operações de crédito que eram reportadas de forma errada pela companhia em seu balanço. Segundo ele, há versões de cartas do Itaú e do Santander.

Fraude nos resultados da Americanas

CEO da AmericanasCEO da Americanas
Leonardo Coelho Pereira, Presidente Da Americanas | Foto: Agência Câmara

Durante a audiência, Pereira também divulgou duas planilhas com resultados da empresa de 2021 e projeções para 2022, as quais apresentavam resultados discrepantes para o mesmo analisado.

Uma das planilhas, chamada de “Visão Interna”, apresentava prejuízos de R$ 733 milhões. A outra, a “Visão Conselho”, apresentava lucro de R$ 2,9 bilhões. Essa última consistente com o resultado divulgado ao mercado.

“Entre a ‘visão interna’ e a ‘visão conselho’ foram criados R$ 3,5 bilhões de resultado”, observou. Com experiência em restruturação financeira e operacional de varejistas, Pereira disse que o caso é uma “fraude de resultados”.

“Pode-se criar lucro a partir de uma planilha, só que você não cria caixa a partir de uma planilha. Se a diretoria antiga da Americanas falsificou lucro, ela não consegue falsificar o caixa, então é preciso de um empréstimo bancário para colocar naquela operação e a fraude não ficar transparente para ninguém”, complementou o executivo, segundo informou a Agência Câmara.

Outro lado

A KPMG e a PwC emitiram notas nas quais afirmam que, por questão de sigilo profissional, não podem comentar situações envolvendo clientes ou ex-clientes.

Já o Itaú declarou, conforme nota publicada pelo Estadão, que as cartas de circularização foram emitidas conforme as normas do setor e rechaçou qualquer envolvimento na fraude. “O Itaú reforça que a elaboração das demonstrações financeiras é responsabilidade exclusiva da companhia e de seus administradores. É leviano atribuir a terceiros a responsabilidade pela fraude, confessada pela companhia ao mercado no dia de hoje.”

O Santander disse que a própria Americanas ressaltou os “esforços da diretoria anterior para ocultar do mercado a real situação de resultado e patrimonial da companhia”. “Isso, por si só, comprova taxativamente que a única e exclusiva responsabilidade pelas ‘inconsistências contábeis’ é da Americanas, por intermédio da sua antiga diretoria.

O Santander acrescentou que as cartas de circularização são apenas uma entre muitas fontes de auditoria e que sempre informou integralmente todos os saldos das operações da companhia no Sistema Central de Risco, mantido pelo Banco Central, que inclusive poderia ser fonte de auditagem”, afirmou o banco, também em nota ao Estadão.

Fonte: revistaoeste

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