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O que acontece no seu corpo quando você usa adoçantes artificiais

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Preferir o sabor adocicado é uma característica que se observa desde o nascimento até a idade avançada. E não há nada de mau nessa preferência, exceto quando ela promove o consumo exagerado de açúcar, ingrediente relacionado a diversas doenças como , , e câncer, entre outras.

Essas enfermidades só avançam no mundo todo, e as autoridades sanitárias e os manuais da alimentação saudável sugerem a redução de seu consumo. Foi assim que os adoçantes começaram a ser vistos como alternativas para o açúcar.

  • Eles também são conhecidos como edulcorantes, ou seja, aditivos alimentares de sabor doce usados em bebidas e alimentos industrializados para substituir o açúcar.
  • Adoçantes dietéticos são os que atendem às necessidades de indivíduos que precisam restringir carboidratos como a sacarose, a frutose ou a glicose.
  • Os adoçantes de mesa indicados para diabéticos são o aspartame, o ciclamato, a sacarina e a sucralose.

Use, quando necessário

O consumo de adoçantes tem indicação precisa e beneficia pessoas com diabetes ou quem precisa controlar ou zerar a ingestão de açúcar na dieta. Apesar disso, o que se tem observado é o uso indiscriminado desse produto e sem orientação profissional.

  • Mais de 1 em cada 10 pessoas usa adoçantes no Brasil e nos Estados Unidos.
  • Nos últimos anos houve um aumento de 200% no consumo entre crianças; 54% entre adultos.
  • 35% dos lares brasileiros consomem algum tipo de produto dietético.
  • Mulheres, idosos, indivíduos com maior escolaridade e poder econômico são os maiores consumidores.
  • A maioria deles tem excesso de peso, diabetes ou hipertensão.

Os efeitos no seu corpo

Para elaborar recomendações sobre o uso saudável de adoçantes, recentemente a OMS fez um estudo para identificar dados relevantes sobre os seus efeitos na saúde. Os resultados até agora divulgados têm em comum o consumo pesado.

Veja o que os cientistas têm obervado:

  • Aumento de peso
  • Aumento do apetite
  • Risco para doenças cardiovasculares
  • Alteração da microbiota
  • Problemas gastrointestinais
  • Parto antecipado
  • Dor de cabeça

Você soma mais quilos na balança

Adoçantes a mais na dieta têm sido associados ao aumento do (Índice de Massa Corporal) e à obesidade.

  • Esse mecanismo ainda não foi totalmente esclarecido.
  • Uma das explicações é que quando consumimos adoçantes de forma indiscriminada, o corpo percebe o sabor doce, mas não tem açúcar para processar. Assim, o metabolismo é reprogramado, o que favorece o ganho de peso.
  • Imagina-se que o uso de edulcorantes justifica o consumo de outros tipos de alimentos doces ou não saudáveis, o que poderia levar à compulsão por esses itens.
  • O adoçante não é usado como alternativa ao açúcar, mas como complemento. Isso resulta em maior consumo calórico porque não há compensação.

Você junta a fome com a vontade de comer

Quem consome grandes quantidades de adoçantes pode ter o apetite aumentado pela via neuronal.

  • Dados da Pesquisa Exame Nacional de Saúde e Nutrição (EUA) mostraram a relação entre o uso de edulcorantes e mais assaltos à geladeira, desde muito cedo pela manhã e ao longo do dia.

Você fica mais exposto ao infarto e ao AVC

Doenças cardiovasculares afetam o ou os vasos sanguíneos e estão no topo das enfermidades que mais matam no mundo. Entre outros fatores, elas têm sido relacionadas ao alto consumo de adoçantes artificiais.

Os cientistas falam que existem várias mecanismos envolvidos, desde a preferência por bebidas e alimentos sólidos com esses aditivos por pessoas com obesidade ou diabetes, até alterações na microbiota intestinal.

  • Estudos em fase inicial (com animais e células humanas) já identificaram disfunções vasculares após o consumo de adoçantes.
  • Alguns cientistas entendem que ingeri-los provoca inflamação, um fator de risco para doenças cardiovasculares.

Você descompensa a microbiota

A microbiota intestinal (micróbios do seu intestino) tem papel importante no equilíbrio metabólico. Ela ajuda a controlar a sensibilidade à insulina, a tolerância à glicose, o armazenamento de gordura, o apetite e a inflamação. Isso influencia positivamente a energia, o apetite, a temperatura e a formação de gordura.

  • Expor-se de forma indiscriminada a adoçantes tem sido relacionado a mudanças fisiológicas e hormonais.
  • Já foram relatados efeitos glicêmicos adversos como a intolerância à glicose, o aumento da resistência à insulina e o desenvolvimento do diabetes tipo 2.
  • Adoçantes como a sacarina teriam esse potencial. O aspartame seria capaz de reduzir a atividade de uma enzima intestinal normalmente protetora contra o diabetes tipo 2.
  • Apesar dessas evidências, ainda não há um consenso entre os cientistas sobre a relação de causa e efeito nesses quadros.

Você tem de ficar mais perto do banheiro

Para quem já tem problemas gastrointestinais, como a síndrome do intestino irritável, ou para quem é hipersensível e apresenta de absorção da lactose, alguns tipos de adoçantes podem levar à maior motilidade (movimento) intestinal, como o e o manitol.

  • Isso significa mais idas ao banheiro, distensão abdominal e gases.
  • Ainda não está totalmente esclarecido porque isso acontece. O cientistas acreditam que essa reação é secundária às modificações da microbiota. Os dados foram publicados no Journal Neurogastroenterology Motility.

Você vai para a antes do tempo

As mais recentes pesquisas com grávidas indicam forte relação entre o consumo exagerado de adoçantes na e o parto antecipado, redução da idade gestacional e aumento do peso do bebê ao nascimento. Os dados foram publicados pelo periódico Public Health Nutrition.

  • A chance de ter o parto antecipado é de 25% a mais.
  • Filhos de que ingerem bebidas com adoçantes na gestação podem apresentar sobrepeso no 1º ano de vida. Aos 7 anos, sobrepeso ou obesidade.

Você tem mais dor de cabeça

Como a dieta pode ter um impacto no desencadeamento da dor de cabeça, os cientistas já identificaram que para 9% de pessoas com enxaqueca, o consumo de itens com aspartame pode desencadear uma crise.
Os dados foram publicados no periódico Current Neurology and Neuroscience Reports.

Vai de artificial ou natural?

Não existem diferenças significativas entre eles quanto à segurança do consumo. O melhor adoçante é o que mais agrada ao paladar da pessoa que tem indicação de seu uso.

Os adoçantes artificiais são os feitos em laboratório. São exemplos: sacarina, aspartame, acessulfame K, sucralose, neotame e o ciclamato de sódio.

Quando são extraídos da natureza, eles são denominados adoçantes naturais: xilitol, taumatina, estévia, frutose, sorbitol, , manitol, isomaltitol e maltitol.

Miniguia de uso saudável de adoçantes

Quando utilizados sob orientação profissional, com bom senso e moderação, eles são considerados seguros e sua contribuição é mais benéfica que maléfica.

A recomendação dos especialistas é: tenha bom senso. Use-o apenas quando eles trouxerem benefícios e qualidade de vida em situações clínicas específicas, como o diabetes.

Embora sejam aliados no tratamento da obesidade, lembre-se de que a melhor forma de reduzir e controlar o peso continua sendo a reeducação alimentar, com diminuição gradual de alimentos calóricos da dieta, sem excluí-los.

  • A depender do tipo de adoçante, o consumo aceitável varia de 5 mg (sacarina) a 40 mg (aspartame) por quilo corpóreo ao dia. Um estudo do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) concluiu que ao tomar refrigerante com ciclamato de sódio, esses limites seriam alcançados com 2 copos de 250 ml (crianças), 3 e ½ (mulheres) e 4 copos e ½ (homens) ao dia.
  • Modere o consumo de produtos diet e light. Eles contêm adoçantes artificiais e podem ser considerados alimentos processados ou ultraprocessados.
  • Prefira a sucralose e estévia nas preparações para crianças e gestantes quando o uso do adoçante for necessário.
  • Procure alternativas ao ciclamato e à sacarina se você tem pressão alta (hipertensão), ou tendência à retenção de líquidos. Eles contêm sódio e ainda são derivados do petróleo e é comum que eles estejam presentes em um mesmo adoçante.
  • Varie o adoçante a cada 3 meses. A ideia é evitar o acúmulo de apenas uma substância no seu corpo.
  • Evite megadoses. Ao usá-los com moderação, você previne efeitos colaterais e riscos para a sua saúde.

Fontes: Anderson Marliere Navarro, nutricionista e professor do Departamento de Ciências da Saúde da FMRP-USP ( de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo); Karin Klack, nutricionista chefe da seção de dietas metabólicas e enterais da Divisão de Nutrição e Dietética do ICHC-FMUSP (Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e preceptora da residência em nutrição do ICHC-FMUSP; é graduada pela Faculdade de Saúde Pública da USP e especialista em pela mesma instituição, e em nutrição clínica pela Asbran (Associação Brasileira de Nutrição); Marina Cavalin, nutricionista clínica com formação pela Faculdade da Saúde Pública da USP e integrante do corpo clínico do CDC (Centro de Diabetes de Curitiba); e Paula Pires, médica especializada em endocrinologia, metabologia e clínica médica da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endrocrinologia e Metabologia em São Paulo). Revisão técnica: Karin Klack.

Referências: Ministério da Saúde. Guia Alimentar da População Brasileira; Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor); Abiad (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para fins Especiais e Congêneres).

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