Pelas redes sociais não é difícil se deparar com inúmeras declarações de amor pela Coca-Cola zero açúcar. Os fãs se entusiasmam principalmente pelo fato dessa versão não ter calorias, já que é composta por um adoçante sintético chamado aspartame.
Esse substituído do açúcar, no entanto, foi adicionado á lista de substâncias “possivelmente cancerígenas” da Iarc, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer. O anúncio da entidade especializada na investigação de câncer da OMS foi feito na quinta-feira (13).
Esse fato, porém, parece não abalar os consumidores apaixonados pela bebida. Em uma postagem no Twitter, por exemplo, um rapaz diz: “Depois que o aspartame (adoçante da Coca-Cola zero) entrou na lista de potencialmente cancerígeno, a peste ficou mais gostosa”.
Zero também é a possibilidade da atendente de telefonia Nathália Silva*, 24, ficar sem beber a Coca-Cola zero na hora do almoço. A empresa em que ela trabalha disponibiliza a bebida de graça para os funcionários.
“Mesmo que não tivesse no meu trabalho, eu compraria, porque acho difícil resistir a uma Coquinha.” E completa: “É igual cigarro, que tem os avisos sobre causar câncer e as pessoas continuam fumando”.
Essa também é a decisão da arquiteta Maria Paula Oliveira Miranda, 26, que consome uma lata do refrigerante por dia. “Hoje em dia tantas coisas fazem mal, então eu vou continuar a consumir, porque eu realmente gosto da Coca zero”, relata.
Para o empresário Vinicius Anjos, 33, a escolha pela Coca-Cola zero recai na preocupação em não engordar, já que ele e a esposa chegam a consumir 4 litros do refrigerante por semana. Agora, com a possibilidade de sua bebida favorita lhe fazer mal, Vinicius é enfático: “Não posso ficar sem Coca zero”. Por outro lado, a classificação da OMS deixou a esposa e também empresária, Tatiane Anjos, 29, ressentida. “Por mim, eu tomo outras bebidas, mas meu marido vai sofrer se tiver que parar. Se deixar, ele toma até no café da manhã”, afirma.
O que classificação da OMS significa
O aspartame é um dos adoçantes artificiais mais utilizados na indústria alimentícia e tem poder adoçante 200 vezes superior à sacarose, embora tenha poucas calorias. Objeto de estudos desde sua aprovação pela FDA, a Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos, em 1974, quando foi considerado seguro, o aspartame agora é visto com parcimônia pelas entidades reguladoras e pela OMS.
O acúmulo de evidências científicas indica que esse aditivo alimentar traz efeitos deletérios à saúde. A mudança no status quanto a possibilidade de o adoçante estar ligado ao desenvolvimento de câncer foi ancorada na revisão de 1.300 pesquisas de três tipos diferentes:
- Estudos epidemiológicos sobre câncer em seres humanos expostos ao aspartame.
- Estudos experimentais sobre câncer em animais de laboratório tratados com o adoçante.
- Estudos sobre se a substância possui alguma das características reconhecidas como carcinogênicas em humanos.
Porém, entre as quatro classificações utilizadas pelo Iarc para inferir se um produto é ou não carcinogênico, o aspartame foi colocado no grupo 2B, o mais brando:
Grupo 1 – Carcinogênico para humanos: cigarro, sol, álcool e radiação;
Grupo 2A – Provavelmente cancerígeno para humanos: frituras, carne vermelha, trabalho noturno, inseticida DDT;
Grupo 2B – Possivelmente cancerígeno para humanos: aspartame, fumaça de carros, chumbo, trabalhar como cabeleireiro;
Grupo 3 – Não classificável: café, paracetamol, mercúrio e petróleo.
Segundo a entidade, isso significa que as evidências são limitadas e os experimentos disponíveis foram feitos apenas com animais. Embora as provas disponíveis não sejam capazes de estabelecer a correlação, a oncologista Maria Del Pilar Estevez Diz afirma que a classificação acende um alerta.
“O câncer tem causa multifatorial e envolve questões hereditárias, mas está ligado principalmente ao estilo de vida. Portanto, o consumo de refrigerantes e de alimentos industrializados em geral vai contra a ideia do que preconizamos como saudável”, explica a médica, que é diretora de Corpo Clínico do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).
Para Tereza Setsuko Toma, pesquisadora aposentada do Instituto de Saúde da SES-SP (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo), a OMS tem tido essa preocupação com o uso de edulcorantes devido ao uso indiscriminado deles. Para ela, somente pessoas com indicação clínica deveriam usá-los, como é o caso de pessoas com diabetes.
“Os estudos estão se avolumando e vêm demonstrando que o consumo de edulcorantes está ligado ao aumento do risco de hipertensão arterial, desenvolvimento de diabetes, eventos cardiovasculares, e, contrariando as expectativas, ao ganho de peso”, diz Toma, que é doutora em nutrição em saúde pública pela USP e foi uma das autoras de uma revisão sobre efeitos dos edulcorantes na saúde humana, elaborado no ano passado a pedido do Departamento de Promoção da Saúde do Ministério da Saúde.
Consumo seguro?
A ingestão recomendada de aspartame deve ser de no máximo 40 mg/kg de peso corporal por dia, segundo a FAO/OMS (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). Para alcançar esse valor, por exemplo, uma pessoa com 70 kg teria que consumir aproximadamente 66 latas de Coca-Cola zero açúcar por dia (cada lata de 350 ml é composta por 42 mg de aspartame).
O comitê da OMS e da FAO sobre aditivos alimentares afirmou que não há razão para alterar esses valores, mesmo com a nova classificação do aspartame.
Pelas redes sociais não é difícil se deparar com inúmeras declarações de amor pela Coca-Cola zero açúcar. Os fãs se entusiasmam principalmente pelo fato dessa versão não ter calorias, já que é composta por um adoçante sintético chamado aspartame.
Esse substituído do açúcar, no entanto, foi adicionado á lista de substâncias “possivelmente cancerígenas” da Iarc, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer. O anúncio da entidade especializada na investigação de câncer da OMS foi feito na quinta-feira (13).
Esse fato, porém, parece não abalar os consumidores apaixonados pela bebida. Em uma postagem no Twitter, por exemplo, um rapaz diz: “Depois que o aspartame (adoçante da Coca-Cola zero) entrou na lista de potencialmente cancerígeno, a peste ficou mais gostosa”.
Zero também é a possibilidade da atendente de telefonia Nathália Silva*, 24, ficar sem beber a Coca-Cola zero na hora do almoço. A empresa em que ela trabalha disponibiliza a bebida de graça para os funcionários.
“Mesmo que não tivesse no meu trabalho, eu compraria, porque acho difícil resistir a uma Coquinha.” E completa: “É igual cigarro, que tem os avisos sobre causar câncer e as pessoas continuam fumando”.
Essa também é a decisão da arquiteta Maria Paula Oliveira Miranda, 26, que consome uma lata do refrigerante por dia. “Hoje em dia tantas coisas fazem mal, então eu vou continuar a consumir, porque eu realmente gosto da Coca zero”, relata.
Para o empresário Vinicius Anjos, 33, a escolha pela Coca-Cola zero recai na preocupação em não engordar, já que ele e a esposa chegam a consumir 4 litros do refrigerante por semana. Agora, com a possibilidade de sua bebida favorita lhe fazer mal, Vinicius é enfático: “Não posso ficar sem Coca zero”. Por outro lado, a classificação da OMS deixou a esposa e também empresária, Tatiane Anjos, 29, ressentida. “Por mim, eu tomo outras bebidas, mas meu marido vai sofrer se tiver que parar. Se deixar, ele toma até no café da manhã”, afirma.
O que classificação da OMS significa
O aspartame é um dos adoçantes artificiais mais utilizados na indústria alimentícia e tem poder adoçante 200 vezes superior à sacarose, embora tenha poucas calorias. Objeto de estudos desde sua aprovação pela FDA, a Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos, em 1974, quando foi considerado seguro, o aspartame agora é visto com parcimônia pelas entidades reguladoras e pela OMS.
O acúmulo de evidências científicas indica que esse aditivo alimentar traz efeitos deletérios à saúde. A mudança no status quanto a possibilidade de o adoçante estar ligado ao desenvolvimento de câncer foi ancorada na revisão de 1.300 pesquisas de três tipos diferentes:
- Estudos epidemiológicos sobre câncer em seres humanos expostos ao aspartame.
- Estudos experimentais sobre câncer em animais de laboratório tratados com o adoçante.
- Estudos sobre se a substância possui alguma das características reconhecidas como carcinogênicas em humanos.
Porém, entre as quatro classificações utilizadas pelo Iarc para inferir se um produto é ou não carcinogênico, o aspartame foi colocado no grupo 2B, o mais brando:
Grupo 1 – Carcinogênico para humanos: cigarro, sol, álcool e radiação;
Grupo 2A – Provavelmente cancerígeno para humanos: frituras, carne vermelha, trabalho noturno, inseticida DDT;
Grupo 2B – Possivelmente cancerígeno para humanos: aspartame, fumaça de carros, chumbo, trabalhar como cabeleireiro;
Grupo 3 – Não classificável: café, paracetamol, mercúrio e petróleo.
Segundo a entidade, isso significa que as evidências são limitadas e os experimentos disponíveis foram feitos apenas com animais. Embora as provas disponíveis não sejam capazes de estabelecer a correlação, a oncologista Maria Del Pilar Estevez Diz afirma que a classificação acende um alerta.
“O câncer tem causa multifatorial e envolve questões hereditárias, mas está ligado principalmente ao estilo de vida. Portanto, o consumo de refrigerantes e de alimentos industrializados em geral vai contra a ideia do que preconizamos como saudável”, explica a médica, que é diretora de Corpo Clínico do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).
Para Tereza Setsuko Toma, pesquisadora aposentada do Instituto de Saúde da SES-SP (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo), a OMS tem tido essa preocupação com o uso de edulcorantes devido ao uso indiscriminado deles. Para ela, somente pessoas com indicação clínica deveriam usá-los, como é o caso de pessoas com diabetes.
“Os estudos estão se avolumando e vêm demonstrando que o consumo de edulcorantes está ligado ao aumento do risco de hipertensão arterial, desenvolvimento de diabetes, eventos cardiovasculares, e, contrariando as expectativas, ao ganho de peso”, diz Toma, que é doutora em nutrição em saúde pública pela USP e foi uma das autoras de uma revisão sobre efeitos dos edulcorantes na saúde humana, elaborado no ano passado a pedido do Departamento de Promoção da Saúde do Ministério da Saúde.
Consumo seguro?
A ingestão recomendada de aspartame deve ser de no máximo 40 mg/kg de peso corporal por dia, segundo a FAO/OMS (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). Para alcançar esse valor, por exemplo, uma pessoa com 70 kg teria que consumir aproximadamente 66 latas de Coca-Cola zero açúcar por dia (cada lata de 350 ml é composta por 42 mg de aspartame).
O comitê da OMS e da FAO sobre aditivos alimentares afirmou que não há razão para alterar esses valores, mesmo com a nova classificação do aspartame.
Fonte: uol
Colunista: @chefcarlosmiranda