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Cinema

Diretora de A Mulher Rei se manifesta após filme ser esnobado no Oscar 2023: “Ficar quieta é aceitar”

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A temporada de premiações sempre eleva grandes obras do cinema contemporâneo, desde o primeiro momento, quando surgem os nomes cotados para disputar honrarias, até a chegada da lista oficial de indicados de cada – culminando geralmente no Oscar.

Uma discussão pertinente sobre a indústria é a presença de diversidade nas produções que entram na corrida por estatuetas de ouro e um crescimento absurdo de buscas online. Este é um ponto cada vez mais importante não apenas pela presença de pessoas e histórias plurais nas jornadas fílmicas, mas também em abrir os horizontes do úblico e ampliar o protagonismo de pessoas não brancas, de diferentes orientações sexuais, de lugares e culturas distintas, entre outros.

A edição de 2023 do Oscar não incluiu nenhuma mulher na lista de indicados a Melhor Direção, além de ter deixado grandes performances de terror de fora – Mia Goth que o diga. Em conjunto, na lista de esnobados e esnobadas, está Gina Prince-Bythewood, diretora de A Mulher Rei, longa que não recebeu nenhuma indicação na honraria.

Oscar 2023: A Mulher Rei, Till, Decisão de Partir e mais esnobados da edição

Em artigo do The Hollywood Reporter, a cineasta comentou o ocorrido. “Recebi tantos textos e e-mails de pessoas da indústria indignadas com as indicações ao Oscar . Claro que estou desapontada. Quem não estaria? Especialmente porque havia muito amor pelo nosso filme. E nunca podemos esquecer que já vencemos. Não só A Mulher Rei existe no mundo, mas é um sucesso no mundo”, introduz a realizadora.

Para expressar o alcance e a recepção do filme, ela pontua o A+ no Cinemascore, nota que apenas outros dois filmes atingiram em 2022 (Till e Top Gun: Maverick), bem como os 94% de aprovação no Rotten Tomatoes e os quase US$ 100 milhões de bilheteria global – fora as vendas em VOD e DVD. “Nosso filme rendeu dinheiro e claramente teve um impacto cultural, que é o que todos esperávamos”, defende.

“Mas a Academia fez uma muito forte e, para mim, ficar quieta é aceitar essa declaração. Então, concordei em falar, em nome das mulheres negras cujo trabalho foi dispensado no passado, é dispensado agora como Alice Diop, com Saint Omer, Chinonye Chukwu com Till – e para aquelas que ainda nem pisaram em um set.”

Viola Davis quebra recorde impressionante: Apenas outras 17 pessoas conseguiram tal conquista!

Para Gina, o filme não foi desprezado, mas representa o ” reflexo da posição da Academia e do abismo consistente entre a excelência negra e o reconhecimento”, ainda mais quando “atingiu todos os chamados marcadores”. A realizadora reitera que Viola Davis e Danielle Deadwyler mereciam uma indicação, e ressalta que outras premiações lembraram das atrizes, como Critics Choice Award, BAFTA e SAG Awards.

A crí da diretora se estende para o capital social, uma influência quase “monetizada” dos votantes da Academia. “Meu problema com o que aconteceu é como as pessoas na indústria usam seu capital social – exibições em suas casas, ligações pessoais, e-mails pessoais, conexões pessoais, status elevado”, destaca.

Ela acrescenta: “Esse tipo de poder é exercido de forma mais casual nos círculos sociais, onde as pessoas são seus amigos ou conhecidos. Pode haver diversidade em seus sets, mas não em suas vidas. E mulheres negras nesta indústria, não temos esse poder. Não há uma onda de pessoas privilegiadas com enorme capital social para apoiar as mulheres negras. Nunca houve.”

Por fim, ela cita o movimento Black Lives Matter e toda a repercussão após a morte de George Floyd. “Certamente, para os criativos negros agora, há uma sensação palpável de exaustão. A indústria queria fazer uma mudança em 2020 após a morte de George Floyd. E muitos de nós finalmente pensamos que o desejo era verdadeiro, que os esforços eram reais e que Hollywood queria ser melhor. E, de certa forma, eles queriam ser melhores que a América. ‘Vamos mostrar como Hollywood é progressista!’ E eles se comprometeram a mudar e lutaram pela inclusão. Mas agora – talvez porque seja difícil lutar com essa culpa por longos períodos de tempo – nós, como cineastas negros, sentimos Hollywood tirando o pé do acelerador. Sentindo: ‘Já fizemos o suficiente, terminamos.’ E isso é uma coisa difícil.”

Gina finaliza: “É difícil saber, para todo cineasta negro e definitivamente toda cineasta negra, que seu trabalho não é valorizado da mesma forma. Este é um problema americano sistêmico, e é por isso que parece tão insidioso e grande”, pontua. “Eu quero que nossa indústria seja melhor. O que significa ‘para sua consideração’ quando você não aperta o play?”


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Fonte: adorocinema

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