Um bom filme inaugural não garante uma boa continuação. Essa é uma das regras intrínsecas à indústria cinematográfica, com direito a “maldições de sequência” que podem se confirmar facilmente. Ainda assim, franquias são estabelecidas a partir de uma nova história e há um risco ainda maior quando elas são completamente diferentes do projeto original.
Não é que seja muito comum, mas é o que houve com o famoso thriller de ficção científica Sem Limites, de 2011, que anos depois se tornou uma série de e Bradley Coope, Leslie Dixon e Scott Kroopf – protagonista, roteirista e produtor do filme, respectivamente. Caso soubessem que o experimento seria tão ruim, provavelmente não o teriam feito.
Dirigido por Neil Burger e baseado no romance The Dark Fields, de Alan Glyn, a premissa de Sem Limites já chega acompanhada de algumas discussões e debates. Conta a história de Eddie Morr (Cooper), um escritor autoconsciente em meio a uma crise criativa que descobre uma droga que lhe permite explorar seu cérebro ao máximo de suas habilidades.
De mãos dadas com o NZT, Eddie não só se torna um dos melhores escritores da cidade, mas também muda como pessoa e isso o leva a se unir a um poderoso empresário chamado Carl Van Loon (Robert De Niro). Uma associação que acaba resultando em um caso perigoso enquanto o protagonista perde o controle e começa a sentir efeitos colaterais.
O projeto fez bonito nas bilheterias com orçamento de 27 milhões de dólares e uma arrecadação por volta de 160 milhões. Embora não seja uma obra-prima de ficção científica, apresenta uma premissa inteligente, com capacidade para gerar reflexões – principalmente pela maneira como destacou consequências para levar ao máximo os limites da exploração das nossas próprias capacidades.
O sucesso do longa foi importante para convencer atores e equipe a começar a trabalhar em uma sequência com o mesmo nome. Por conflitos de agenda, Neil Burger ocupou a função de produtor e Mark Webb assumiu a direção da série. Lançada em 2015, a trama começa exatamente onde o filme termina, mas para apresentar um novo personagem: um músico chamado Brian Finch (Jake McDorman) que é atingido pela conhecida droga que o torna a pessoa mais inteligente do mundo e, também, um ótimo agente do FBI.
O que deixou o público um tanto insatisfeito foi a maneira como a série foi conduzida. Em vez de explorar totalmente o potencial da droga criada neste universo em um indivíduo, e o impacto em sua vida, a série tornou-se principalmente um procedimento clássico, com a típica investigação por episódio que os espectadores já viram em tantas produções, tão falha em cativar.
Nem mesmo o retorno de Bradley Cooper poderia salvá-la do cancelamento em sua primeira temporada. Por sua vez, Neil Burger estava certo em concentrar seus esforços em Billions, que acabou sendo um sucesso no Showtime.
Fonte: adorocinema