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Ciência & Saúde

Estudo aponta consumo local como principal causa do desmatamento

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A Amazônia Legal ocupa os sete estados da Região Norte, além do Mato Grosso e do Maranhão. 23% dela já está destruída. E um estudo (1) da Faculdade de Economia da USP apontou que a maior parte das queimadas se deve ao consumo interno: a floresta é para dar lugar a pecuária e atividades agrícolas que abastecem os estados do Centro-Sul brasileiro.

Os pesquisadores analisaram a Matriz de Insumo-Produto (um sistema de informações sobre a economia da região) e constataram que 59,68% das queimadas estão relacionadas ao consumo de outras regiões do Brasil, 23,49% dão origem a exportações, e 16,83% abastecem a população da própria região amazônica. Eduardo Haddad, autor do estudo, explica os resultados.

Sempre foi assim? Historicamente, o atendia mais a demandas externas ou internas?
O comércio envolvendo a Amazônia sempre foi baseado na transformação de recursos naturais em exportados, seja para mercados internacionais ou domésticos. Mas a maior integração da região com o Centro-Sul do Brasil começou a partir da segunda metade do século passado, reforçando a transferência de recursos naturais para os estados do Sul e do Sudeste.

O que justifica essa alta interna?
A economia brasileira se tornou cada vez mais integrada. Ao mesmo tempo, a atividade econômica e a renda continuam bastante concentradas no Centro-Sul. As diferenças estruturais são consequência da presença de recursos naturais, e de políticas públicas que definiram o papel de cada região ao longo das décadas. Os resultados do estudo revelam facetas das instituições que ainda permitem o desmatamento para fins produtivos, seja por falta de fiscalização ou por lacunas na legislação.

Como os resultados do estudo podem ser usados para criar políticas públicas?
Em muitos , há políticas nacionais bem-intencionadas que geram consequências indesejadas, quando não se considera a interdependência regional da economia. Ilustramos isso com o debate sobre a reforma tributária no Brasil.

Apesar de demonstrar preocupação com as mudanças climáticas, a reforma também prevê isenção ou redução de alíquotas para produtos agropecuários, que pressionam os recursos naturais da Amazônia. Antecipar esses efeitos é importante para pensar em soluções – como melhorar o rastreamento das cadeias produtivas envolvidas no desmatamento, e utilizar parte dos fundos regionais em ações de sustentabilidade.

Fonte 1. “Economic drivers of deforestation in the Brazilian Legal Amazon”, E Haddad e outros, 2024.

Fonte: abril

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