Na busca por uma abordagem sustentável e integrada à natureza, a UPA Pediátrica da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, tem utilizado a compostagem feita por minhocas africanas para cultivar uma horta orgânica comunitária e incentivar a população a comer melhor.
Esse projeto inovador visa o aproveitamento de resíduos orgânicos da cozinha da unidade de saúde, transformando-os em adubo de alto valor biológico para as plantas. A estrutura da usina de compostagem, facilitando a manutenção.
A idealizadora do projeto, a diretora da UPA, Carla Pereira, de 33 anos, enfatiza que a meta é mostrar que é possível produzir hortas próprias, promovendo práticas ambientais contra a fome e a favor do desenvolvimento socioambiental. Ela ressalta que esse é um dos principais objetivos da gestão da unidade.
Adubagem natural
Carla explica que o equilíbrio entre materiais úmidos e secos é fundamental para garantir uma boa decomposição, mantendo insetos indesejados, como moscas, baratas e ratos, afastados, sem prejudicar o meio ambiente.
Ela ressalta a importância desse adubo e inseticida orgânicos na preservação do solo e da água, uma vez que o escoamento da água da horta segue para o mar, mais especificamente para a Baía de Guanabara, que está passando por um processo de despoluição.
Dessa forma, além de contribuir para a estabilidade ambiental, o adubo e o inseticida orgânicos garantem a fertilidade do solo e a produção de alimentos saudáveis para a população.
Horta diversificada
Na horta da UPA encontram-se diversos tipos de plantas, como temperos, algodão, feijão guandu, plantas e ervas medicinais, flores comestíveis e frutos. Esses recursos naturais são utilizados como instrumentos para promover um futuro positivo e sustentável.
Um exemplo disso foi a utilização de sementes de girassol do espaço no Dia Nacional do Diabetes, com o intuito de conscientizar os pacientes e seus familiares sobre a importância desse alimento na diminuição dos fatores de risco da doença.
Gabriel Filipe Leal, de 21 anos, funcionário administrativo da unidade de saúde e estudante de gestão ambiental, destaca que a horta deve ser um espaço não apenas para os funcionários, mas também para a comunidade em geral.
“O objetivo da horta é humanizar, ser um espaço de conforto para os colaboradores e também um espaço para integrar a comunidade à unidade de saúde. Expandir a cultura da horta e da composteira, para as pessoas fazerem em seus lares, conscientizar que dá para ter temperos em casa sem precisar comprar no mercado cheio de agrotóxicos, é ainda um dos pilares”, explicou.
Primeira colheita
A primeira colheita de hortaliças foi realizada por crianças de uma creche do Morro do Dendê, na região central da Ilha do Governador. A partir dessa experiência, elas criaram sua própria horta na escola.
Embora a colheita de frutos ocorra apenas uma vez por ano, as ervas e verduras são abundantes na horta. A participação da comunidade no programa tem gerado resultados positivos.
Regina Lúcia Sousa Soares, aposentada de 70 anos, frequenta a horta com a neta Giselly Eloá, de 12 anos, e relata com entusiasmo as vantagens desse espaço.
Ela conta que leva para casa couve, ervas e outros alimentos da horta, e destaca a satisfação de sua neta ao explorar esse local. Segundo ela, a horta é a melhor coisa que aconteceu na Ilha do Governador.
“Quando quero eu vou lá, pego tomate, toda verdura que tiver, tiro e levo para casa. A minha neta adora roça, então sempre pede para irmos, ela adora o local”, explicou a idosa.
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Farmácia Viva
O sistema adotado na horta é o agroflorestal, no qual são realizados plantios simultâneos de hortaliças, árvores frutíferas e medicinais. Essas plantas se complementam e colaboram para o desenvolvimento e a proteção umas das outras.
Além disso, as plantas aromáticas funcionam como repelentes naturais contra pragas, afastando insetos nocivos e protegendo outras plantas próximas por meio do odor que exalam.
Um dos canteiros mais visitados é o chamado ‘farmácia viva’, onde podem ser encontradas variedades como lavanda, menta, arnica, mil-folhas, capim-limão, funcho, erva-cidreira, planta da mandioca e hortelã.
A fisioterapeuta da unidade, Manuella Gatto, já substituiu medicamentos convencionais para dor de garganta pelo uso da menta proveniente dessa pequena plantação.
A implementação desse tipo de cultura, na qual as pessoas buscam alternativas aos medicamentos industrializados, é um caminho para mostrar os benefícios de se ter uma horta e como é possível cultivá-la em casa, mesmo com espaços reduzidos.
O projeto ainda disponibiliza um “berçário” com mudas de diferentes espécies para quem desejar levar para casa e plantar.
Com informações de O Dia.
Fonte: sonoticiaboa